FARINHA DE MANDIOCA HERANÇA NORDESTINA.
Como se sabe, ao longo do Planeta, as regiões tem suas características Geográficas, Climáticas, Culturais, seus povos com seus costumes e religiões, fazem a mais autentica mistura de diferenças. Aqui no Brasil, país de tamanho continental, temos uma grande diversidade de etnias, que se mesclaram e fizeram este maravilhoso, alegre e acolhedor Brasileiro. Norte a Sul deste Pais, é inegável a força dos Nordestinos, que além de praticamente construirem a maior cidade não só do Brasil ,mas de toda a América do Sul, São Paulo, foram o sustentáculo, da produção de Borracha, que deu ao mundo o avanço da Indústria ante, e pós segunda guerra mundial. Fugindo como sempre e naquela época com muito mais razão, da seca que sempre assolou a região,foram eles que além das secas enfrentavam as mazelas de viverem sob a chibata tão inclemente quanto o sol do sertão, dos capatazes dos latifundiários e cruéis fazendeiros que compravam do Governo corrupto, as patentes pomposas de "Coronéis". Como se fosse coisas do destino, o pobre Nordestino sempre viajante dos "Pau de Arara"pequenos e velhos caminhões que os levava na busca de seus sonhos de prosperidade rumo ao Sul, trocou a velha e carcomida caçamba dos caminhões pelo resfolegar do vapor das caldeiras dos grandes navios da época e veio enfrentar uma região da qual só passou a conhecer através dos convidativos e atraentes cartazes que os estimulava para vir explorar e enriquecer, sangrando árvores de Seringueira, o "Ouro Branco" do novo El-Dorado, a Amazônia. Eles vieram muitos, quase sempre deixando a família, na esperança de rapidamente ganhar dinheiro e voltar. não sabiam o que os esperava...eram tangidos pela bandeira da Esperança. Ao adentrarem no Rio Amazonas, não podiam acreditar no que viam: água ! Potável, doce, limpa e imensamente abundante. Era como se estivessem descobrindo a fonte de águas cristalinas que serviam aos Deuses do Olimpo Grego. Para quem acostumado estava a andar, trilhar por quilômetros os leitos secos dos escassos e secos Rios do Sertão Nordestino em busca de gotas de água, aquela visão se assemelhava ao Céu, aonde residiam os Santos e o "Padim Padre Cícero", tão queridos e amados. A realidade de trabalho bem mais dura, os levou a enfrentar, a floresta quase impenetrável, os milhões de inseto que os fustigava, as feras da selva, os índios que não conheciam armas de fogo, mas andavam nas matas como se estivessem nas mais sinalizadas ruas, que conheciam os animais e seus costumes,[ plantas que combatiam as doenças tropicais que tantos contraíram e morreram por falta de medicamentos adequados] e que tinham flechas cortantes e de pontas envenenadas. Como se não bastasse tudo isso a atmosfera úmida, que ensopava as roupas , as chuvas torrenciais, e mais duradouras que as Monções da Índia, os "invernos" que traziam água em demasia que alagava a selva, que fazia os rios transbordarem,,,Tanta diferença. Mas heroicos e bravos, eles ficaram. Vieram, viram e venceram, empurrando o mato e povoando esta terra até então de ninguém. Cheios de crenças religiosas, de linguajar engraçado, de costumes alimentares forjados aonde alimentos eram escassos, eles encontraram fartura de peixes, de carne de animais silvestre e produziram a Farinha de Mandioca, sem a qual qualquer prato se torna, sem atrativos a degustação. Foi assim que chegou aqui a farinha de Mandioca, que até hoje é a base alimentar de todos os Nortistas. A mandioca conhecida em todo o País, aqui no Norte tem uma grande variedade de espécies, sendo que algumas apenas servem para produzir Farinha, por terem alto teor tóxico, que apenas o calor do forno no qual é torrada, anula. A estas espécies, chamamos "Braba". as que são comestíveis assadas, ou cozidas, servem para complementar pratos feitos com carne, se cozido, e peixe se for servido assado, tanto o peixe quanto a raiz. Passei muitos anos de minha vida, trabalhando nos seringais de meu pai, sempre participei das atividades sociais e de trabalho . Sempre vi, as pessoas comerem, quase sempre com água e sal. Um panelão, muita água, pedaços de peixe ou carne, e uma grande quantidade de Farinha de Mandioca, que misturada ao Caldo da comida faz o Pirão. Até hoje, mesmo tendo perdido o poder aquisitivo da Borracha, e a grande maioria ter migrado para as pequenas cidades, permanece a preferência pela Farinha. Gosto dos Nordestinos, sou descendente deles, tenho muito de seus costumes, de sua fala, de seus mitos. Se não os cultuo, porém os estudo e aprecio. Graças a estes bravos irmãos, somos hoje donos das terras que formaram o vizinho e valente Acre. Foram eles, analfabetos, baixos, alguns raquíticos, porém todos bravos, aguerridos e valentes, que tiraram daquelas terras os Bolivianos. Comendo Farinha, quando não tinham um cozido, era e é consumida sem nada que não seja um pouco de água e sal ou açúcar mascavo, aqui chamado: Gramichó. Farei uma segunda postagem, e nela mostrarei aos que me visitam, como se produz a Farinha de Mandioca aqui na região.
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