segunda-feira, 5 de março de 2012

Curiosidades sobre os antigos CURINAS

Até os anos 60, muitos costumes da antiga Cultura deste povo ainda era preservada por eles. Rituais, crenças, costumes domésticos, caça, pesca e até a culinária mudou muito deste tempo aos dias de hoje. Vou relatar um costume engraçadado que presenciei na aldeia do cacique Rubiu: cheguei ao porto da aldeia, em meio de uma manhã de início de verão. Tempo seco, dia ensolarado e muito ventilado. Notei que algo diferente estava acontecendo, pela maneira que as india andavam, quase correndo e todas se dirigindo a uma casa em especial. Depois que comprei carne de caça ainda fresca, perguntei ao meu amigo Rubiu o que estava acontecendo. Ele então no seu portugues enrolado disse que uma mulher jovem, estava desde o início da manhã  esperando a qualquer momento ganhar seu primeiro filho. Perguntei se precisava de algo que eu tivesse a bordo, ele falou que não, estava tudo bem. Depois que eu soube de quem se tratava, [eu conhecia ela e o marido] perguntei pelo seu companheiro, e Rubiu disse que eu poderia ir aonde ele estava, concordei, até para mostrar solidariedade. Era um dos jovens guerreiros da tribo e eu já havia caçado junto com ele, seu pai e meu amigo Rubiu. Deixei os empregados tomando conta do barco e subindo o barranco, fui conduzuido a uma casas que havia ao lado da que estava a grávida.Esperava encontrar o jovem aflito, preocupado,qual não foi minha surpresa ao vê-lo deitado em uma rede tecida de cipós, bem a vontade e sorrindo. Falei com ele e notando sua calma, não me contive e perguntei a Rubiu: porque ele está deitadao tão calmo?  ele brigou com a mulher? logo agora?  Foi com seu sorriso meio sem graça, que o velho cacique me disse: ele "tá " esperando mulher ganhar menino, e vai ficar deitado por tres dias ai sem poder sair da casa. Não perguntei mais, deixei que minha curiosidade esfriasse e resolvi esperar a criança nascer para esperar o que aconteceria . Comemos macacheira cozida[sem sal] dentro de uma panela na qual se mota tipo um girau com pequenos galhos e a raiz é cozida só no vapor.UMA DELÍCIA. Levi comigo uma latinha de manteiga com sal, e saboreei uma carne de queixada assada na brasa [na qual coloquei sal nos pedaços que eu comeria.]. A carne foi assada em uma grande fogueira que ardia bem perto da casa da gestante. O tempo passou e somente ao findar da tarde a moça ganhou um menino. Eu estava presente a toda movimentação, Ví uma mulher vir trazendo a jovem para perto da fogueira,onde tinham jogado mais lenha e o calor perto era muito forte, a jovem ficou de cocoras bem perto do fogo por uns quinze ou vinte minutos e então, em companhia de mais umas oito mulheres, saiu correndo para a beira de um igarapé que passava logo atrás das casas, e sem parar , jogou-se na água gelada do riacho.  Juro como pensei que ela iria morrer em seguida. O banho demorou uma meia hora e então elas sairam direto para o roçado de mandioca, onde a mulher que pariu, tinha que arrancar e trazer em um cesto de cipós, macacheira para ela e o marido comer. Fiquei perplexo. e sem me importar se seria correto, perguntei de Rubiu o porque desta atitude. Ele então satisfeito pelo nascimento de mais um menino [CURUMIM], me explicou que o homem ficaria deitado para mostrar solidariedade ao parto da mulher, e ela tinha feito, o choque térmico, para  espantar as doenças que poderiam vir, e a colheita de mandioca era para que os Espíritos fizessem de seu filho um homem trabalhador.   Nunca esqueci.

                                                         Ecy  Monte  Conrado

 Apesar de hoje os indios terem perdido muias referências de suas tradições, vale a pena visita-los.

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