sábado, 31 de março de 2012

Curiosidades da Selva.

Quando o verão é forte, nos meses mais secos, ao caminhar pela floresta a noite, parece que estamos pisando em Estrelas. São folhas em decomposição, que ficam cobertas por Fósforos, e brilham no escuro, ficam Fluorescentes, oferecendo aos nossos olhos um efeito especial muito bonito.
                                                 
Você sabia que os Indios fazem seus arcos, de uma pequena palmeira chamada Ubim?  todos pensam que usam outras madeiras que são usadas pelos pescadores brancos. esta palmeira ofereçe um arco leve e muito resistente.
                                                                                                                                                       Tambem no verão forte, quando as raizes das árvores ficam expostas sem a camada protetora de folhas molhadas e macias,o solado dos pés de alguns seringueiros ficava tão grosso que rachava e os impedia de andar.  
                                                                                                                                                     
Quando uma pessoa cria um Jacamim, e tiver em seu quintal, algumas Galinhas, deve obeservar que,quando a Galinha estiver com Pintinhos pequenos, o Jacamim, se for fêmea, tomará os pintos e cuidará deles tão bem quanto a Galinha. O único incoveniente é que, na hora de dormir ele os abandona, pois só dorme bem alto alojado em árvores frondosas.  Se for um macho, ele não toma os pintos, mas de tudo que conseguir de comida irá dividir com as pequeninas aves. É um animal valente e não perde uma briga nem para um Galo nem tampouco para um Pato.
Por  conta deste comportamento, nos seringais, se costuma chamar as pessoas que criam filhos de seus parceiros de JACAMINS. 
                
Existe uma planta chamada OACA, quando os igarapés estão secos [com pouca água], os ribeirinhos coletam uma quantidade expressiva destas folhas, e fazem um buraco no chão, onde a terra for bem dura, e colocando-as dentro, acrescentam farinha de mandioca e amassam, socam esta mistura criando uma pasta, que será colocada dentro de uma lagarta grande [virada pelo lado do avesso], então ela é cortada em rodelas, que são atiradas n'água, em locais de remanso e logo surgirão peixes, principalmente Piaus, completamente aturdidos, e embriagados, que são facilmente capturados pelos pescadores. O efeito da droga é curta e em questão de dez minutos, acaba.
                                                          Ecy Monte Conrado 

                                 Descubra  mistérios da  Amazônia, VISITE-NOS!!!

quinta-feira, 29 de março de 2012

O entardecer em dia de chuva, na minha casa,



Tenho em meu quintal, uma árvore de Cedro Rosa,[estes galhos que aparecem na foto.] espécime já raro nos dias de hoje, ele serve de pouso para vários pássaros que ficam de lá observando ao redor. estas duas aves que aparecem aí,são da espécie de nossa Curica Ket, e elas vem para "bater um papo" vez por outra. Sempre que se vê nuvens de chuva e, quando a chuva cai, a Ket, começa a conversar, misturando palavras que aprendeu, sem ter uma ordem nas pronuncias. São ditas altas e rápidas, pois ela fica feliz e raras são as chuvas que ela não aproveita para tomar um banho, sempre bem sonoro.  Achei bonito este perfil, esta silhueta que se destacava contra o cinza do quase anoitecer e registrei. Sempre colocamos pedaços de banana, pão embebido em leite, mas elas não comem; já anossa civilizada Ket, gosta muito de pão molhado em café com leite.  As vezes Ket vai até elas, mas, quando começa a dizer palavras humanas elas a olham assustadas e saem voando aos gritos caracteristicos de sua raça.. 
                                                          Ecy  Monte  Conrado
 Os animais, tem uma percepção muito apurada de quem está perto deles.Ficamos orgulhosos em vê-los como açeitam a minha esposa e eu. Colocamos sempre bananas em nossa varanda e os Sanha-Açu ficam disputando o direito de ver quem come mais. Ficamos bem perto olhando e eles não fogem. Os pequeninos que comem sementes de capim, tambem aceitam nossa aproximação razoavel.  Somos felizes por isso.

As crianças na aldeia, KULINA [Curina].

Não sei se hoje em dia mudou a maneira que os adultos indios tratam as suas crianças. No tempo que convivi com eles, era um relacionamento de ampla liberdade para os pequenos, que faziam o que queriam, sem reprimendas por parte de ninguém.  Muitas vezes, eu via preocupado um indiozinho com uma  faca cortando um pedaço de pau, ou brincando com outros utensílios que podiam feri-los, e bem perto, estavam adultos que simplesmente olhavam e não faziam nada.  Aquele cuidado, as vezes até exagerado dos "brancos", melhor dizer ; dos não indios, não existia entre eles. Nunca vi um homem ou mulher, bater em uma criança na aldeia.  Na verdade, existiam regras entre eles,mas eram assimiladas e executadas de  maneira tão sutil que fugia a nossa percepção de "civilizados".  Brincavam como todas as crianças do mundo brincam. Corriam,gritavam, choravam, nadavam [aprendem muito cedo a nadar, pois é uma necessidade de sobrevivencia na selva] tinham suas flecahs e arcos pequenos e exercitavam  caçando passarinhos, calangos e outros animais pequenos. Os indios tem [tinham] uma maneira muito especial de viver, e as coisas mais simples, eram motivo de alegria e diversão para a tribo toda. Eles costumavam pescar Puraqués, os peixes elétricos da Amazônia, mas sempre que conseguiam capturar um deles, faziam o possivel para chegar com ele vivo na aldeia, e então colocavam-no bem no centro do grande pátio, e o cobriam com caroços de farinha de mandioca, traziam galinhas, e as soltavam perto do peixe e, quando as esfomeadas aves bicavam o seu corpo revestido de grãos, levavam choques e pulavam apavoradas. Creiam; isto divertia a tribo inteira que comparecia para ver o espetáculo. O Poraqué, é um peixe que tem um sistema de respiração especial e pode permanecer vivo fora d'água por muitas horas. Os indios tem facilidade de domesticar animais selvagem, e é comum vê-los quando vem de caçadas, sendo seguidos por filhotes cujas mães foram abatidas. Os pequenos animais vem soltos e os seguem, como se isto sempre tivesse sido assim.

                                                                Ecy  Monte  Conrado


         A Cultura de cada povo merece ser estudada e respeitada. Cada uma tem seu trajeto de conduta que valoriza seu povo, embora sejam muitas vezes diferentes do que achamos certo, no nosso conceito.

quarta-feira, 28 de março de 2012

A beleza da Liberdade.


Já postei este desenho antes, mas um fato ocorrido hoje aqui no quintal de minha casa, me fez trazê-lo de volta para ilustrar o que vou contar.  Saí com minha mulher para fazer umas compras, eram dez horas da manhã, e o sol [apesar deste periodo de chuvas], estava brilhando. Demoramos cerca de uma hora, e quando chegamos fomos olhar algo que se debatia embaixo de uma Ingazeira próximo a casa.  Era um pequeno Curió, que lutava para se livrar do ataque de centenas de formigas Vermelhas, uma espécie muito agressiva e carnívora que hoje em dia infesta a cidade de Eirunepé, e que a população chama: Formigas do Envira, por ter sido de lá que elas vieram nas canoas transportadoras de mercadorias. Com um graveto, mexi com o passarinho e logo depois, mesmo sendo ferroado por várias formigas, junto com minha mulher consegui livrar o agonizante animalzinho. Então descobrimos que sua pele fininha havia sido arrancada na parte do peito logo abaixo da asa, e no esforço que fez para se livrar de um galho coberto por "Visgo", uma cola doméstica que é feita de resina e cola industrial. São armadilhas que colocam aonde, estão os animaizinhos e então os espantam para que algum pouse no galho melado e fique preso. Com o esforço para se libertar, acontece casos como este de ficar no galho um bom pedaço de pele com penas do bichinho, e então as vorazes formigas atacam e em pouco tempo matam a vítima e a devoram. Tambem usam gaiolas com passarinhos dentro que , são colocados perto do bando como isca. Na sua grade tem o "visgo" e quando um passarinho ouve o canto do que está preso, acha que é um desafio de outro por território, e se aproxima para brigar, então fica preso e o dono da gaiola de imediato corre para captura-lo. A ação criminosa deste ato, é vista por muitos com uma total indiferença, e isto serve de amparo a continuidade isenta de qualquer punição por parte das autoridades .Vejo quando bem cedo nas manhãs, os Curiós, Sabias, Sanha açu e Bem-te-vis, cantam e alimentam os filhotes.  A Natureza se quieda muda para ouvi-los, e a harmonia de suas sonoridades, cria um clima de paz no espirito das pessoas de bem.  O passarinho que resgatamos das formigas, não sobreviveu. Tinha sido atacado por muitas.  Sua ferroada doi muito, tem um poder muito forte de toxina e ele não resistiu mais que uma hora. Então, em sua homenagem. estou retornando este quadro, para mostrar que o belo ainda tem admiradores. Muitos são os caçadores de passarinhos que não gostam de mim porque eu não permito que coloquem suas armadilhas em minha cerca. Em meu quintal, tem um trecho que conservo o capim alto, pois produz um tipo de semente diminuta, que eles comem.Formam-se bandos imensos, que pelo menos aqui dentro, estão seguros e em paz. No meu desenho, o cuidado de pais com seus filhotes.

                                                        Ecy  Monte   Conrado 

   Se cada ser humano, parasse um pouco para ver um passarinho voando, construindo um ninho, e ouvisse com atenção o seu canto livre, não existiriam gailoas, nem armadilhas fatais para eles.

terça-feira, 27 de março de 2012

Mais assunto sobre os Curinas, {KULINAS???}

  Falar destes amigos é sempre gratificante.Passei bons momentos na aldeia que existia no Eiru, caçava com eles,pescava, aprendi muito sobre a floresta e seus mistérios. Certa feita estavamos em oito, pescando Matrinchãs no igarapé do Paxiuba, quando a gripe que me castigava provocou uma tremenda dor de cabeça. O nosso barco estava ha mais de quatro horas de caminhada na selva, e eu já havia matado dois porcos e alguns macacos, e eles tambem tinham abatido dois porcos, era impossivel apressar a marcha, eu estava com problemas. Rubiu, o velho cacique, meu amigo sincero, olhou-me e perguntou: Nerrecutui? Tiá Cumatanim?  [Que vc. tem? está doente?] falei da tremenda dor de cabeça e ele disse: Nizá! [espere], saiu para fora da trilha e logo voltou com umas folhas que esmagva nas mãos. Em um  pequeno igarapé, colocou um pouco,de água formando uma pasta e, passou na minha testa, e na nuca.  Nunca ví tão rápido efeito em um medicamento. Como em um passe de mágica, em mais uns quinze minutos eu parecia nunca haver sentido dor na cabeça.  Os indios fazem uso de uma bebida de efeito alucinógeno, que os seringueiros chamam Cipó.   É uma bebida amarela, de gosto amargo e ruim, feito da mistura de determinada folha com um cipó. Os seringueiros consumiam e diziam que tudo que você imaginasse antes de tomar, veria. Falavam que viam grandes cidades e outras coisas.Com o progresso,o avanço da civilização, e a densidade demográfica em expansão, os indios foram aos poucos se integrando na "civilização", e seus costumes conhecidos por pessoas que vinham em visita.  Assim foi que um grupo de artistas descobriu a bebida e sabendo de seu potencial, que se assemelhava ao efeito de uma droga comum, pensaram em usar em grande escala e, surgiram entidades e organizações,apregoando e lutando por uma legalizaçao para seu uso, usando como motivo, o fato de ser de uma cultura indígena.  Muitas coisas aconteceram e esta bebida, tinha na sua essencia, na sua origem, um significado muito maior que simplesmente ser transformada em fonte de dinheiro.  Era algo mais elevado, eram os deuses da Floresta que tinham deixadao aos homens como um passaporte para uma forma mais evoluida de pensar, então um seringueiro, um simples seringueiro desponta como um mensageiro superior e cria um culto de apologia ao Bem, a Paz e ao Amor. Surgia a nova religião, depois foi avaliado, cultuado e hoje, é tratada como uma religião séria, que  usa em este chá, feito de uma maneira responsável e higiênica, proporcionando a seus seguidores, não um transe de droga, mas sim um caminho para encontrar o próprio ego, trazendo um conhecimento interior que faz com que a pessoa evolua espiritualmente; é a religião denominada União do Vegetal.  Os efeito quimicos da bebida são usados para permitir um relaxamento e auto análise de seus discípulos. Não sei muito sobre eles, mas acho que esta realmente é a função mais nobre que já vi,para o uso da bebida.

                                                           Ecy  Monte  Conrado 

O mundo que nos cerca, a Floresta, os Animais terrestres e Peixes, são parte de um patrimonio do qual todos somos donos e responsáveis.Vamos preservar, vamos zelar para que nossos filhos e netos, possam passar a seus filhos este presente maior.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Alimentação dos antigos Curinas.

Quando conheci a tribo Curina, seus costumes ainda guardavam muito de sua tradição. Seus rituais, suas crenças, e seu modo de viver que tinha uma maneira própria de agir até mesmo com a alimentação.   Ao invés de serem alcoolatras, eles consumiam a Caiçuma, uma bebida fermentada feita de Mandioca e de uma maneira onde a Higiene era a última coisa a ser exigida, posto que para fazê-la, as índias punham na boca pedaços de macacheira e depois de mastiga-los por um tempo, os cuspiam dentro de uma vasilha, para  acrescentar água, e este processo é que causava a fermentação. A bebida ficava em dormencia por dois dias e só então era consumida nas festas da tribo. Tinha um teor alcólico baixo, mas era o suficiente para animar.  Eles bebiam cachaça, mas no nosso seringal, quase não tinha, porque não levávamos, e somente quando seringueiros vinham a cidade levavam um pouco e dificilmente queriam dividir com indios. A comida, era na maioria assada nas brasas, e eles cozinhavam macacheira em panelas comuns, mas faziam nelas,com gravetos verdes uma espécie de Trempe[Girau] onde colocavam os pedaços[ uns cinco centimetros acima do nível da água,] e então era cozida no vapor, sem uma grama de sal.  Mesmo assim, com um pouquinho de manteiga Aviação, era uma delícia.  Quando o inverno se anunciava e as primeiras chuvas chegavam, se criava uma super população de um tipo de Rãs na floresta, e muitas vezes vi, quase a tribo inteira sair para a mata com paneiros de malha bem pequena, e capturar dezenas destes animais, que eram consumidos as vezes quase vivos, pois os jogavam dentro de uma vasilha grande com água fervendo e logo os retiravam, só então, eram abertos e as víceras extraidas. A captura em sí já era motivo de festas, pois era engraçado ver os tombos e piruetas que tinhm que fazer para ter exito.Devo confessar que eu tinha dificuldades em ver estas degustações.  Muitas vezes, dava para ouvir as Rãs pulando dentro da panela.    Vi tambem eles partirem um jacaré em postas [sem retirar o couro] e pegando os pedaços, os encostarem em uma labareda de uma fogueira, e comer. Certa vez, vi um índia idosa agarrada na pata de um Jacaré Tinga que ela encostava na fogueira e quando mordia, os dedos do animal se contraiam. Foi uma luta para a velha senhora conseguir mastigar e engolir aquele naco de carne crua. Popunha, esta fruta deliciosa da nossa região, eles jamais colocam sal no seu cozimento, mas sabem como ninguém quais as que são  boas. Sem fiapo, macias e oleosas.  Consomem tambem muitas outras frutas da selva e conhecem a localização de cada árvore quando produzindo. Muitas vezes o cheiro despreendido pelas mesmas é que os guiam. Assam peixe com muita habilidade, mas não os "tratam", e apesar de todas as espinhas, é com naturalidade que as crianças comem com farinha seca.  Hoje os costumes já são outros, na verdade eu os preferia assim como eram; autenticos, sem vícios dos "brancos", e com uma Cultura a cultuar. Rinam Ripanam...[vamos comer!]
                                                             Ecy  Monte  Conrado

  Cada ação desenvolvida em pról da preservação da Natureza, não é mais que um pequeno tributo que devemos a nós mesmos.

sábado, 24 de março de 2012

Agrande Onça prenhe II


Na continuidade de meu relato, devo dizer que ouví os miados e ruídos para dentro do ôco e, meu compadre insistia em pedir nossa rápida retirada, até porque, a Onça agora com filhotes, estaria muito mais agressiva e valente. Isto teria sido o sensato a fazer, mas, era algo diferente, e apesar da minha inexperiencia em caçadas, eu sentia que aquela Onça não  ofereceria perigo, eu acreditava que ela, sabia qua não éramos inimigos, e pedi para aproximar a canoa e muito lentamente arisquei uma olhada, para dentro do tronco, por uma parte que havia sido arrancada da velha árvore, e bem devagar olhei para dentro. Esta cena que aqui está retratada, este olhar, profundo, de entendimento foi meu presente nesta viagem. Sei que os felinos tem o hábito de olhar assim por cima do dorso, mas era a expressão, era o momento mágico para mim, pelo menos, que me fez feliz e nunca esquecer, este dia. Ela não fez um ruido sequer. Simplesmente me deu este olhar e voltou a lamber um dos filhotes como quem diz pronto: já teve seu momento de glória, agora desapareça, deixe-me em paz. Foi o que fiz, mas aquele encontro está até hoje indelével em minha memória de caboclo. Hoje já não sou mais um predador, troquei a mira do rifle, pela lente de uma Câmera, ou usar minha capacidade de memorizar e transferir para o papel com uma pena de Nankin na mão, os animais e as cenas que vejo.. Animais sejam eles, selvagens ou domésticos, tem poses características, e com uma apurada observação, podemos capturar um momento, para fixar no desenho.  Espero que tenham gostado, e se,  entre os participantes de meu Blog, estiver algum Biólogo,entre em contato comigo, ajude-me a entender este fato, esta situação que desde o início até o curto fim, foi e continua sendo um mistério sem explicação para mim.

                                                           Ecy  Monte  Conrado 


     Podemos amar e acreditar em  coisas que não entendemos. São momentos que superam a lógica e nos deixam uma oportunidade de pensar na Criação, e na existência de um ser superior que cahmamos:DEUS.

sexta-feira, 23 de março de 2012

A historia da Onça prenhe. l


Esta historia poderá até parecer fantasiosa, ou mesmo impossivel de acreditar, em se tratando do animal mais feroz, e  top de linha dos predadores das Américas, mas aconteceu.  Era o ano de 1968, estavamos no mes de Maio, o rio Eiru ainda permitia viagens para o alto em canoas de duas toneladas, até um certo ponto. Tinhamos ido, meu irmão, cinco trabalhadores nossos, para a casa de um seringueiro chamado Antonio Bastos, homem trabalhador que residia na foz de um grande Igarapé no alto Eiru chamado Ciparu. Morava com a esposa e os filhos nesta colocação, e só no inverno levava a borracha em balsas para o barracão. Este ano nos pediu que levassemos nossos trabalhadores para ajudar a desfazer dois grandes roçados de mandioca que corriam o risco de estragar caso não fosse feito de imediato a farinha.  Fizemos a "quinzena" nossa viagem de atendimento regular e nos aprontamos para subir o rio para ajudar o nosso bom seringueiro, inclusive comprando dele o excedente de seu consumo. Gastamos quatro dias subindo o rio com tres canoas. Lá chegando, me encantei com a grande quantidade de animais que se encontrava a cada instante. era bem no alto deste lindo rio, e ele era o último seringueiro, poia apesar de ter muitas seringueiras, era muito difícil  chegar ao Barracão e depois retornar.  Jovem, inquieto e atirando muito bem ,no outro dia cedo, em companhia de meu amigo e compadre Antonio,pedi para ir caçar e saimos de canoa para ir a um Barreiro que ficava a uma hora de viagem, usando remos, para não afugentar as caças. Jacus, Mutuns, e outras caças pequenas atravessavam frente a nossa canoa e eu era dessistimulado de atirar pelo experiente e velho caçador. Conosco ia um filho seu de dez anos, para ajudar com os remos. Andamos mais oa menos uma hora quando em uma volta do rio, descobrimos bem na nossa frente, em uma ponta de barranco, bem em frente a um grande troco ôco, uma bela e enorme Onça Pintada. Ela estava com uma barriga enorme, e mal nos olhou quando a canoa, parou a quatro metros dela. Medo foi nossa reação imediata, Meu compadre colocou um cartucho em sua espingarda e tentou apontar mas, pasmem : eu, predador, jovem, e inexperiente, tendo a possibilidade de matar uma Onça, troféu cobiçado por todos os caboclos, coisa rara mesmo nestes lugares pois ela é um animal esquivo, por impulso, nem atirei, nem deixei que meu amigo atirasse. Foi uma espécie de hipnose.  Ela não se mexia, estava estática fitando o rio, e somente mudava a posição das pernas sem nos dar atenção. Meu compadre susurrando, pedia que saíssemos, mas algo me retinha, e até hoje não sei explicar. Ficamos parados por mais de quarenta minutos.Meu parceiro de caça, me olhava como se eu fosse um extra-terrestre, ou um maluco mesmo, e eu sei que só ficava quieto por eu ser seu patrão, mas ficamos lá, até que ela nos olhou, deu uma volta sobre si mesma e entrou no grande ôco de Cumaru.  Minutos depois, ouvi gemidos, e logo um rosnar baixinho, e fracos miados parecidos com o que os gatos domésticos produzem quando novinhos.  Aguardem a segunda parte desta postagem  amanhã. 


                                                               Ecy  Monte  Conrado

                                   Viver, é a melhor maneira de aprender. Use bem seu apredizado.

terça-feira, 20 de março de 2012

A lenda do Bate-Bate

Quando cheguei para trabalhar no seringal, era um moço idealista, da Esquerda, e a Cultura que encontrei entre os seringueiros, falava de monstros mitológicos, Espíritos das Selvas, e outras entidades que eram invisíveis, mas que tinham uma atuação bem destacada no imaginário do povo.  Assim ouvi falar sobre o Bate-Bate, um espírito que batia nos igarapés, geralmente a noite, mas que bem podia aparecer de dia, e ao invés de ser um ser material, era apenas um ruido como se fosse um gemido de dor seguido de uma forte pancada, que parecia o estalar de um chicote.  Contavam que, se ouvisse este barulho no igarapé e, você chama-se: Bate-Bate, venha bater aqui, logo bem perto seria ouvido o estalo, e se insistisse pedindo novamente que viesse bater, você seria atingido por uma grande pancada  que poderia até matar uma pessoa.  Ninguem que duvidasse destes relatos, pois, no alto Eiru em um igarapé de nome Paxiuba, morava um nordestino brabo [valente] e que um dia ouviu perto de sua casa lá prás bandas do igarapé, o ruido de um Bate-Bate. Contam que, para mostrar valentia, desafiou o estranho ser a vir  bater perto dele, e logo se ouviu uma pancada no porto da casa, seus filhos e mulher ficaram com medo e pediram que ele deixasse para lá o tal espiríto, mas ele não era homem de correr de uma briga e foi dentro da casa apanhou sua espingarda nova, colocou um cartucho e sentou na beira da paxiuba e tornou a desafiar. Logo ao seu lado se ouviu um estranho gemido e uma pancada tão forte que o seringueiro caiu morto.  Contam este caso jurando por tudo como foi verdade. Dr. Roy Dearmore, um médico americano que prestou serviços de medicina em Eirunepé,[trabalhava para uma ONG chamada ASAS DO SOCORRO] tornou-se um grande amigo e chegou a ir com sua família passar vinte dias em uma casa que eu tinha no seringal Sta. Maria onde tinhamos uma fazenda de gado, e lá, ouvindo este relato com descrição  minuciosa,  que tinha acontecidoha poucos meses, ele acreditou que o seringueiro possa ter sido vitimado por um ataque fulminante de coração e por conta deste fato, uma morte súbita. O certo é que depois pesquisando nos igarapés [passamos duas semanas] eu descobri que, o que provocava os estalos era a cauda de um tipo de jacaré que só existe nos igarapés. Tem semelhança com o Tinga, e seria uma réplica fiel em menor escala, não fosse duas saliencias que tem sobre os olhos. Ele usa a cauda para bater na água e atordoar pequenos peixes que ficam fáceis de serem capturados.  Falei de minha descoberta...em vão. Ninguém acreditou em minha estoria e assim até hoje nas sombras das noites, nos igarapés centrais se pode ouvir um gemido e a pancada do Bate-Bate.

                                                   Ecy   Monte   Conrado 

                          Lendas, mitos, "causos", fazem parte da Cultura de um povo.

domingo, 18 de março de 2012

Os atentos Veados.


Dentre os animais da Amazônia, os veados estão entre os mais belos e mais ariscos.  Por sua carne clara e bem saborosa, estes animais são alvo de perigp constatantes quer pro parte dos humanos quanto das Onças que nunca desperdiçam uma chance de ataca-los.  Temos duas espécies bem distintas: um grande de coloração marrom alaranjado, cujos machos possuem chifres, conhecido como: Veado Capoeira, e um bem menor, de cor cinza escuro no dorso e vai clarendo ao se aproximar da barriga, quase sempre sem chifres, que chamamos; Veado Roxo.  É bom esclarecer que os seringueiros rotulam de "roxo" quase todas as cores que não sabem definir.  De carne tambem muito saborosa, este Veado é protegido de alguns caçadores pelo fato de ser considerado "Reimoso", ou seja sua carne é perigosa para ser consumida por quem tem qualquer problema de saúde seja ele qual for. Tem a metade do tamanho do Capoeira, e posso assegurar que é ainda mais arredio que seu primo.  Uma coisa que todos que moram e andam nas matas podem afirmar é que: sempre que você consegue ver um veado, ele já está olhando para você ha bom tempo.  Nos tempos antigos, ha anos passados eu tambem era um caçador, embora sem muito destaque, pois nunca caçei para vender carne. foi em uma destas excursões na selva, caçando com um amigo meu Aguiarzinho, ,cacique de uma tribo Curina do rio Tarauacá,que tinha vindo com sua tribo passar um mes na tribo do Eiru., que passei a admirar mais, estes belos animais.  Na selva, sempre nas margens de corregos ou igarapés Grandes, existem locais onde os animais de quase todas as espécies vem comer o barro, ou chupar a lama que se forma alí. São locais grandes que se tornam poços de lama, Lugares onde sempre estão os predadores a espreita de vítimas que mesmo sabendo do perigo, são impelidos pela necessidade fisiológica a buscar este complemento alimentar que creio eu, ser cheio de nutrientes. É uma lama escura, não tem mal cheiro, e tem gosto de sal.  alí os mais variados tipos de animal vem comer; Arara, Papagaios, Jacus, Pombos Selvagem,  [aqui conhecidos comoGalegas ou Juritis grandes] macacos Guariba, Quandús, [parente do porco espinho} e os mamíferos maiores tais como :Antas, Veados, Queixadas, Porquinhos e outros. Local propircio a caça, Onças sobem nos galhos bem acima das trilhas de chegada, e de lá se projetam no lombo de animais que dificilmente escapam do ataque. Lá tambem se postam os humanos. Geralmente a maior quantidade de animais chegam na calada da noite, e então ainda cedo do dia, os caçadores chegam e sobem nas árvores onde montam um pequeno girau com galhos, ou atam uma rede pequena, onde passam a noite  a espera dos frequentadores do Barreiro, como é conhecido este local. Antes de subir para os galhos , o caçador precisa esfregar folhas no corpo para não deixar uma trilha de cheiro, que seria identificada e afugentaria os animais.Leva com ele, uma lata vazia geralmente onde tinha leite em pó, e com ela, faz um depósito para urinar ou cuspir, pois não pode deixar estes resíduos chegar ao chão, e então, é ter calma, paciencia, cuidado para não cair da tocaia e atirar no momento certo, com a ajuda de uma boa lanterna. Lá em cima, nas noites de verão, frias, sem chuva de um céu bonito e ornado por milhões de estrelas, chegam uns minúsculos insetos chamados Catuquins, que adentram os cabelos des pessoas e causam uma tremenda coceira, quase insuportável. O cheiro de fumo de tabaco, pode afugenta-los mas, naquela situação nem se pode lembrar que tabaco existe, e então é ter muita paciencia e envolver a cabeça em uma touca improvisada com qualquer pano.  No dia desta caçada que mencionei no princípio de minha narrativa, eu estava acomodado em uma tocaia destas, quando o parceiro que estava próximo fez um sinal mostrando algo. Era o fim da tarde, mas se podia ver bem, e quando olhei para o local indicado, ví um enorme Veado Capoeira que se aproximava  do local. Gostaria de ter tido naquela ocasião uma filmadora para registrar  a cautela, o extremo cuidado que aquele animal tinha para se locomover. Pé ante pé, mas de uma maneira que você nem percebia que ele se movia,apenas suas orelhas eram como se fossem telas de radares, buscando em movimentos, qualquer sinal de perigo. Aquilo me hipinotizou, pela beleza plástica da cena, e não mexi um dedo para interromper aquele ritual. Eu já havia visto Porcos, Antas, chegaraem aos Barreiros e eles simplesmente vinham e logo pulavam dentro do buraco e começavam a sugar lama e fazer barulho quando levantavam a pata de dentro da lama. Fiz sinal aos índios que não atirassem e para não permitir a tentação de predadores, fiz um disparo a toa para cima permitindo ao grande Veado uma fuga cinematográfica.  Aos índios expliquei que tinha cido acidental, mas o velho e experiente Cacique, horas depois disse a mim: você mandou ele embora.  Tucurimé, o Deus maior, estava com você.


                                                            Ecy  Monte  Conrado
           Só se defende bem, o que amamos e conhecemos. Visite-nos, proteja a Amazônia.

sábado, 17 de março de 2012

Minha opinião sobre preservação.

Muito se fala em preservação nos dias de hoje, e principalmente da Amazõnia que parece ser a menina dos olhos do mundo dito super civilizado.  Demarcações de terras para reservas indígenas, traçadas dentro de gabinetes com ar- condicionado, e por pessoas que nem sequer sabem o que é uma aldeia. Quase sempre em terras onde estão instalados trabalhadores produzindo, organizados, seringueiros em minha região, agricultores bem mais acima no extremo norte do Brasil, enquanto áreas imensas, criam bolsões desocupados e que bem poderiam ser entregues aos nossos índios dando a eles, o que de direito: terras nativas sem a presença dos brancos.  Vejo que agora os índios tem dinheiro, e facildades de comprar motores etc. mas não vejo ninguem interessado em cultivar seus costumes, ensinar aos jovens o valor de serem eles mesmos, de falar de suas tradições e costumes, nada.É como se o que se dá a eles, bens manufaturados, suprisse a nossa responsabilidade para com eles.Sei que o Governo os assiste com medicamentos, e é até injusto nos antigos seringais, se vê as vezes quando surge um surto de qualquer doença, os seringueiros ficam desassistidos mas, os índios não,vem helicóptero, equipe médica e muito medicamento na hora que o primeiro caso acontece.    E os índios nas cidadezinhas como a nossa,vivem bebados brigando entre eles mesmo e cada dia mais se afastando de sua Cultura e Tradição.  Outra coisa que acho que está errada,é que, nossos antigos seringueiros, adquiriram o hábito de viver da caça e pesca. E matavam tudo ou quase tudo para,comer. aves ornamentais como as Araras, Tracajás, jabutis, Antas, Porcos etc... conheci alguns que até Preguiça comiam.  Eram outros tempos.Tudo era difícil de conseguir, e não existiam as facilidades que a tecnologia proporcionou ao homem, quer seja no quesito das comunicações, quanto evolução e facilidade da implantação de meios de criações de animais, incluindo aí, a psicultura que tem um baixo custo de implantação, se for feita de maneira rustica, porém com exito na nossa região. Ora, se o governo incentivasse a criação de peixes regionais nas comunidades, colocando um técnico em psicultura que orientasse, o começo dos trabalhos, e doasse para a comunidade os primeiros peixes[Tambaquis por exemplo] logo, toda a população local teria uma fonte renovavel de abastecimento alimentar e diminuiria MUITO a pesca que mesmo artesanal, pela quantidade de pessoas que a praticam, tem seu efeito desastrado para algumas espécies.  Quando eu era um jovem rapaz, eu lembro que todos os dias no mercado de nossa cidadezinha, tinham Tambaquis de trinta, ou vinte e tantos quilos , Pirarucus imensos e muitos outros peixes que eram pescados com facilidade. Hoje, é coisa rara ver-se um Tambaqui de 25 kgs, ou mais. Sempre os maiores agora, não ultrapassam os doze quilos. De uma maneira errônea, vejo amigos meus dos seringais dizerem que o que o Deus deixou, o homem não acaba. É uma maneira de dizer que Deus é maior que tudo. A ignorancia, é o maior de todos os males, disse um sábio. Ao usar o nome de Deus, ele tenta justificar um erro que cometeu e comete, talvez tentendo explicar o inexplicável.  Aí está o erro que vejo na política de Proteção Ecológica; é necessário se dispor a gastar um pouco de dinheiro para chegar as comunidades, e deixar técnicos, e instrutores para falar de preservação, mostrando na pratica, implantando projetos de criação de peixes, de aves, e aí sim, ganhar a adesão destas pessoas de bem, que se tornarão fiscais da proteção de nosso Meio Ambiente. Existe uma falsa política de preservação das florestas, pelo menos nas pequenas derrubas, que são muito nocivas, sobretudo porque destroem madeiras de lei selecionadas.  Se houvesse da parte do governo, um apoio a quem tem terras e quer realmente preservar, seria diferente. Que se desse ao dono da terra o direito de cortar árvores, mas que esta concessão de direitos, trouxesse consigo a obrigação do replantio e manutenção de dez novas árvores para cada uma da espécie abatida e fiscalizada por um agente do governo. Assim eu acredito na manutenção da floresta. Que cada serrador que tivesse invadindo terras alheias e cortando sem regras ou limites, fosse preso e pagasse o valor da madeira roubada ao dono das terras, e ainda uma multa ao governo. Ao contrário disso, hoje existe um projeto [ou já uma lei] que desapropria as terras de antigos donos desde o tempo dos seringais, e anula ou diminui drasticamente o tamanho de suas terras, e ai vem as invasões, e a depredação da floresta, pois os costumeiros invasores dizem que agora ninguem é dono e podem fazer o que quiserem.  Gostaria de ter contato com alguma ONG Internacional, de defesa da Natureza que eu mostraria IN-LOCO o que estou dizendo, e talvez este meu grito solitário de revolta fosse ouvido.  Sou TOTALMENTE  CONTRA a internacionalização da Amazônia.Sou Brasileiro, AMO meu Pais, mas gostaria de ver um dia nosso governo, criar um grande programa de estudos sobre a Amazõnia, abrangendo todas as facetas de estudo: poder da Flora, a riqueza da Fauna, as minas de petróleo e outros minerais que existem, e que nesta missão se permitisse a inclusão de pesquisadores de outras nações, que estivessem desenvolvendo estudos nestas áreas, naturalmente que CHEFIADOS por Cientistas Brasileiros. O ganho que se teria seria imenso, e afinal, quem mais lucraria seria a propria HUMANIDADE, com a descoberta de novos remédios, de novas jazidas de minerais ricos, de um maneira mais séria e produtiva de explorar com racionalidade a Floresta.  Quem realmente ganharia com estes estudos,volto a dizer; seria a Humanidade que vive constantemente pressionada pelo preço que paga pelo desenvolvimento de alguns paises:com a POLUIÇÃO que está destruindo nosso planeta.

                                                             Ecy  Monte  Conrado 


                             O Planeta pertence a todos nós. Somos responsáveis por ele.

quinta-feira, 15 de março de 2012

As belas ARARAS.



Antes de falar sobre as Araras, devo pedir perdão as pessoas que acompanham meu Blog pela péssima qualidade da foto. Na realidade, sem muito trato com esta arte, e tambem sem um lugar que me permita pelo menos não ser a cada minuto interrompido, sempre meus desenhos ficam devendo nas publicações que a bem da verdade, são bem melhores ao natural.                                                                                         Mas deixe-me falar das Araras, as rainhas dos céus da Amazônia. Temos aqui na nossa região, duas espécies principais e uma, secundária, pois além de existir em pequenos grupos, são menores e poucas vezes são vistas. Muitas vezes confundidas com as Maracanãs, que tem em grande quantidade e de quatro tipos.  Como todos os Papagaios, as Araras, nascem com um bico dotado de resistencia e força, para quebrar cocos durissimos. É monogânima, ou seja pela vida toda, terá apenas um parceiro. Se um caçador mata uma delas [andam sempre aos pares.] a outra fatalmente morrerá pouco tempo depois, e se nesta época houverem filhotes nos ninhos, eles tambem perecerão. Donas de uma vistosa plumagem, se destacam a de predominancia Amarela, chamada de ARARA CANINDÉ e a de cor Vermelha, que pela cor é chamada :ARARA VERMELHA. A terceira que citei tem como sua cor principal, o Verde em tres tons, mesclados com o Azul. Andam em pares mas, é comum encontrar até vinte pares juntos quando existe, uma árvore com muitos frutos. Necessário se faz dizer que sempre um bando é composto de indivíduos da mesma espécie ou cor. Durante o tempo que estão comendo, fazem uma grande algazarra e muito barulho com gritos estridentes que se ouve ao longe. Faz seu ninho em ôcos de árvores geralmente bem no alto, de onde podem ver bem a chegada de predadores. Seu principal inimigo é a Harpia [Gavião Real] embora seja atacada por outros animais: Cobras,GatoMarcajá, [já vi um deles pulando sobre umas Araras, que roiam um tronco velho apodrecido. São perseguidas pela sua carne pelos caboclos e índios. Não acredito que estejam ameaçadas de extinção,mas, uma política de proibição séria devia ser desenvolvida.  Elas servem de ornamento para a Natureza. Antigamente os índios as matavam para ornar seus cocares.


                                                            Ecy  Monte  Conrado  

                  Não é justo fechar os olhos para a realidade. A matança de animais silvestres continua.

segunda-feira, 12 de março de 2012

O autor, em uma exposição em Manaus


       Levado por um grande amigo meu [mais que um irmão.], o falecido ANÍSIO MELLO, Pintor, Poeta Draumaturgo, Escritor e Escultor, meio sem jeito, coloquei tres desenhos meus em uma Exposição [estes que aparecem aqui.] patrocinada pelo Sebrae Am. e, me surpreendi com a aceitação, e as visitas aos meus desenhos.  Anísio Mello, em uma época distante, passou por Eirunepé e aqui fez amizade com meu pai. Ser humano de de carater e bondade, encontrou abrigo e identificação em meu pai e começou uma amizade que perdurou enquanto meu pai era vivo. Depois de muitos anos, fui morar em Manaus, e lá encontrei este velho amigo da família. através dele, levei meus desenhos para um Salão de Artes  patrocinado pelo Sebrae, e vi meus quadros serem apreciados e elogiados pela crítica. Tornei-me amigo inseparavel do velho artista. A diferença de idade, não sobrepunha a igualdade de amantes das noitadas com belas garotas e, juntos com outros amigos, muitas vezes ficamos no calçadão da Getúlio Vargas, tomando cerveja, vendo as estudantes passarem com o seu rebolado, natural da juventude e porque não dizer; paquerar as que se insinuavam.  Hoje meu grande aamigo está pertinho de Deus, colorindo cada por do sol, e fazendo decoração para tornar mais alegre a grande tela do infinito.
                                                        Ecy Monte Conrado
              As verdadeiras amizades, devem ser cultivadas, como um jardineiro, cultiva um jardim.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Reprise para matar a saudade.



Hoje, transcorridos tantos anos longe dos seringais, vez por outra me pego perdido entre as lembranças e elas me levam de volta ao passado. Era um tempo sofrido, de muito trabalho cansativo, pesado, mas que tinha um que de poético. Quantas vezes, sem conseguir alcançar uma casa de seringueiro para dormir, tivemos que dormir em praias pequenas, e as noites escuras eram repentinamente iluminadas por uma lua que vinha enfeitar a noite na companhia de milhões de estrelas. As vezes eu tinha comigo um violão que tocava razoavelmente, e na inquietude da juventude, mesmo cansado, junto com meu irmão e um velho empregado varávamos as madrugadas dedilhando boleros romanticos.  Estes meus desenhos não são reprodução de nenhum lugar específico; são apenas fruto da imaginação que colhe retalhos da cada lugar por onde passei e embaralhados pela saudade me permitem criar minhas obras. Acho que se eu pudesse renascer, pediria  que DEUS me permitisse vir para cá.  Amo minha terra, sou um caboclo por essência, vivo com uma mulher oriunda de um seringal, nos completamos, gostamos de Natureza, de animais, de Floresta, gostamos de ser Caboclos.

                                                        ECY   MONTE   CONRADO                                                                                                     Só se ama de verdade, o que se conhece e admira.

quarta-feira, 7 de março de 2012

A FERA DAS ÁGUAS DA AMAZÔNIA


  Era uma manhã típica de inverno amazonense. Uma chuvinha fria, fina e persistente, tornava a pescaria de espinhél para pegar Matrinchãs dentro dos igapós, uma missão enfadonha e monotona, pois tinha-mos que ficar o tempo todo imovel dentro das pequenas canoas após, a armação das linhas de pesca.                       Estavamos em um grupo de quatro amigos, e de repente, a calma e tranquilidade do lugar foi quebrada pelo barulho do urro de um grande Jacaré Açu, bem perto de onde estavamos. Um de meus amigos que era morador deste seringal, sabia imitar com perfeição o animal, e, insensatamente o fez.  A resposta sonora foi imediata e ouvimos sua aproximação. Falei para o rapaz que o jacaré se aproximava, que era perigoso, e hora de parar o diálogo com ele. Chegamos nossas canoas [tres] para perto de uma árvore bem desgalhada, com os galhos roçando a superfície da água, e o nosso amigo tornou a desafiar o animal. Onde estavamos, era uma pequena área de quatro metros, que no verão seria uma curva de um garapé, e na orla existiam pequenos amontoados de capins flutuantes, nem bem o urro de imitação calou, e um grande Jacaré de aproximadamente cinco metros, surgiu enfurecido e veio em nossa direção. Com as canoas, perto da árvore, tivemos tempo de sair e subir nos galhos, e foi isto que evitou a morte certa de um de nós, pois o violento animal com uma pancada de seu rabo partiu ao meio uma das canoas, e ficou bem em baixo de onde estavamos, nos desafiando. Estavamos indefesos, nossas armas haviam ficado nas canoas, e por sorte não estavam na que quebrou, e tivemos que ficar por mais de tres horas, sem poder seguir viagem ou vistoriar as linhas, pois o poderoso Jacaré, ficava vez em quando, fazendo um enorme barulho que fazia a água tremer por cima de sua costa, subindo centenas de gotinhas, num bonito espetáculo, que só não admirei mais pelo perigo situação na hora.                                                                                                                                                        Não esqueci a cena de seuavanço e ao chegar em casa, fiz este desenho baseado neste fato real.

                                                          Ecy  Monte  Conrado 

                       Os animais selvagem reagem a invasão de seus territórios. Devemos respeita-los.

      

segunda-feira, 5 de março de 2012

Curiosidades sobre os antigos CURINAS

Até os anos 60, muitos costumes da antiga Cultura deste povo ainda era preservada por eles. Rituais, crenças, costumes domésticos, caça, pesca e até a culinária mudou muito deste tempo aos dias de hoje. Vou relatar um costume engraçadado que presenciei na aldeia do cacique Rubiu: cheguei ao porto da aldeia, em meio de uma manhã de início de verão. Tempo seco, dia ensolarado e muito ventilado. Notei que algo diferente estava acontecendo, pela maneira que as india andavam, quase correndo e todas se dirigindo a uma casa em especial. Depois que comprei carne de caça ainda fresca, perguntei ao meu amigo Rubiu o que estava acontecendo. Ele então no seu portugues enrolado disse que uma mulher jovem, estava desde o início da manhã  esperando a qualquer momento ganhar seu primeiro filho. Perguntei se precisava de algo que eu tivesse a bordo, ele falou que não, estava tudo bem. Depois que eu soube de quem se tratava, [eu conhecia ela e o marido] perguntei pelo seu companheiro, e Rubiu disse que eu poderia ir aonde ele estava, concordei, até para mostrar solidariedade. Era um dos jovens guerreiros da tribo e eu já havia caçado junto com ele, seu pai e meu amigo Rubiu. Deixei os empregados tomando conta do barco e subindo o barranco, fui conduzuido a uma casas que havia ao lado da que estava a grávida.Esperava encontrar o jovem aflito, preocupado,qual não foi minha surpresa ao vê-lo deitado em uma rede tecida de cipós, bem a vontade e sorrindo. Falei com ele e notando sua calma, não me contive e perguntei a Rubiu: porque ele está deitadao tão calmo?  ele brigou com a mulher? logo agora?  Foi com seu sorriso meio sem graça, que o velho cacique me disse: ele "tá " esperando mulher ganhar menino, e vai ficar deitado por tres dias ai sem poder sair da casa. Não perguntei mais, deixei que minha curiosidade esfriasse e resolvi esperar a criança nascer para esperar o que aconteceria . Comemos macacheira cozida[sem sal] dentro de uma panela na qual se mota tipo um girau com pequenos galhos e a raiz é cozida só no vapor.UMA DELÍCIA. Levi comigo uma latinha de manteiga com sal, e saboreei uma carne de queixada assada na brasa [na qual coloquei sal nos pedaços que eu comeria.]. A carne foi assada em uma grande fogueira que ardia bem perto da casa da gestante. O tempo passou e somente ao findar da tarde a moça ganhou um menino. Eu estava presente a toda movimentação, Ví uma mulher vir trazendo a jovem para perto da fogueira,onde tinham jogado mais lenha e o calor perto era muito forte, a jovem ficou de cocoras bem perto do fogo por uns quinze ou vinte minutos e então, em companhia de mais umas oito mulheres, saiu correndo para a beira de um igarapé que passava logo atrás das casas, e sem parar , jogou-se na água gelada do riacho.  Juro como pensei que ela iria morrer em seguida. O banho demorou uma meia hora e então elas sairam direto para o roçado de mandioca, onde a mulher que pariu, tinha que arrancar e trazer em um cesto de cipós, macacheira para ela e o marido comer. Fiquei perplexo. e sem me importar se seria correto, perguntei de Rubiu o porque desta atitude. Ele então satisfeito pelo nascimento de mais um menino [CURUMIM], me explicou que o homem ficaria deitado para mostrar solidariedade ao parto da mulher, e ela tinha feito, o choque térmico, para  espantar as doenças que poderiam vir, e a colheita de mandioca era para que os Espíritos fizessem de seu filho um homem trabalhador.   Nunca esqueci.

                                                         Ecy  Monte  Conrado

 Apesar de hoje os indios terem perdido muias referências de suas tradições, vale a pena visita-los.

FIGURAS ESPECIAIS III [o contador de historias]

O CONTADOR DE HISTORIAS.-----  Quando cheguei para trabalhar nos seringais de meu Pai, eu conhecia muito pouco ou nada do mundo que existia, fechado entre a imensidão da floresta.  Além de sua rica Fauna e Flora, tinham as pessoas que povoavam este mundo, simples e humanas, que descobriam maneiras sui-generis de criar coisas, e personagens que suprissem suas  necessidades fossem elas quais fossem.  Depois de um ano, já mais acostumado aos costumes e procurando aprender a cada dia, seu modo de vida, descobí a figura quase Mítica do Contador de Historias.  Personagem querido por todos, que ocupava um lugar de destaque no item, diversão e cultura de sua gente.  Geralmente era uma pessoa muito inteligente, não muito afeita ao trabalho pesado, [Ser seringueiro, agricultor, canoeiro.] e que ganhava a vida com facilidade, simplesmente sendo convidado pelas famílias a vir passar uma semana ou mais dias, contando historias.  Eram relatadas as antigas historias de contos de fadas, mescladas com anedotas bem simples ou "causos" inventados pelo mesmo, qua traziam pitadas de malícia com  humor e eram as preferidas pelos de simplórios ouvintes.Conheci no Eiru um que se chamava: Zé Luis. Usava um grosso bigode, era gorducho, branco tipo bonçhão, super simpático e esperto,pois trazia consigo sempre a mulher e uma filha que tambem se beneficiavam de suas habilidades em contar historias.  Era sempre convidado, e muitas vezes tinha que se desdobrar em muitos,tal era a quantida de convites simultaneos existentes. Chegava na casa , trazendo sua bagagem, e família. Se a casa fosse grande, ocupava na sala um lugar para atar seus mosqueteiros na hora de dormir, e o dia, passava andando pelo quintal ou se refugiando na casa de farinha onde sempre tirava boas sonecas. Sua mulher e filha, ajudavam [um pouco] nas labutas da casa e isto era o bastante pois o importante mesmo eram as noitadas, quando todos se asentavam no assoalho de Paxiuba, em volta do importante narrdor e ele começava a desfiar um monte de historias e piadas. As risadas eram altas e espontâneas, eram pessoas simples e ingênuas, sem nenhuma opção de diversão, que não só escutavam, bebiam as palavras, memorizavam os gestos, a mímica do interlocutor que conseguia quase hipinotizar a platéia.  Era antes de tudo um artista eclético,um mago, das palavras, que enriquecidas pelo seu gestual, ganhavam força e vida na mente dos presentes. Um dia assisti a perfórmance do Historiador, me impressionei pela maneira dinâmica em que desenvolvia sua historia, e me prendi atento aos olhos estáticos dos presentes que não perdiam, o menor gesto que fizesse, que chegavam a chorar se fosse um caso triste o narrado, e que minutos depois estavam as gargalhadas, se agora fosse uma anedota.  Fingiam saber falar Ingles e me diverti muito, quando um dia ví Zé Luis emitir sons guturais e inteligiveis dizendo para um seringueiro que estava falando uma historia em ingles. O homem, como não poderia ser diferente não entendeu nada, mas, Zé Luis, ganhou tres grandes melancias.  Fiquei imaginando, qual teria sido o futuro deste homem se  tivesse nascido, em um lugar desenvolvido, tivesse tido oportunidade de ESTUDAR, de se formar em uma boa faculdade.  A cada visita ele ganhava animais, e mercadorias que lhe abasteciam para um mes. Como sempre estava sendo solicitado, ele as vezes vendia na Cidade os animais que ganhava e com o dinheiro comprava roupas, remédios, calçados e sempre, uma garrafinha de Pinga, pois ninguem é de ferro. Entre aspessoas humildes da cidadezinha, tambem era conceituado e sempre convidado a contar suas historias.

                                                          Ecy   Monte   Conrado 


  A  Amazõnia é um mundo que ainda esconde muitas coisa a serem descobertas. Visite-nos!

domingo, 4 de março de 2012

Para relembrar...



 Era assim a casa de meus pais aqui em Eirunepé, onde vivi minha infancia e parte da minha adolescencia.  Era construida em madeira, e na frente existia este comodo que chamavamos "PUXADINHA", talvez porque puxou um pouco o espaço da casa para frente. Eirunepé tinha bem no meio da rua uma calçada de cimento de dois metros de largura, que era a pavimentação principal da cidade. Algumas casas faziam ligações com a calçada central, geralmente com outras de madeira. Os postes de iluminação pública eram colocados ao lado desta calçada, e a luz, era ligada as seis da tarde e as oito e meia, "piscava" para a visar que ainda teria meia hora de iluminação, tempo para "armar" os mosqueteiros, e se aprontar para dormir.  Não existiam carros nem motos. Um trator dos Padres, um velho caminhão da Prefeitura, eram os únicos veículos que circulavam. Onde hoje em dia é o Bar da Nelcy, onde acontece a bonita festa do URCUM, era a divisa de um  campo de gado do Padre, existia um grande porteira, e de lá em diante poucas casas.   Este desenho foi feito exclusivamente baseado na lembrança. Não disponho de um registro fotográfico, mas a memória é parte do Computador que DEUS nos deu. Ela existia exatamente onde agora é a casa do Sr. Erymar.

                                                              Ecy   Monte   Conrado  

As lembranças do passado, as fotos, os casos acontecidos, os costumes da época, fazem a historia de um povo. devem ser cultivadas e passadas de geração a geração.

sexta-feira, 2 de março de 2012

FIGURAS ESPECIAIS III

A [O] BENZEDEIRA--- Geralmente uma Sra. de idade avançada, que era o seu maior documento na identificação de uma boa profissional, ela era a Rezadeira, pessoa que sabia curar com rezas "MISTERIOSAS", as doenças que afligiam os moradores dos seringais, sobretudo crianças.  Eram tratadas com muito respeito por todos que, acreditavam na cura de suas enfermidades. Muitas vezes [até os anos 70, era difícil um seringueiro conseguir um motorzinho, e a locomoção era feita através de canoa com remo.] um chefe  de família remava um ou mais dias para chegar a casa da boa Sra.  A Fé, esta força mística que pode mover montanhas era o maior fator da cura que sempre acontecia. Os males, eram afugentados com uma reza balbuciada [ninguém entendia uma palavra] e um pequeno galho de arbusto chamado Vassourinha ou de outro conhecido como Arruda, que eram passados em cruz em cima da área afetada pelo mal, por muitas vezes. Alguns chás de plantas medicinais faziam o tratamento após a reza da cura. Alguns homens tambem exerciam esta profissão. a eles era atribuido o poder de curar animais a distancia. Certa vez eu presenciei, a reivindicação de um seringueiro que criava uns seis bois, e um deles estava com Bicheira, [uma ferida, causada pela larva de uma mosca que deposita seu ovo no animmal, e lá ele se desenvolve criando uma ferida que pode ficar grande e prejudicar o desenvolvimento do animal.] e o pequeno fazendeiro pediu a assistencia medicinal de um Curador. Estavamos no porto da casa do mesmo, e o pasto no qual estava a res doente estava a sete horas de viagem a motor, para minha surpresa, o homem foi a sua casa, voltou para o barco com um pequeno livro velho na mão, e uma faixa em volta do pescoço da qual pendia uma medalhinha de uma Santa. Ele perguntou ao dono do animal, suas caracteristicas, cor, tamanho, idade e, de posse destas informações, ficou de cócoras na beira do rio e, lendo algo de uma página do velho livro, passava no chão um galho de Arruda, em cruz e o lançava no rio, repetindo este ato por várias vezes, até dizer que o animal estava curado, e que seu dono fosse em paz.  Uma observação: nunca se deveria perguntar quanto custava a cura, nem oferecer dinheiro como pagamento do tratamento, pois isto magoaria o Rezador, e tiraria o efeito da cura.  No mes seguinte, reencontrei o dono do boi doente e ele disse-me que a cura havia sido um sucesso.  Coisas da Amazônia...  
                                                               Ecy  Monte  Conrado  
 O Folclore de um povo, deve ser preservado tanto quanto o mundo no qual vive o povo que o criou.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Um caçador oportuno


                   Nestes desenho, eu coloco o sol poente do verão do Eiru. As vezes, quando os animais começam a se recolher para dormir, é a hora em que o sol parece ter pressa para dormir e desce na linha do horizonte rapidamente. Várias são as espécies de aves que estão voltando para o local onde dormem. Algumas em silencio, outras em algazarra , e é nesta hora que este pequeno gavião que só ví no Eiru [por duas vezes em ação] aproveita para caçar alguma  ave destraida que venha atrasada no bando. O ví pegar um "CHICO PRETO", e ví tambem ele investir contra um Japinim, desta vez, sem sucesso. o que me chamou a atenção foi o horário, pois os gaviões não costumam serem vistos sequer voando neste horário.     é uma ave pequena, muito veloz, e seu aspecto é comum aos da sua espécie. Suas asas são finas e longas para seu tamanho. Não posso afirmar que seja um animal ainda não conhecido,mas por certo é raro aqui onde vivi tantos anos.
                                                            Ecy  Monte  Conrado
                     
                             É necessário conhecer para amar. Visite-nos, estamos em EIRUNEPÉ- AM.