O CONTADOR DE HISTORIAS.----- Quando cheguei para trabalhar nos seringais de meu Pai, eu conhecia muito pouco ou nada do mundo que existia, fechado entre a imensidão da floresta. Além de sua rica Fauna e Flora, tinham as pessoas que povoavam este mundo, simples e humanas, que descobriam maneiras sui-generis de criar coisas, e personagens que suprissem suas necessidades fossem elas quais fossem. Depois de um ano, já mais acostumado aos costumes e procurando aprender a cada dia, seu modo de vida, descobí a figura quase Mítica do Contador de Historias. Personagem querido por todos, que ocupava um lugar de destaque no item, diversão e cultura de sua gente. Geralmente era uma pessoa muito inteligente, não muito afeita ao trabalho pesado, [Ser seringueiro, agricultor, canoeiro.] e que ganhava a vida com facilidade, simplesmente sendo convidado pelas famílias a vir passar uma semana ou mais dias, contando historias. Eram relatadas as antigas historias de contos de fadas, mescladas com anedotas bem simples ou "causos" inventados pelo mesmo, qua traziam pitadas de malícia com humor e eram as preferidas pelos de simplórios ouvintes.Conheci no Eiru um que se chamava: Zé Luis. Usava um grosso bigode, era gorducho, branco tipo bonçhão, super simpático e esperto,pois trazia consigo sempre a mulher e uma filha que tambem se beneficiavam de suas habilidades em contar historias. Era sempre convidado, e muitas vezes tinha que se desdobrar em muitos,tal era a quantida de convites simultaneos existentes. Chegava na casa , trazendo sua bagagem, e família. Se a casa fosse grande, ocupava na sala um lugar para atar seus mosqueteiros na hora de dormir, e o dia, passava andando pelo quintal ou se refugiando na casa de farinha onde sempre tirava boas sonecas. Sua mulher e filha, ajudavam [um pouco] nas labutas da casa e isto era o bastante pois o importante mesmo eram as noitadas, quando todos se asentavam no assoalho de Paxiuba, em volta do importante narrdor e ele começava a desfiar um monte de historias e piadas. As risadas eram altas e espontâneas, eram pessoas simples e ingênuas, sem nenhuma opção de diversão, que não só escutavam, bebiam as palavras, memorizavam os gestos, a mímica do interlocutor que conseguia quase hipinotizar a platéia. Era antes de tudo um artista eclético,um mago, das palavras, que enriquecidas pelo seu gestual, ganhavam força e vida na mente dos presentes. Um dia assisti a perfórmance do Historiador, me impressionei pela maneira dinâmica em que desenvolvia sua historia, e me prendi atento aos olhos estáticos dos presentes que não perdiam, o menor gesto que fizesse, que chegavam a chorar se fosse um caso triste o narrado, e que minutos depois estavam as gargalhadas, se agora fosse uma anedota. Fingiam saber falar Ingles e me diverti muito, quando um dia ví Zé Luis emitir sons guturais e inteligiveis dizendo para um seringueiro que estava falando uma historia em ingles. O homem, como não poderia ser diferente não entendeu nada, mas, Zé Luis, ganhou tres grandes melancias. Fiquei imaginando, qual teria sido o futuro deste homem se tivesse nascido, em um lugar desenvolvido, tivesse tido oportunidade de ESTUDAR, de se formar em uma boa faculdade. A cada visita ele ganhava animais, e mercadorias que lhe abasteciam para um mes. Como sempre estava sendo solicitado, ele as vezes vendia na Cidade os animais que ganhava e com o dinheiro comprava roupas, remédios, calçados e sempre, uma garrafinha de Pinga, pois ninguem é de ferro. Entre aspessoas humildes da cidadezinha, tambem era conceituado e sempre convidado a contar suas historias.
Ecy Monte Conrado
A Amazõnia é um mundo que ainda esconde muitas coisa a serem descobertas. Visite-nos!
Suas historias me levam a vagas lembranças da minha infância no interior,parabéns pelo blog!
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