sexta-feira, 2 de março de 2012

FIGURAS ESPECIAIS III

A [O] BENZEDEIRA--- Geralmente uma Sra. de idade avançada, que era o seu maior documento na identificação de uma boa profissional, ela era a Rezadeira, pessoa que sabia curar com rezas "MISTERIOSAS", as doenças que afligiam os moradores dos seringais, sobretudo crianças.  Eram tratadas com muito respeito por todos que, acreditavam na cura de suas enfermidades. Muitas vezes [até os anos 70, era difícil um seringueiro conseguir um motorzinho, e a locomoção era feita através de canoa com remo.] um chefe  de família remava um ou mais dias para chegar a casa da boa Sra.  A Fé, esta força mística que pode mover montanhas era o maior fator da cura que sempre acontecia. Os males, eram afugentados com uma reza balbuciada [ninguém entendia uma palavra] e um pequeno galho de arbusto chamado Vassourinha ou de outro conhecido como Arruda, que eram passados em cruz em cima da área afetada pelo mal, por muitas vezes. Alguns chás de plantas medicinais faziam o tratamento após a reza da cura. Alguns homens tambem exerciam esta profissão. a eles era atribuido o poder de curar animais a distancia. Certa vez eu presenciei, a reivindicação de um seringueiro que criava uns seis bois, e um deles estava com Bicheira, [uma ferida, causada pela larva de uma mosca que deposita seu ovo no animmal, e lá ele se desenvolve criando uma ferida que pode ficar grande e prejudicar o desenvolvimento do animal.] e o pequeno fazendeiro pediu a assistencia medicinal de um Curador. Estavamos no porto da casa do mesmo, e o pasto no qual estava a res doente estava a sete horas de viagem a motor, para minha surpresa, o homem foi a sua casa, voltou para o barco com um pequeno livro velho na mão, e uma faixa em volta do pescoço da qual pendia uma medalhinha de uma Santa. Ele perguntou ao dono do animal, suas caracteristicas, cor, tamanho, idade e, de posse destas informações, ficou de cócoras na beira do rio e, lendo algo de uma página do velho livro, passava no chão um galho de Arruda, em cruz e o lançava no rio, repetindo este ato por várias vezes, até dizer que o animal estava curado, e que seu dono fosse em paz.  Uma observação: nunca se deveria perguntar quanto custava a cura, nem oferecer dinheiro como pagamento do tratamento, pois isto magoaria o Rezador, e tiraria o efeito da cura.  No mes seguinte, reencontrei o dono do boi doente e ele disse-me que a cura havia sido um sucesso.  Coisas da Amazônia...  
                                                               Ecy  Monte  Conrado  
 O Folclore de um povo, deve ser preservado tanto quanto o mundo no qual vive o povo que o criou.

Um comentário:

  1. ola,to vasculhando seu blog e to adorando,o povo do interior e um povo simples mas muito admirável e decente,as velhas lembranças sempre vem a minha mente aqui.parabens!

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