segunda-feira, 26 de março de 2012

Alimentação dos antigos Curinas.

Quando conheci a tribo Curina, seus costumes ainda guardavam muito de sua tradição. Seus rituais, suas crenças, e seu modo de viver que tinha uma maneira própria de agir até mesmo com a alimentação.   Ao invés de serem alcoolatras, eles consumiam a Caiçuma, uma bebida fermentada feita de Mandioca e de uma maneira onde a Higiene era a última coisa a ser exigida, posto que para fazê-la, as índias punham na boca pedaços de macacheira e depois de mastiga-los por um tempo, os cuspiam dentro de uma vasilha, para  acrescentar água, e este processo é que causava a fermentação. A bebida ficava em dormencia por dois dias e só então era consumida nas festas da tribo. Tinha um teor alcólico baixo, mas era o suficiente para animar.  Eles bebiam cachaça, mas no nosso seringal, quase não tinha, porque não levávamos, e somente quando seringueiros vinham a cidade levavam um pouco e dificilmente queriam dividir com indios. A comida, era na maioria assada nas brasas, e eles cozinhavam macacheira em panelas comuns, mas faziam nelas,com gravetos verdes uma espécie de Trempe[Girau] onde colocavam os pedaços[ uns cinco centimetros acima do nível da água,] e então era cozida no vapor, sem uma grama de sal.  Mesmo assim, com um pouquinho de manteiga Aviação, era uma delícia.  Quando o inverno se anunciava e as primeiras chuvas chegavam, se criava uma super população de um tipo de Rãs na floresta, e muitas vezes vi, quase a tribo inteira sair para a mata com paneiros de malha bem pequena, e capturar dezenas destes animais, que eram consumidos as vezes quase vivos, pois os jogavam dentro de uma vasilha grande com água fervendo e logo os retiravam, só então, eram abertos e as víceras extraidas. A captura em sí já era motivo de festas, pois era engraçado ver os tombos e piruetas que tinhm que fazer para ter exito.Devo confessar que eu tinha dificuldades em ver estas degustações.  Muitas vezes, dava para ouvir as Rãs pulando dentro da panela.    Vi tambem eles partirem um jacaré em postas [sem retirar o couro] e pegando os pedaços, os encostarem em uma labareda de uma fogueira, e comer. Certa vez, vi um índia idosa agarrada na pata de um Jacaré Tinga que ela encostava na fogueira e quando mordia, os dedos do animal se contraiam. Foi uma luta para a velha senhora conseguir mastigar e engolir aquele naco de carne crua. Popunha, esta fruta deliciosa da nossa região, eles jamais colocam sal no seu cozimento, mas sabem como ninguém quais as que são  boas. Sem fiapo, macias e oleosas.  Consomem tambem muitas outras frutas da selva e conhecem a localização de cada árvore quando produzindo. Muitas vezes o cheiro despreendido pelas mesmas é que os guiam. Assam peixe com muita habilidade, mas não os "tratam", e apesar de todas as espinhas, é com naturalidade que as crianças comem com farinha seca.  Hoje os costumes já são outros, na verdade eu os preferia assim como eram; autenticos, sem vícios dos "brancos", e com uma Cultura a cultuar. Rinam Ripanam...[vamos comer!]
                                                             Ecy  Monte  Conrado

  Cada ação desenvolvida em pról da preservação da Natureza, não é mais que um pequeno tributo que devemos a nós mesmos.

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