quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

O sapo Cururu Gigante



CURIOSIDADES---

Já tive oportunidades de ver vários tipos de animais, agigantados, deformados. O primeiro exemplar que ví foi uma Matrinchâ, um peixe que habita os altos rios e igarapés grandes, muito  apreciados por seu sabor inconfundível.  Sempre nas cheias, depois do período da desova, uns dois meses elas estão gordas e ótimas para consumo. Normalmente as grandes pesam três quilos, mas um dia fui agraciado com uma destas presenteada por um amigo que já morreu de nome Sebastião Ceará, ele trabalhava na polícia mas também ajudava na organização do mercado de peixes e carne da , e um dia ele me mandou de presente uma Matrinchã de seis quilos e meio. Foi um assombro na Cidade. Creio que metade da população veio ver  o enorme peixe.  Outro monstro, que vi foi a caveira que ainda tinha parte dos ossos do corpo e os esporões que são as barbatanas peitorais. Estavam secas pelo sol pois estava em uma praia do Rio Juruá. Era um Bodó. Uma espécie de peixe revestido de placas ósseas, que tem em quase todo o Brasil. Aqui na bacia Amazônica, tem vários tipos. [Já fiz postagens sobre eles] mas, de todas as espécies os maiores não ultrapassam os 40 cm. Esta carcaça seca no entanto, quando um animal vivo deveria medir mais de 01mt, haja vista que, da ponta de uma barbatana a outra media sessenta centímetros, quando normalmente os maiores tem 20 cm nesta parte do corpo.  Por favor não pensem que é historia de pescador, que geralmente é contada com exagero, nós medimos e fotografamos com uma Máquina fotográfica,Chamada Mavica , que usava disquetes, e so por isso não podemos postar a foto posto que, com a alta umidade e o calor de nossa região , estragaram quase todos os 140 disquetes que eu tinha . Criaram um tipo de bolor e não apareciam mais no Computador . Depois de ter  visto estes dois exemplares, ouvi uma história de um Sapo Cururu que haviam visto em um Igarapé do rio Tarauacá, que mediria 01 mt de altura e deveria pesar mais de vinte quilos. Ora nem pensei, na primeira  oportunidade, inventei uma pescaria e rumei para a terra do sapo. Encontramos uns bem grandes, mas nenhum dava a metade do tamanho  descrito. São sapos bem grandes mesmo,talvez uma nova espécie. Mas não são muitos e difíceis de ver, ja que passam a maior parte de suas vidas entocados em buracos. Sei também que sua alimentação é variada pois existiam muitos ossos pequenos e até algumas penas em suas tocas. Sua cor é cinza escuro no dorso e cinza claro na barriga, Seu aspecto é o de um sapo comum.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Tipos de coberturas das casas no Eiru.



CURIOSIDADES---

Quando vemos em fotos pinturas ou desenhos, as casas amazônicas se assemelham, principalmente nas cobertas que são sempre de palhas.  Além de ser muito bonito, é confortável pois não permite que o calor da região se instale dentro da casa. Se cai uma chuva, por fina que seja o barulho que causa, é um convite ao sono. É notorio e conhecido o fascínio que isto causa em pelo menos 99% das pessoas que experimentam esta sensação.  É relaxante, e causa bem estar, em quem desfruta.  É tão gostoso que, para contrariar [sempre tem alguém do contra] a maioria das  pessoas que ficam falando que é bom dormir com aquele barulhinho, que, FAZ MAL DIZER QUE É BOM , QUE GOSTA DE DORMIR COM CHUVA..  Imaginem.                                                                                                 Mas deixem que eu fale sobre os tipos de palha que se usa nas cobertas.  Para fazer um Tapiri no mato, quando se está de passagem, caçando ou pescando , ou  simplesmente se quer um pernoite, existem folhas de Bananeira Brava ou folha de Sororoca . É pratico, e rápido, embora seja de vida curta: três dias no máximo.   Se vier construir uma casa, e não houver um palhal de Caranai, então usa-se palhas de  um tipo de Palmeira que tem umas palhas grandes, e fáceis de colher, chamam a ela de Palheira mesmo. Para usa-la o caboclo depois de colher as palhas, estende-as no chão e dá um corte nas folhas que devem estar inversas . Este corte não pode ser forte ao ponto de decepa-las, quando encontrar, os talos, devem ser mantidos para que o construtor possa levanta-la e batendo com força´force-as a ficarem penduradas nos dois lados agarradas  no talo grande da palha.  Esta cobertura pode durar  até una seis anos se as palhas forem colocadas bem junto umas das outras, mas sempre acontecem goteiras depois de três anos de uso.  A mais resistente  é a que se constrói com palhas de Caranai, que é um tipo de palmeira bem fina e pequena que tem suas folhas bem largas em dois , e três lances na extremidade de  um talo longo e resistente.   Colhe-se feixes.enormes destas palhas, com os talos cortados no tamanho de 40 cm, e leva-se para casa, aonde já devem estar prontas ripas de Paxiuba, uma Palmeira que se presta para fazer casas , tanto paredes quanto piso, estas ripas devem ter 8 cm de largura por três metros de comprimento e então o caboclo artesão, vai colocando uma a uma as palhas com os talos voltados para frente depois de uma volta completa na ripa, uma prende a outra e assim sucessivamente. Fica então uma palha reforçada que é chamada de "Pano."  Muito resistente, se for feita com palhas selecionadas, e quando for colocar sobre a casa o espaço entre elas for de 10 cm, com certeza atingira os 20 anos de uma cobertura sem problemas.  É ainda a palha que produz o melhor ruído com a chuva caindo.                 Quando vier visitar nossa região, venha no inverno  [tempo das cheias e de muita chuva] e não deixe de gozar a delícia de deitar em uma rede, e ficar ouvindo a chuva  cair em uma cobertura destas. Você encontrará a paz dos anjos.

domingo, 26 de janeiro de 2014

Reflexão sobre o Meio Ambiente.



Passando ha dias atrás frente a casa de um homem que eu sei vive de vender madeira sem ter autorização, Plano de Manejo , ou qualquer outra forma de legalizar seu comércio, eu fiquei o tempo todo pensando na luta que tive para preservar as árvores de Maçaranduba, que agora sucumbiram , pela ação de  concordância  do Sr. Secretário de Meio Ambiente do Município.                                   É desanimador, ver os estragos de madeira , as árvores que ainda não tinham condição de serem serradas por não ter ainda o mínimo permitido em espessura de seu tronco, o descaso ao cortar sem antes limpar a árvore a ser abatida, causando assim a queda de outras que estavam presas por cipó. Ver uma árvore destas na selva no seu habitat, ver a quantidade de  pequenos seres que nela habitam, que dela dependem e não se sensibilizar, e não cuidar de pelo menos fazer um corte com o mínimo de prejuízo a floresta, é mesmo próprio de quem apenas vai ali para ganhar dinheiro fácil.   É justo que se corte árvores para fazer casas, canoas, mas porque não obrigar a quem as faz a plantar dez novas árvores da mesma espécie, como tributo a floresta?  Sempre se encontram mudas, prontas para plantar, os serradores ilegais , passariam a ter um modo fácil de "pagar" o que retiram das terras alheias e a Natureza com certeza agradeceria.  Ando na floresta aonde eles passaram é triste ver o desperdício e o estrago de madeiras. Depois, por aí vamos vendo tábuas, vigas e lembramos quantas lindas árvores não caíram para que elas estivessem serradas                                                                   Revolta, é o que sinto, quando me vejo impotente para lutar sozinho.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

MAIS RECORDAÇÕES

Onças Pintadas.

Ao cair da noite, mãe e filho despertam, é hora de caçar. Com certeza este belo filhote vai mais observar do que participar da ação.  Pelo fato de estarem na beira do Rio, suas prováveis vítimas serão as Capivaras ou alguma infeliz Paca. Caçadora noturna, ela costuma rugir as pessoas aqui dizem "esturrar", ela o faz com a cabeça inclinada para frente e sua boca fica a poucos centímetros do chão, e isto causa um efeito de ressonância ,acústica, que dá a impressão que o chão está tremendo.  Este som se propaga pela floresta e pequenos animais que estejam perto, ficam tão aterrorizados que correm sem rumo e fatalmente alguns irão para onde ela está.  Já tive oportunidades de vê-las na selva, são magníficas embora causem uma sensação de medo em qualquer um.

Mais fotos para relembrar



ESTE  DESENHO, EU FIZ DE  MEMÓRIA  DE UM LUGAR  ESPECIAL, AONDE MORAVA UMA FAMÍLIA DE AMIGOS MEUS.   HOJE, ESTA ÁRVORE JA NÃO EXISTE MAIS. OS NOSSOS RIOS ESTÃO EM CONSTANTE MUDANÇA DE LEITO, E ELES QUEBRAM SEUS BARRANCOS, EM CADA CHEIA ANUAL E ASSIM VÃO TRANSFORMANDO A PAISAGEM. MUITAS VEZES , DE UM VERÃO PARA OUTRO TEM LUGARES QUE VOCÊ NÃO  RECONHECE, MESMO SENDO UM COSTUMAZ VIAJANTE  DESTAS PARAGENS.

Rurumam o último Afluente do Rio Eiru


Nos anos em que morei no Eiru gerenciando os Seringais, muitas vezes eu subi o Rio até onde se podia chegar de canoa. Muitos eram os sacrifícios a enfrentar a medida que íamos avançando.   Certa vez viajei certo de ir explorar  as cabeceiras deste querido rio. Conseguimos chegar com uma das canoas até o RURUMAM o último afluente, de tamanho igual ao Eiru, naquela distancia.  Só conhecemos o Eiru porque nas suas margens existiam as Imbaubas e o Rurumam não tinha esta vegetação.  Vi muitos Quelonios, Jacarés vários Macacos, Antas  enfim é como se eu estivesse  chegando ao Paraíso. Muito tempo depois fiz este desenho, afinal sentir saudades muitas vezes conforta a alma, não machuca.

Fotos para lembrar, O jacamim no banho, Paisagem do Eiru, e o olhar do Jacamim.

Estas fotos duas de um animal que amei muito, a outra pintada de imaginação, mas temando sobre meu querido Rio Eiru.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Mutucas, minis vampiros que as crianças indias transformam em brinquedo.


CURIOSIDADES---

As Mutucas são pequenos animais tipo uma Mosca, tem vários tipos, e agrande diferença é que são sugadoras de sangue e deixam uma terrível coceira aonde mordem e ainda uma dor que incomoda. Três são os tipos mais comuns no Eiru, uma pequena, tamanho de uma mosca normal, tem sua cor metálica verde escuro, esta é persistente e quando se vai viajando em canoas, mesmo que o motorzinho seja rápido, elas entram e sentindo as pessoas começam um festival de mordidas. São rápidas ao extremo e não se afugentam com facilidade. Os índios tem uma técnica para captura-las: deixam que mordam, e quando sentem que elas estão mesmo grudadas  na pele, colocam um dedo por trás dela e fazendo leves movimentos elas levantam o abdome e então eles as agarram. Os indiozinhos, as capturam e retiram uma das asas, e as colocam na água. Elas então tentando voar, o que conseguem é rodopiar bem rápido e eles vibram fazendo apostas em qual delas um peixe atacará primeiro.  Estas  pequenas são  chamadas no Eiru de Cabo Verde, a única explicação para o nome creio vir de sua cor. Com dois tamanhos destas  é uma de formato mais esguio que ferra bem mais dolorido embora não deixem a coceira das  Cabo Verdes. Costumam atacar ao entardecer. No mesmo feitio, embora tamanho seis vezes maior, são as chamadas  Mutuca de Boi. Tem o mesmo horário de ataque das anteriores e, sempre ao entardecer quando as pessoas vão se banhar nos rios ou Igarapés, elas estão lá para atacar.  Muitas  vezes para fugir ao ataque, as pessoas mergulham na água mas, se se voltarem no mesmo lugar elas estarão  esperando, pois ficam voando em círculos aonde a pessoa sumiu.  Estas são motivos de mais brincadeiras e mais elaboradas: os meninos as capturam com cuidado para não machuca-las, então pegam um talo de capim ou madeira bem fino e leve e o introduzem na parte traseira do bicho, na ponta deste amarram uma linha de 1 mt, e na ponta da  linha uma pequena folha ou uma tira de casca de árvore seca, ou papel se houver, e as soltam e ficam torcendo para ver qual vai mais alto. è impressionante como elas saem em desabalado voo rumo ao alto. Esta Mutuca de Boi, tem uma mordida  bem dolorosa.  Sempre que estiver na floresta trabalhando e fizer fogo, logo as Cabo Verdes estarão lhe perturbando. São atraídas pelo cheiro da lenha queimando.

As flechas longas dos Curinas.

CURIOSIDADES---.

Sempre que vemos filmes antigos, quer sejam do Oeste Americano  [tempos do Búfalo Bill]  ou os que versam sobre épocas mais antigas ainda , [Robim Hood} vemos arqueiros em profusão usando umas flechas curtas e fáceis de manusear exatamente pelo seu reduzido tamanho.  Os Índios daqui do Eiru e deste trecho do Juruá, usam flechas com destreza, mas seus tamanhos com certeza ultrapassam em duas cada uma dos filmes. Sei também que ainda se usam estas flechas em competições  disputadas até em eventos internacionais, por isso mesmo quero contar para vocês, como são diferentes os povos de região para região. Já estive presente em uma pescaria de Matrinchãs em igarapés durante o verão e vi um Índio correndo pela margem enquanto dentro da água rasa um cardume de peixes nadavam tão velozes que pareciam dardos de prata , e mesmo assim o arqueiro conseguiu acertar dez em doze flechadas.  Vocês não imaginam o que é correr nas margens de um Igarapé, é complicado.  Os Caboclos seringueiros também são hábeis arqueiros e eles ainda tem mais uma diferença:  suas flechas são longas, e não dispõem de penas como guia. é impressionante.  Se você estiver em um lago pescando de flechas, e na água limpa conseguir ver um peixe, tem que saber dar um desconto  para baixo do animal para  que o tiro seja certeiro. O espelho d'água distorce a imagem .As flechas maiores chegam a 1,80 mt. e as menores 1,40 mt.  Os arcos melhores são feitos de uma pequena palmeira chamada UBIM, tem muita resistência e  elasticidade, proporcionando um tiro longo e certeiro.  As pontas das flechas indígenas são feitas de madeira. As mais usadas são: Pracuuba, Taboca,  Paxiuba. Alguns índios preferem Moura Piranga, também muito resistente.  Os caboclos seringueiros, usam ponteiras de ferro que são encastoadas em uma ponta de madeira  e presa com uma linha forte que é presa a flecha.

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Onça Pintada X Índio [ Zumarri X Madirrá ]

  Acho sensacional, quando assisto estes documentários sobre aventureiros nas selvas do mundo todo e a facilidade que eles tem de manusear animais,  muitos deles altamente peçonhentos, senão os grandes felinos na Africa, quando eles desprezem a segurança do carro e vão sentar bem perto dos predadores ferozes.  Leões, Yenas, Leopardos, Há poucos dias vi, um Leopardo que estava sendo transportado na caçamba de uma caminhonete, e um dos homens o cutucou,com uma vara de pau  entre as barras da jaula para desperta~lo, e então pararam o carro para dar-lhe liberdade, e sabe o que fez?  saiu direto para pular dentro do carro pela janela , o homem o chutou mas ele não desistiu e quase matou  o rapaz que sobreviveu graças a intervenção de outros Guardas, munidos de pedaços de pau.  Bem, devo  dizer que este foi um filme feito sem planejamento, um instantâneo da vida real. Em nenhum momento estou aqui afirmando que os documentários não são verídicos, quem sou  eu para tal...mas confesso que gostaria de ver qualquer um deles vir brincar com uma SURUCUCU de mais de três metros, ainda mais se dispusessem apenas daquele ganchinho que mostram ou, as vezes um simples pedacinho de pau. Eu gostaria de estar assistindo [Pra ver se aprendia]. Fico me lembrando das situações que vivi quando andava com os Índios na Floresta.. As  vezes caçando, as vezes pescando, as vezes colhendo frutas.  Aqui a realidade é bem diferente destes filmes.  Um dia fomos a um grande  Barreiro que distava cinco horas da margem do Eiru, estávamos em um expedição  de caça para trazer para a Maloca carne de Anta. Eram cinco índios e eu, Todos estávamos armados, e de repente o mais velho e líder do grupo parou, ergueu a cabeça, e fez movimento com o nariz farejando o ar, passava uma leve brisa pois estávamos na beira de um Igarapé. De imediato todos pararam e ficaram olhando o seu chefe que , se agachou, e encostou a cabeça no chão colando o ouvido na terra disse: ZUMARRI.  Creiam; em fração de uns cinco segundos quando olhei para onde estavam, não vi mais ninguém. Ja ouvi a voz do Tuchauá, que estava no alto  de uma árvore quase gritando para mim: Zumarri buqué Nirrá. [Onça Valente venha pra cá ]´realmente logo depois uma enorme Onça Pintada apareceu na trilha na qual tínhamos vindo. Ela vinha com a cabeça baixa nos farejando. Índios são pessoas da Selva, eles respeitam os fortes predadores, não agarram cobras grandes e fortes, pois não querem morrer. A onça é temida e respeitada. Ela é a encarnação do Espírito dos guerreiros dos Deuses. é a rainha da Floresta, e tão perigosa quanto a SURUCUCU. 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A difícil pesca das sardinhas de Igapó. Pesca com anzol 4

CURIOSIDADE---
As Sardinhas de água doce,são peixes pequenos e extremamente rápidos, e sagazes.  Para conseguir pesca-las, todo o ruído, movimento brusco dentro da canoa estão proibidos. Todo cuidado é pouco para não afugentar. Uma isca muito boa é miolo de pão, fresco mas nos seringais aonde não existem padaria, as pessoas peneiram a farinha até ficar bem fina e então  molham a mesma e amassam nas mãos, até conseguir uma massa visguenta, então pequeninas bolinhas são moldadas, e colocadas em um anzol bem pequeno e fica, o pescador lançando repetidas vezes a linha. Não pode deixar que a isca afunde mais que vinte centímetros porque outros peixinhos vão fisgar, mestras nisso são as Matapiris peixinho pequeno que habita a região . Muito gostosa e se come bem frita é uma delícia. A linha da pesca de Sardinhas , não deve ter chumbo, e seu tamanho não deve ultrapassar os três metros para pescar dentro dos Igapós, que é a floresta alagada.. As Matapiris que sempre atacam as iscas  para as Sardinhas são as bem pequenas por isso é necessário  evitar seu ataque, São comedoras de isca, e nã vale a pena pesca-las.  Quando se está navegando dentro dos Igapós em busca das Sardinhas, um truque muito usado para atraí-las, é desfazer ninhos de Cupim que são construidos em forma de bolas. São negras e estão sempre perto do  nível da água, .Com o próprio remo o pescador desfere pancadas e assim o ninho vai se desfazendo em pedaços, e os Cupins começam a nadar e atraem as Sardinhas. Aproveite a deixa para jogar junto seu anzol e ... boa pesca.

Pesca com anzol [ Camorim ] 3

CURIOSIDADE---. Camorim, é o nome que se dá a um tipo de pesca  que só  possível, acontecer nos lagos, pois precisa de águas sem correnteza. Na Amazônia existem vários tipos de madeira bem leve que flutuam. Uma destas é a Malva , de cor branca,nasce sempre nas capoeiras ao redor dos roçados feitos para plantar Mandioca. É muito boa para a fabricação de peças de artesanato.  Já li em algum lugar que os Gringos a usam em determinadas peças dos aviões supersônicos pois ela não racha, nem se dilata em qualquer circunstância.  Com esta madeira  o caboclo, faz um rolo  do tamanho  e grossura de uma latinha de cerveja, nele prende  uma linha de Nylon fina com três metros óu quatro depende do lago ser ou não fundo, nesta linha um anzol pequeno sem chumbada e uma isca de peixe, com preferência para o Sarapó.  Este é um pequeno peixe de formato  alongado muito parecido com os Poraqués, os Peixes Elétricos, e alguns livros os descrevem com esta capacidade, mas não é verdade. Eles são pescados nos lagos com Tarrafas e sempre os pescadores os soltam pois ninguém os come.  O peixe que o prefere como isca é a Pescada.   Nos lagos depois de colocada a isca no Camorim, o pescador desenrola um metro da linha e deixa que afunde, logo algum peixe fisga e então vai ser uma agradável batalha par o trazer para a canoa. Por vezes os grandes peixes de couro, também são atraídos pela isca e complica a captura.  Surubins e Capararis, são os peixes citados.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Pesca com anzol 2

CURIOSIDADE---

 Sempre no inverno, é tempo de muitas frutas na floresta. Os peixes adentram a Floresta em busca de comida, e algumas espécies tem preferência por algumas frutas específicas. O Tambaqui, gosta de varias mais a sua preferida é a Biorana  Quando estão caindo  da árvore, é comum os caboclos comerem as que estão flutuando. Sua polpa tem o gosto meio azedo, sua cor é um verde musgo e sua polpa é macia, e muitas pessoas gostam.  Os  Pacus preferem uma fruta pequena que forma cachos,de cor vermelho escuro quase negro de nome João Mole. Retiram-se os cachos e nas margens do Rio ou nos Igapós, é fácil pegar muitos. O pacu da região tem o formato bem redondo e não é tão grande quanto o do pantanal. Existe uma espécie nos Igarapés grandes chamados Mafurás, que tem umas manchas redondas vermelhas e só existem nos poços fundos dos Igarapés.   É um peixe valente no anzol e quando fisgado costuma deslizar em alta velocidade sobre a água. Muito gostoso, no inverno acumula muita  gordura e existe quem o ache enjoativo. Os pacus dos rios crescem mais que os dos Igarapés, e a espécie mais comum é chamada de : Pacu de Senhora. Os maiores ficam do tamanho  de um prato raso.

Tipos de pesca no rio Eiru com anzol 1.

CURIOSIDADE---

Muito comum no Eiru é a pesca do Babau,no  verão. Como se sabe o Rio desce a níveis bem baixos e no seu leito  aparecem inúmeras galhadas e troncos de árvores  caídas  nas cheias, e estes galhos escondem os peixes que costumam viver nas correntezas. Normalmente o Eiru não tem uma forte correnteza senão quando começam seus ripiquetes, com as primeiras enchentes. Voltamos a pesca de Babau, é um peixe de couro [não tem escamas] de tamanho pequeno, os maiores medem 40 cm.  Esse peixe está sempre gordo e isto faz os pescadores os perseguirem. Com uma vara de mais ou menos três metros , [ as varas  que se usam aqui são conseguidas  nas margens do rio,]  um anzol de 5cm na ponta de uma linha com quatro metros, está pronto o equipamento. O caboclo entra em uma canoa pequena, e desce o rio, sem remar, [ aqui dizemos que a pessoa vem de borbulha, ou seja flutuando sem ação.] e ao longo do percurso vai batendo o anzol com isca de peixe  na água. Não pode deixar o anzol afundar , pois o Babau, navega em pouca profundidade e seus ataques a isca se dão ao rés da superfície.  Precisa estar atento a fisgada , que é rápida e forte. Muitas pessoas se assustam, quando não  estão esperando, e perdem o peixe que leva a isca.  As vezes os canoeiros andam uma hora descendo o rio, e em dias bons, conseguem peixes para o  almoço  e jantar.   A preferência no preparo é fritar, e com o óleo, ou banha de Anta restante, fazer uma farofa com FARINHA de MANDIOCA, como não podia deixar de ser.  Dizem ser excelente seu gosto.  Nunca vi ninguém fazer esta pesca no JURUA.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Solidão...

Noite longa, sem  sono.  A solidão trás devaneios,  pensamentos, encontro com o nada e resolvo sair para andar por aí. Madrugada fria, quase manhã, vou caminhando e na rua deserta, meus passos vão acordando o Sol.  Dedico aos que podem e não querem dormir, também aos que querem, e não podem dormir.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

CONTO--- Meu melhor NATAL

                                                                       Parte 1
Dezembro de 1981, uma chuva fina e persistente caía desde a manhã, tornando o dia frio e nublado, mas nem esta situação, afastava o pequeno Zezinho de uma fresta na parede de madeira de nossa loja, aonde estavam guardados as caixas com brinquedo chegados para o Natal. Na pequena Comunidade tudo se sabia, e o "Natal Festa "agora que tinha a participação de todas as pessoas, era realmente um acontecimento Sócio Religioso, da maior importância.  O corpinho magro e desnutrido sem a proteção de um agasalho, ou mesmo uma simples camisa,tremia levemente, mas o pequeno menino não se afastava da fresta mágica, de visão tão tentadora. Zezinho era o filho de uma jovem mulher recém chegada em uma das viagens de  nosso barco, que trazia mercadorias e pessoas para trabalhar. Ele era fruto de um relacionamento juvenil e inconsequente, que deixou como marca de sua imaturidade, apenas um pequeno ser humano penalizado pelo fato de sua mãe pobre, não ter estrutura social , econômica para criar filho, principalmente por ter sido excluída da família que não tinha como receber mais uma boca para sustentar. Quando Zezinho nasceu,sua mãe tinha apenas doze anos. Agora com sete anos, ele nunca tivera o direito de ser criança, era explorado pela mãe que, sem piedade o encarregava das  mais duras tarefas domésticas, com uma insensibilidade e indiferença, que revoltava  a quem via tal comportamento. Zezinho cuidava de uma irmã de  quatro anos também sem pai, e ainda era responsável pela limpeza da casa, varrer, carregar água para lavar louça,para  beber, tarefa que executava com muita dificuldade pois tinha que descer uma enorme ladeira, e retornar subindo com um balde de dez litros cheio . Nos poucos momentos que se entretinha brincando, se era descoberto, era castigado com uma surra de galhos de arbustos, e seu corpo magro, frágil era marcado, tal como sua mente que não conseguia entender porque tanto maltrato. Pelo fato de ter uma alimentação inadequada a sua idade, carente de proteínas, vitaminas,sais minerais, o corpo de Zezinho com sete anos era do tamanho  de um menino quer apenas tivesse cinco. Outros meninos de sua idade  , um pouco mais velhos, sempre mais robustos e espertos, o maltratavam com pancadas e o pior:xingavam,e mostravam desprezo por sua condição de menino sem pai. Na verdade, o fato de não ter pai nem era tão grave entre aquelas pessoas, o que realmente contava é que Zezinho era fraco e nunca ninguém se interresara por ele.  Nossa Comunidade era formada por pessoas vindas dos Rios Tarauacá, e Jurua tanto de seringais quanto das Cidades de Eirunepé e de Envira.   Muitas destas famílias em seus lugares  nativos, pela sua condição de pobreza, nunca tiveram  vida social decente e participativa, nunca comemoravam aniversários, reuniões de Natal, estas coisas tão comuns.  Na nossa Vila, incentivamos e prestigiamos a vida Social de todos.  Criamos um serviço de divulgação com gaitas de alto falante, no qual, a todo anoitecer tinha um programa para divulgar as notícias da empresa mas também para dar  oportunidade a Comunidade de se comunicar, parabenizando os aniversariantes do dia, enviando mensagens e coisas assim que tiveram grande aceitação e participação da população. Aos poucos fomos mudando os conceitos, e sempre incentivando ações de amizade e respeito entre eles. Eles todos estavam vivendo uma nova e surpreendente  fase de vida da  qual todos estavam conscientes que devia ser cada dia melhor.  Esta nova Empresa de minha família, criada para implantar um grande Seringal de Cultivo de  Mil Hectares, foi possível graças a um programa chamado Probor 2  de um Órgão Governamental que era direcionado para o setor de heveicultura principalmente para aos moldes da Malásia fazer surgir Seringais produtivos e organizados, por  planejamento técnico. Sudhevea, era o nome desta Secretaria que, ao criar o programa, esqueceu de dotá-los da alta tecnologia existente nos pequenos seringais da Malásia. O local  escolhido por nós tinha sido a de  sede de um dos Seringais Nativos de nome Mourão, em cima de uma chapada de terra firme alta, criamos toda estrutura necessária. Desmatamos, limpamos a terra fizemos Jardim Clonal, Sementeiras, e plantamos 1.200 hectares com tocos de Seringa selecionados. Construimos casas, até um hotel, um Clube de danças para  os fins de semana, incentivamos o Esporte e um campeonato de futebol, também Voley, com divisões de Classes A e B, e diversos times, para abrigar tanta demanda.   Instituímos a lei seca, pois apesar do lucro fácil que bebidas alcoólicas podiam trazer, o prejuízo Social seria um fato desastroso. E esta vila tinha organização impecável, todos eram incumbidos de responsabilidade, todos se sentiam proprietários, e trabalhavam com interesse.   Em nossa juventude, meu irmão e eu tínhamos sido militantes de movimentos esquerdistas, e o nosso "comunismo" [nunca usaríamos este nome...eles não entenderiam.] agora se fazia presente, nesta maneira de cultivar um ambiente fraterno entre as pessoas e de enfatizar o valor da Família.Ssurgia ali o que meu irmão e eu passamos a designar como: Socialismo Caboclo. 
Junto a Prefeitura Municipal de Eirunepé, conseguimos a construção de uma Escola em alvenaria, com duas salas de aula, e um outro cômodo que abrigava a professora e o material escolar.  Obrigamos as crianças a participarem das aulas e em caso de falta, éramos avisados e questionávamos os pais, mostrando a eles o valor de estudar.Aulas pela manhã e a tarde, cuidava da alfabetização e do Ensino fundamental [primário] as noites meu irmão e eu dávamos aulas para os adultos e eram aulas práticas, bem ilustradas pois meu irmão também desenha e com criatividade, conseguimos despertar o interesse  daqueles homens rudes e cansados da  jornada de trabalho do dia. Houve um grande aproveitamento nestas aulas, ficamos felizes.  Muitos jovens e até meia idade  que em Eirunepé e Envira eram alcoólatras, conosco se tornavam seres produtivos , esportistas artistas e sobretudo responsáveis cidadãos. Como exemplo  destes fatos,vou citar o caso de um jovem amigo nosso de infância que  tinha se deixado dominar pelo vício do álcool. Ótima pessoa, simpático honesto, trabalhador, cantava muito  bem, bom esportista com destaque para Voley, conversamos com ele, e demos a ele um emprego de responsabilidade e confiança. Sacudimos seu ego, seu amor próprio, e o resgatamos da  bebida.Construiu família, e ficou por quatro anos cada vez em melhor condição social. No nosso regime de lei seca, era  terminantemente  proibido trazer e vender ou consumir álcool e seus derivados.  mantínhamos uma ferrenha vigilância  que era prestigiada principalmente pelas donas de casa.O rapaz era o Raimundo Nonato , popularmente conhecido como :Buzuca.  Estava forte, era atleta, mas um dia com muito dinheiro no bolso foi a Eirunepé, sem a nossa presença, e, depois de tanto esforço, houve o retorno ao vício e ele, nosso amigo, um irmão por afinidade, morreu  afogado bêbado em uma poça de áua na beira do rio .Sentimos profundamente esta perca, mas não desistimos de lutar pelas pessoas, perece que Deus, nos mostrou naquela morte, não uma derrota, mas sim o dever de  melhorar a luta que tínhamos travado.  Nossa Vila ficou bonita, casinhas padronizadas, nenhum trabalhador pagava aluguel, apenas exigíamos que cuidassem bem. Luz elétrica até onze horas da noite,,era muito bom viver ali, e as  vagas de trabalho quando apareciam eram disputadas a tapas. Os fins de semana, eram sempre prestigiados por excursões previamente agendadas, por Escolas, Times de Futebol autoridades de Eirunepé que iam  ver , e desfrutar das maravilhas que nosso povo tinha: muito esporte e uma piscina construida em um Igarapé de águas  negras e limpas, onde os nadadores submersos pareciam seres de bronze.  Era tal a demanda das vagas que nos facilitava o direito de selecionar.
                                                                           Parte 2  
Nossos trabalhadores recebiam em dias seus salários que nunca atrasou. Nunca em nenhum momento nenhum deles foi por nós desrespeitado no seu direito de Cidadão, e eu sou feliz por isso.                     A mãe de Zezinho, veio como tantas outras em busca de um lugar para trabalhar e morar, sabia que aqui poderia sustentar os filhos. Não tinha especialidade alguma em trabalhos e foi destacada para a limpeza das  estradas de plantio, mas não foi aprovada pelo capataz Sr. Mariano um homem rude, porém honesto e trabalhador além de justo.Ele não aprovou o trabalho experimental dela e assim não poderia ficar. Uma coisa porém ela tinha para contar a seu favor: seu pai havia sido um velho amigo e seringueiro de meu pai e ela estava mesmo precisando deste trabalho para sobreviver. Sua historia era triste , mas comum e cada dia mais casos assim se vê. Tinha fugido de casa, com onze anos e se prostituiu, nem sequer veio ao seringal ver sua família quando seu pai morreu. Cedemos a ela um quarto em um dos galpões de hospedagem, falei eu mesmo com Sr. Mariano que se tornara meu amigo, expliquei o porque da aceitação, e a chamei para conversar, recomendei seus filhos pequenos, cheguei a dizer-lhe que só por causa deles ela ainda estava ali. Reiterei minha recomendação com seu comportamento com seus filhos pois as pessoas estavam comentando os mau  tratos que ela os dava. Aos poucos ela evoluiu na escala social da comunidade, mas seu descaso com as crianças, continuava. Chamei-a e sem rodeios disse-lhe que na próxima denuncia eu a mandaria embora e ainda faria uma carta de denuncia as autoridades de Eirunepé. Ela chorou e alegou que era uma vizinha que estava lhe perseguindo, que era mais uma injustiça que recebia, mas não mudei de pensamento e avisei que ela estaria sendo vigiada por alguém de minha confiança.                                                                 Passei sem me dar contas a observar Zezinho, e fui descobrindo uma figurinha complexa, que se perdia entre os desencantos de nada ter e a  doçura de seu espírito quando pacientemente cuidava de sua irmãzinha chorona e protegida pela mãe. Era um bom menino. Era acostumado a não ser ninguém, a não ouvir uma palavra de carinho, um gesto amigo, e isto ao passar dos dias ia me ganhando como um aliado pronto para defendê-lo.  Procurei-o, tentei conversar, consegui poucos sons fracos e tímidos, e quase  não o vi me fitar  , seus olhos grandes, castanhos estavam sempre baixos como  se fosse proibido olhar em frente.. Era arredio, demonstrava medo a uma simples aproximação. Eu já não conseguia deixar de pensar  no drama que aquele pequeno ser  carregava sobre os ombros, e decidi que mudaria sua vida, lha daria o direito de ser humano, de sentir e ter reações próprias das crianças.  Para conseguir me aproximar, andei organizando umas corridas de velocidade na orla do campo de Futebol após o horário de trabalho. Era a hora sagrada do meu jogo, mas, forcei a barra para Zezinho  se enturmar e, no início uns dois  meninos filhos dos trabalhadores mais abastados quiseram humilhar o pobrezinho, Deixando ver que eu o estava ajudando, interferi nas ações de ataque dos  moleques, falei que agora o Zezinho estava trabalhando para mim, e ainda reforcei o status do menino dizendo aos outros que ele faria a seleção de quem poderia ou não competir.  Qualquer outro menino teria ficado se sentindo o dono da  bola, mas ele disse-me todo envergonhado que nem sabia brincar direito e que os outros eram melhores que ele.. Continuei nas tardes, e agreguei as disputas pequenos prêmios que fazia questão de dar aos vencedores, sempre conseguindo colocar Zezinho com meninos menores que ele. Finalmente consegui depois de perder uma semana de esporte quebrar o gelo e Zezinho começou a não fugir das  minhas conversas com ele. Notei que ele ficou impressionado com o que falei de ele estar trabalhando para mim, e sempre que podia me perguntava quando é que iria começar, então criei algumas tarefas para ele executar, mandava-o levar bananas para minha casa, perto da loja, mandava limpar botas, dar milho para as  galinhas e me senti recompensado pois ele se sentia útil, e acho que até importante, pois não aceitava ajuda de ninguém e caprichava no que fazia.     Certo dia ao chegar na loja, vi diversos meninos comentando o que ganhariam no Natal; agora conheciam o Papai Noel, acreditavam que ele ajudaria seus pais a comprar os brinquedos. Estavam perguntando quais os brinquedos que  viriam,  qual o mais bonito. Entre minhas atividades  na Empresa estava o de ser Diretor Comercial e quem fazia as compras do Natal era eu. Consegui despertar nas pessoas o prazer de comprar , de consumir um pouco de supérfluo E criei um mini Shopping. Dentro de uma casa grande que nos servia de loja para estivas, fiz divisões, criei boxes, e em cada um coloquei um tipo de artigo que ia desde artigos para crianças, a material esportivo , bolas para Futebol e Voley da marca Mikasa chuteiras importadas da Mizuno, Adidas Tiger, enfim outras lojinhas para mulheres, e a maior para atendimento aos trabalhadores.  Foi um sucesso, muitas pessoas de Eirunepé se deslocavam até ao nosso Shopping para adquirir produtos importados que eu trazia da Zona Franca de Manaus.A diversidade de produtos de nossa lojinha, fazia a festa das pessoas que na época não tinham aonde comprar estas "novidades".  Os meninos estavam sempre que  podiam indo a loja para ver se algo ja estava exposto, e uma pequena reunião deles acontecia, com cada um deles se enaltecendo mais e dizendo que o melhor brinquedo seria seu. Aproximei-me e perguntei ao Zezinho o que ele iria ganhar, ele como sempre tímido nem falava e minha pergunta foi respondida por outros meninos que disseram: esse ai não vai ganhar nada. Ele nem sabe quem é o Papai Noel, e nunca ganhou um presente na vida.. Zezinho cabisbaixo, pegou sua irmãzinha pela mão e saiu. Achei que aquele corpinho magro, agora estava carregando um peso muito maior que o do pesado balde de  água que costumava carregar...era o peso da humilhação. Chamei por ele mas não atendeu.  Na nossa Sociedade, agora as pessoas valorizavam e participavam ativamente das datas comemorativas. Toda semana as quinta feiras, reuníamos todos na Escola a noite e nesta reunião meu  irmão e eu fazíamos uma palestra sobre  vida em sociedade, respeito ao próximo e isto nos ajudava muito  a gerenciar, pois um mínimo de conflitos existiam e sempre fáceis de solução. Assuntos da empresa, mudanças de áreas de trabalho, mutirões, prestações de serviço executados, acertos dos chefes de equipe, datas comemorativas, esporte , tudo era debatido nesta ocasião.  Era o mês de Outubro, e eu estava me programando para ir a Manaus, para fazer nossas compras de Natal.  Esta parte de organização não  sofria a interferência de meu irmão que sempre era mais ligado ao esporte e as festas dançantes da Discoteca aos fins de semana, quando então ele não contava comigo que apenas aparecia nos bailes para assistir um pouco, e logo sair. as festas varavam as madrugadas e algumas vezes ao amanhecer  ainda estavam dançando.  Meu irmão importou de  Manaus o que melhor tinha em equipamento de som na época, e as festas eram concorridas.  Nesta minha ida a Manaus, eu traria também compras pessoais pois era a única ocasião que eu dispunha de tempo para ir a capital, agora também transformada no melhor Centro de.Compras do País, por conta da Zona Franca. Eu mudava de relógio, comprava botas , comprava um novo equipamento de som, aparelhos de Rádio gravadores, muitos discos, fitas K7, e novidades que eu via, além de umas facas de boa qualidade importadas, que eu sempre usava em minhas incursões na selva. Os brinquedos e minhas compras pessoais, eu despachava no avião pois o peso não era tanto, as outras coisas, eu despachava por algum barco que estivesse saindo para Eirunepé , apesar da demora de  vinte ou mais dias, tinha tempo suficiente de chegar bem antes do Natal.  Os volumes que vinham despachados na Companhia aérea, eram bem recomendados com etiquetas de Frágil para não chegarem quebrados.                                                                                                        Depois  de um acerto com meu Pai, passei a acumular também o gerenciamento dos Serigais do alto rio Eiru que antes eu dividia com meu irmão. O trabalho aumentou muito, e meu tempo agora era resumido e estafante pois meu irmão não administrava a Comunidade, com  rigor, e sempre que eu voltava das  viagens que tinha que fazer a cada  quinze dias para atender os seringueiros, no meu retorno, sempre apareciam questões de brigas e outras coisinhas que de qualquer forma quebravam  a harmonia de nossa Comunidade.  Neste ano, eu estava indo a Manaus bem depois do que sempre eu fazia, por causa do novo trabalho nos Seringais.  Eu conhecia todos os seringueiros, e ajudava meu irmão a gerenciar desde 1964, mas meu método de trabalho era outro, eu sempre fui muito exigente tanto com  quem trabalhava comigo quanto com meu desempenho. Assim um seringal que produzia nove toneladas, consegui em três  anos elevar para mais de vinte  a produção anual.  Posso assegurar que não foi brincando que o consegui. Estabeleci premios para cada viagem ao melhor produtor, comecei a prestigiar os que produziam [ sempre existiram os que não gostavam de trabalhar] e cobrar empenho dos que eram descuidados com sua família. Promovi uma tabela de produção a ser alcançada com a adesão e responsabilidade de cada um.Foi um sucesso.  Meu pai ficou feliz e isto foi meu melhor pagamento.                                                                                            Nas compras que fazia em Manaus, eu abastecia também minhas lojinhas do nosso centro comercial, e me surpreendia com as novidades que encontrava a cada ano. O certo é que sempre ficávamos com um estoque bem sortido e cheio de atraentes artigos surpresa.A vila ja tinha organização urbana, e algumas ruas, nestas festas  de muito concorrência eram estimuladas a serem ornamentadas pelos seus moradores e uma premiação era dada a  melhor delas. Quando eu chegava de Manaus começavam os preparativos para o Natal, e desde então o clima da Comunidade era voltado para este evento.  De Eirunepé, sempre vinham Freiras que passavam dias exercendo uma catequese com reuniões e umas Novenas, as noites. Nossa Comunidade tinha creio que, 90% de Católicos, e eu não interferia nestes eventos, apenas cuidava de discretamente  dar apoio e segurança.  Ao chegar em Eirunepé, eu tive que esperar por mais uma semana que era o tempo que necessitava para chegarem as caixas com compras que eu tinha despachado. O avião não tinha como trazer tudo de uma vez.   Aproveitava estes dias para estar com meus pais sempre perto, minha Mãe sempre reclamava de minhas ausências prolongadas e então eu cuidava de colocar em dias a saudade acumulada. Quando minhas compras chegaram, eu que ja estava com um barco a disposição, partia para minha casa não sem antes recomendar a meu Pai , que as compras que eu fizera para a loja do Mourão, ele não devia deixar meu outro irmâo [que residia em Eirunepé] as abrir e de  lá retirar nada.  Em Eirunepé tínhamos a maior loja da Cidade e não tinha porque fazer isto, embora ele sempre o fizesse.  Minha chegada ao Mourão era aguardada com ansiedade, e toda a Comunidade sabia do cuidado que eu tinha de sempre descobrir coisas  novas atraentes e trazer para o Seringal . Era tanta a satisfação dos nossos trabalhadores que quando estavam na Cidade, se permitiam ao luxo de esnobar seus amigos falando sobre o nível de artigos de nossa a loja. Era gratificante ver o que tinha conseguido com estas pessoas. Ao chegar era um dia de Sábado, lembro bem que toda a população  estava no porto para me receber, e com certeza o motivo maior era perguntar quando começaria a organização do Natal.
                                                                   PARTE 3
Muitas pessoas me acompanharam até minha casa que ficava em uma das duas terras altas que dividiam a entrada do Mourão. Sabendo que eu chegaria, uma das moças que trabalhavam comigo tinha providenciado uma panela cheia de suco bem geladinho, e distribuiu com asa pessoas que estavam lá. Sentado na calçada de minha casa e rodeado dos amigos a conversa rumou para os preparativos do Natal, e eu prometi que segunda feira faríamos nossa reunião de planejamento, para escolher  pessoas que trabalhariam na organização, e começaríamos a limpeza e a pintura das casas, e prédios da escola loja Discoteque , postes de luz, etc.  Era grande o número de pessoas que queriam trabalhar na organização e nem queriam ser remunerados, apenas queriam estar juntos talvez pelo clima de festa.Eu tinha que ir aos seringais do alto, e programar também a vinda das pessoas de lá. saber quantas viriam, e determinar a data . O tempo parece que correu, logo Outubro se foi, e Novembro estava curto para tantas atividades, era tempo de recolher as "Pelas " de borracha que estavam sendo retiradas dos igarapés. Formei três equipes de gente da minha confiança e os encarreguei desta tarefa. As  borrachas ficariam  em um depósito no Barracão do Santa Maria, no alto rio, onde eu também tinha uma casa, um armazém e uma loja. Quase eu não tinha mais contato com o pequeno Zezinho. As compras deste ano tinha sido melhores que dos outros anos, a medida que o tempo passava, mais novidades chegavam  Manaus.  Os brinquedos estavam cada vez mais sofisticados e bonitos, e passando por uma das grandes Importadoras, eu vi na vitrine, um avião, modelo Boing,  medindo 65 cm.e movido a seis pilhas, tinha uma tecnologia bem avançada e era realmente um super brinquedo, comprei-o. Eu tinha um imenso prazer em poder colocar no nosso seringal coisa que Eirunepé não tinha, nossa loja ou nosso  centro comercial era abastecido com o que havia de melhor em Manaus. Para o  esporte eu  vendia bolas da Mikasa, para Voley e Futebol, chuteiras da Adidas, Mizuno, Tiger, camisas  e agasalhos da Nyke, enfim era uma loja de sonhos para o local. Pessoas de Eirunepé sempre que podiam nos visitavam e faziam compras nas lojinhas. Os outros brinquedos também eram movidos a pilha, Tanques de Guerra, Carros, Tratores , pistolas espaciais cheias de luzes e barulhos, bonecas que falavam, estojos de maquiagem, perfumes e relógios bons, e tudo produzido no Japão.  Meu pai via com simpatia e entusiasmo minha dedicação e me apoiava em tudo.Nossas reuniões semanais eram palestras desferidas  por meu irmão, muito  culto e por mim auto didata, mas sábio no trato com eles. Enquanto meu  irmão morando no seringal também,não saia da vila senão em trabalho no barco, eu andei em todos os lagos, conheci a maioria das estradas de seringa, acompanhei seringueiros a sangrar, e colher  o Latex, caçei com ìndios, morei em uma maloca[aldeia], aprendi seu idioma , eu tinha uma maneira interativa de administrar. Estava perto o Natal, as ruas estavam limpas, as casas pintadas as frentes, toda a pintura estava concluída, e posso dizer que se respirava o ar do Natal. Parentes de nossos trabalhadores estavam vindo para os dias de Festa, o clima de natal estava em todos , nas casas no trabalho, na amizade, no companheirismo, era mesmo um Socialismo Caboclo para nosso orgulho.Chegou a semana da festa. Nossos capatazes estavam organizando os atendimentos para as pessoas comprarem com antecedência seus presentes. As compras ficavam na loja onde embalávamos e colocávamos os nomes dos donos, Uma equipe de seis moças foi contratada para organizar tudo conosco, a cada ano, era necessário mobilizar todos os funcionários nesta organização. Os meninos haviam feito uma brecha na parede de madeira, para curiar os brinquedos que estavam nas prateleiras, e sempre os via conversando discutindo quem seria o dono do avião, mas nunca vi Zezinho até que, já faltando dois dias uma tarde com chuva, enquanto as  moças arrumavam as butiques, vi Zezinho  colado na parede, todo molhado, tremia de frio mas não abandonava a fresta mágica, era uma oportunidade de também dar  uma olhadinha. Pedi a uma das moças que fosse em uma das casas próximas fazer um copo de Chocolate bem forte, e enquanto isso pedi ao Nonato que trouxesse o Zezinho ao Escritório. Quando Nonato pegou em seu braço quase ele morre de medo, estava tão absorto na espiada que nem o vira chegar. Foi uma luta trazer o menino, mas o tranquilizamos e quando o Chocolate quente chegou, o convencemos a toma-lo, mas tivemos que sair de perto, e fingir que não estávamos ali.   Não estavamos deixando pessoas entrarem nas lojas antes os dias de venda, somente atendíamos na  loja que vendia artigos de casa, mantimentos etc, mas resolvi levar Zezinho para ver os brinquedos,algumas pessoas que estavam na loja estranharam aquele comportamento, pois ele era um menino pobre, sua mãe chegara a pouco tempo, não tinha dinheiro para comprar senão o necessário, mas, deixaram pra lá até ´porque nada podiam fazer. Duas das moças e eu, entramos na lojinha com Zezinho. Ele parecia estar encolhendo de tanta  timidez. Olhou os brinquedos como se visse um ET, Nem acreditava que estava ali tão perto deles...se tivesse coragem contaria aos meninos. Viu o já famoso Avião, e seus grandes olhos, despertaram, sua pequena boca ficou entre aberta, e ele parecia em transe. Deixei-o a vontade. as moças falavam com ele , sobre os outros brinquedos mas, imóvel ele tinha os olhos somente para  aquele avião. Saímos e pedi que uma das moças trouxesse  uma camisinha de malha de algodão e desse a ele em troca da que usava, toda rasgada e molhada, pedi que fosse deixa-lo em casa para evitar  uma surra que por certo levaria.  AS moças usavam gorros vermelhos com as bordas de algodão,nosso serviço de "rádio", estava gora direto com músicas  Natalinas e Nordestinas bem animadas, também de hora em hora um dos rapazes era incumbido de soltar rojões e isto tudo misturado ao grande  número de pessoas nas ruas, até parecia uma cidade de verdade. Nonato de  hora em  hora ia transmitir algum comunicado nosso, e aproveitava para parabenizar as pessoas neste momento  de paz e amor, falava de Cristo, se sua importância para o mundo, e agradecia em nosso nome a felicidade que andava junto as pessoas. Estávamos cansados todos nós. nosso dia de trabalho estava começando as sete da manhã e com uma pequena pausa para o almoço ia as seis da tarde e outra pausa para o jantar nos separava de  uma nova etapa que durava até a meia noite.Mas todos eram felizes, ninguém reclamava. Eu tinha  um rapaz meu amigo de infância que se tornou cozinheiro de embarcações no Jurua, e agora eu o trouxe para trabalhar  para mim, ele providenciava a comida de minha equipe de Natal.
                                                                      PARTE 4
Finalmente havia chegado o dia do Natal.. Bem cedo Nonato havia mandado funcionar nosso grupo gerador e o som estava no ar com uma  programação de músicas bem eclética. Isto impulsionou o animo de todas as pessoas que estavam vivendo este evento  neste dia feriado, as pessoas estavam em total confraternização, com amigos ou desconhecidos. A cidadezinha fervilhava de pessoas andando, brincando, correndo cantando e prontos para participar de um longo programa de brincadeiras que Nonato estava anunciando. Desde as seis horas as moças bem como todos os  funcionários estavam na minha casa e tomariam um café reforçado para o dia que começava. Sete horas, chegamos na loja e lá, designamos atividades para cada um executar.. Colocar em frente as casas, um jogo de luzes também, e nos postes da rua principal. Carregar as cadeiras da Escola para o salão de danças, Colocar tambem três mesas que emendadas, daria para acomodar a nossa equipe de organização, ornamentar  o salão com aquelas tranças de papel laminado brilhante, e muitos jogos de luzes, e vários rostos de Papai Noel em plástico de vários tamanhos, conduzir os presentes e arruma-los ao pé da árvore de Natal que ja estava decorada com muitas bolas coloridas e luzes, eram muitas coisas que ainda faltavam ser feitas,mas eu sabia que as meninas dariam conta de seus afazeres e para ter mais certeza coloquei cinco rapazes para ajuda-las. Fiquei na loja, no Escritório. Havíamos convencionado que neste dia não atenderíamos nada de atividades comerciais, mas vez por outra chegava alguém que m funcionário educadamente ´expicava ser impossivel o atendimento, logo pessoas do povo mesmo diziam, :teve tanto tempo. Hoje não é justo e assim tudo se resolvia.As nove horas da manhã começaram as disputas de brincadeiras, corridas de velocidade, dentro de um saco, carregando um ovo sem derruba-lo, o ovo dentro de uma colher, muitas outras brincadeiras  que culminavam com um concurso de tiro ao alvo com Flechas, e a participação dos Índios . Na quadra de  Volei, em um palco de dois metros por três, perto do som, Nonato também organizou concurso de dança e canto. Todas as modalidades premiariam seus vencedores, o que aconteceria a noite na reunião.  A meninada parecia estar  no céu.  estavam sempre perto de mim e perguntavam a toda hora se tinha em que pudessem ajudar, Mandei-os para as brincadeiras com Nonato, mas muitos ficaram me esperando e então, fui ao Campo de futebol onde uma multidão assistia tudo.Alguns garotos, garotas tinham até torcida organizada, era mesmo uma festa espetacular, e meu coração estava  feliz, eu me sentia realizado. Ao caminhar pela rua, fui abraçado por pessoas que há dias ou meses eu não via. Encontrei muitos de Eirunepé que me  parabenizaram pela  magnifica festa, e, nestas horas os meninos que não saiam de perto, para "ganhar pontos" me abraçavam . Tudo estava correndo como o programado. Paramos para o almoço ao meio dia, e em uma hora já estávamos de volta.  Brincadeiras, concursos, tudo terminou as  três da tarde e o som continuava agora com o apoio de rapazes que soltavam rojões para animar mais ainda a comunidade.  Nas casas dos residentes, não tinha mais como acomodar ninguém, todas estavam com excesso de  pessoas. Eram parentes, amigos que vieram para a festa. A empresa tinha dois barcos constantemente comprando peixe no rio Jurua, ambos tinham chegado com um bom estoque, e estavam agora servindo de hospedagem para muita gente. Mandei matar  em uma fazenda de gado que tinha no alto rio, dois bois grandes, e distribuímos para cada família um pouco, para ajudar na comida do Natal. As seis da tarde o serviço de som saiu do ar, convocando as pessoas a irem em suas casas jantar e depois as oito horas seria aberta a porta do Salão de danças.                    Preciso fazer uma observação, pois pessoas que não conhecem a nossa realidade, podem pesnsar que estou super valorizando o trato com as pessoas, em um momento tão belo, mas comum no planeta, e não é bem assim...estas pessoas aqui citadas viviam em condição de pobreza em um lugar que é difícil viver até para quem é rico. Estou me referindo a tipo de vida com possibilidades de uso de bons serviços do Governo, coisas assim, e  esta condição humana deles que conseguimos superar, fazê-los olhar de modo diferente seu futuro, passar a ter aspirações, isto é que valorizou o trabalho de minha família, e posso assegurar; ninguém neste mundo teve  um Natal, tão preso ao seu simbolismo quanto aqueles rudes caboclos que de repente se sentiram importantes, sentiram que ali era diferente de suas Cidades onde o Prefeito no Natal, fazia uma comemoração bem simples com o dinheiro que vinha para isto, acontecia sempre ao anoitecer, e logo eles os ricos, as autoridades se recolhiam as suas belas casas, recebiam seus convidados, partilhavam uma bela ceia, brindavam ao  Menino humilde, mas nem lembravam daqueles que tinham ficado de fora de suas festas. hegavamAqui, cada um trouxe como os Reis Magos , sua  oferenda... de paz, de amizade de construção, de estar  com a família, não somente a sua ,mas a da COMUNIDADE, e sentiu Amor, e viu no nascimento daquele Ser Divino, o nascimento de sua cidadania, ele  reconheceu que o Mourão era o próprio Natal, e foi  FELIZ. As asete horas a frente do salão de dança estava repleto de pessoas. Ninguém faltou nem queria perder esta bela festa. As oito em ponto, nossas ajudantes com um vestido vermelho, um gorro da borda de algodão e um belo sorriso nos lábios abriram a porta  larga e começaram a levar as famílias aos seus assentos. meus funcionários tinham trazido suas famílias mas estavam ajudando e sentariam na  mesa aos fundos do Salão. Adultos e as crianças que chegavam, prendiam sua atenção na grande árvore rodeada de presentes. Eram tantos e tão vistosos, coloridos que quase apagavam o brilho das bolas e dos jogos de luzes que a ornamentavam.. A mãe de Zezinho, ficou bem nos fundos quase invisível, e o menino então desaparecera na multidão. Nonato, dono de fala fácil, fez  a abertura da reunião franqueou a palavra aos presentes e, logo me passou o microfone. Começei agradecendo, a colaboração de meus empregados e afirmando que eles eram tanto quanto eu, os responsáveis por tudo que estamos vivendo, E estendi este posicionamento aos chefes de turma, aos anciãos que serviam de Garis, as crianças que faziam a alegria e a Esperança nos dias que viriam, nos amigos que nos prestigiavam com suas visitas, e dediquei  a minha participação a meus .Pais, meus Heróis e meu exemplo  de vida. Distribuí prêmios aos meus empregados, as moças que trabalharam e depois então eu disse que ali, naquela noite Especial, eu havia conversado com o Menino Deus, no meu coração,  e queria fazer um  reparo a uma  vida de sofrimentos e injustiças  agora que estávamos partilhando este Espírito Natalino,  Tratava-se de um pequeno menino, humilde,  fraco, e pobre como tambèm nasceu JESUS. Como o Divino Salvador,  aquele pequeno ser , também carregava uma Cruz. A Crua do sofrimento de não ter ninguém por ele a Cruz que ele sentia a cada dia com uma nova humilhação, a Cruz dos maus-tratos que sofria da vida. Mas meu coração se sensibilizou, e agora ali, na o presença de todos e principalmente de DEUS, eu queria fazer um presente de Natal.  Acredito que nesta hora DEUS esteja sorrindo. Olhei agora mesmo para a porta, e ao ver a fina chuva que cai, vi refletida nas poças d'agua as cores das luzinhas e os pingos que caem parecem que são estrelas que estão descendo do Céu para  enfeitar ainda  mais este momento. Peguei a cx do Avião, desembrulhei-a com o auxilio das  moças, liguei sua chave de funcionamento, e no silencio  que as proprias crianças  faziam se ouviu aquele barulho  de  um jato Acho que Deus estava ali tambem segurando-o, Suas  luzes brilharam como  nunca e senti nas pessoas a emoção do que estava acontecendo. Com o avião nas mãos segui para  o meio do salão e Aluísio dizendo que queria que Zezinho visse o brinquedo, o trouxe para onde eu estava, e então abaixei-me e olhando nos olhos atônitos dele falei bem alto: Zezinho, este avião é seu!    O pobre menino tremia, seus olhos grandes castanhos brilhavam, uma lágrima dançava  de um lado a outro  mostrando sua emoção. Foi a primeira vez que Zezinho chorou sem ser de dor. Nos olhos daquele menino que parecia não acreditar no estava acontecendo,eu VI A GRATIDÃO SE MATERIALIZAR.  AS pessoas agora, muitas delas,emocionadas  , aplaudiam o  pobre. menino.  Aquela noite  foi mágica, Dava para sentir no ar o sentimento  de solidariedade . Ali não havia lugar para a inveja, nem rancor nem ódio. Queria viver esta experiência para sempre . Queria poder acreditar que aquele momento não era apenas fruto de um milagre de Natal. Creiam foi tão emocionante ver as  pessoas se amarem, se unirem para festejar o bem alheio, sei que DEUS estava ali , mais presente que nunca...era ELE  eu sei.Me senti Peter Pan, embarquei no avião ao lado de Zezinho e voamos pelo Céu da Esperança, atravessamos vales,  montanhas, todas de  sonhos e pousamos bem no meio deste sentimento chamado Amor. 

   Este foi meu Natal Especial, foi realmente  meu melhor presente, e nem tentei conter as  lágrimas que teimavam em descer de meus olhos.
                                                       Mourão Dezembro de 1981

                                                           Ecy Monte Conrado

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Um conto que escrevi, baseado em um fato real que vivi, no Natal de 1981.


Parte da minha vida de Seringal, eu a passei, trabalhando em um bonito local de terra firme alta chamado Mourão. Minha família foi agraciada com recursos para implantar Mil Hectares de seringueiras. Resolvemos então que nossa empresa seria voltada para gerar não somente uma oportunidade de trabalho, mas sim um lugar aonde se vivesse com dignidade e respeito, uma Utopia?, na verdade meu irmão e eu que construimos a cidadezinha, e tudo o mais, preferíamos chamar de : Socialismo Caboclo. Construimos uma mini cidade, criamos o primeiro Centro de compras do Município. Tinhamos um nível de esportes bem melhor que o da nossa Cidade, distante de nós por mais de oito horas de  barco, no sinuoso s estreito Rio Eiru. Foi lá,. que tudo aconteceu...                      Aqui na minha cidade  agora são : 0,30 minutos de uma noite fria de tempo de chuva, Pelo fato do Conto ter oito páginas, postarei duas por dia, e espero que gostem,

Jacamim o super pai.

CURIOSIDADE.---

Ter cuidado com suas crias, é um instinto natural a todas as espécies, quando se trata das mães, posto que os grandes felinos africanos matam as crias de outros machos, para forçar as fêmeas entrarem no cio e assim eles gerarem seus filhos. Mas na grande maioria, os Pais defendem seus filhotes com a própria vida se necessário for O Jacamim, aquela ave bonita que passa  a maior parte do tempo no solo, que só sobe nas árvores se estiver sendo perseguido, ou ao anoitecer5 para dormir, quando então busca os galhos mais altos das grandes árvores, e de lá o bando inteiro que chega a ter mais de cinquenta indivíduos, faz de hora em hora um recital sonoro, que vara as madrugadas e alcança longas distancias na selva adormecida.  Pois este moço, tem um cuidado especial pelos seus filhotes que desde novinhos são espertos e sabem como ninguém se camuflarem nas folhas caídas no solo, enquanto o dedicado pai se expõe correndo frente a algum predador.  Uma coisa que chama a atenção de quem cria um animal deste em casa é o fato  de ele, geralmente criado junto as galinhas do terreiro, tomar delas as ninhadas inteiras de pintos novinhos e criar  melhor que as próprias mães, tal seu cuidado em conseguir alimentos para  os pequenos, e muitas vezes fica com fome para alimenta-los.  Animal valente, nem o galo dono do terreiro, mesmo que seja um de raça especial para  briga, vai vence-lo, nem mesmo um grande Pato, ele é destemido, ágil e tem uma técnica especial de  lutar,espera o ataque e então com destreza, pula por sobre o inimigo e cai sobre seu dorso com suas garras afiadas. Quando criado em casa, muitas vezes estranha as visitas, e se torna um perigo, pois nestes casos ataca adultos ou crianças.

Piramutaba, o Urubu d'´gua.

CURIOSIDADE.-

Muito se fala da ferocidade das Piranhas,o que já permitiu a elaboração de filmes com bilheteria garantida, também documentários estrangeiros feitos pelas grandes redes de TV de fama internacional, foram exibidos no mundo todo, divulgando estes "Terríveis Monstros " da Amazônia, predadores que devoram bois e homens sem piedade.  Puro sensacionalismo.  No entanto temos aqui na região [acredito que em toda a Amazônia] um Bagre comum pela alta quantidade que existe em qualquer rio, de tamanho que chega a atingir os quarenta centímetros, que chamamos: Piramutaba, outros chamam  Pintadinha, pois alguns indivíduos tem pequenas manchas pretas,, estes sim, donos de uma voracidade e um grande frenesi alimentar, quando se joga  no rio vísceras de peixes ou de outros animais.  Quando  as mulheres das comunidades estão preparando [Tratando] os peixes para come-los, sempre  o fazem em cima de tábuas largas que são colocadas nos portos das casas para que , tarefas como lavar roupas, louça suja, e preparar os alimentos, sejam feitos ali. Estas tábuas ficam ao rés da superfície, e é comum se vê centenas de  Piramutabas disputando ferozmente os resíduos que são descartados, com suas barbatanas saindo da água, . São atraídos pelo sangue dos primeiros cortes nos peixes.  As mais comuns não ultrapassam os quinze centímetros embora isto não diminua sua ferocidade . Em uma viagem que fiz para visitar alguns amigos , que agora residem em seringais no Rio Juruá, bem abaixo de minha cidade, fomos pescar e na volta, ao mandar  preparar o peixe para consumo, pude ver, a gana que estes peixes tem ao disputar alimento. Um dos rapazes que estavam na expedição de pesca, matou um macaco Bugiu , o Guarariba, e depois de retirar o couro, trouxe-o para limpar, retirar vísceras junto aos peixes. Creiam, quando ele afundava o corpo  ainda com as tripas  penduradas , na água e o retirava rapidamente, vinham dez ou mais Piramutabas agarradas  retirando pedaços.  Elas não tem dentes grandes, São Bagres e como os desta espécie, eles tem uma espécie de lixa de minúsculos dentes, e ao invés de fortes dentadas, dão sugadas  que arrancam pedaços de carne. Uma coisa porém devo dizer para a tranquilidade de quem está lendo, elas são totalmente inofensivas a qualquer ser  humano ou outro mamífero que esteja na água se estiver Vivo.   Elas são vorazes comedoras de defuntos, Se alguém morrer afogado em um rio, se não acharem logo o seu corpo, quando o retirarem da água em mais de cinco horas, com certeza poderá encontrar seus olhos comidos, laterais da boca e não se surpreenda ao encontrar dentro do corpo algumas Piramutabas se banqueteando.  torno a dizer que não atacam  seres vivos. Comem corpos que estejam sem vida. a necrose as atrai. Por este comportamento, muitos as chamam: Urubus d'água.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Um sincero agradecimento


Fiquei muito feliz, ao ver a frequência que pessoas dos Estados Unidos da América , também da Malásia  estão lendo meu Blog. A Russia, e o meu querido Brasil também estão prestigiando este ex seringalista, que tudo o que quer, é mostrar seu povo tal qual é.  Outras Nações embora com menor número  de visitantes, se fazem presente, o que me enche de satisfação. Se possível, mandem sugestões, comentários, digam se estão gostando, dos textos dos desenhos, mas sobretudo vejam o amor deste  humilde caboclo por sua gente. Um abraço cheio de gratidão.

Pescaria com "batição"

CURIOSIDADE.----
Ao não seguir um roteiro certo de assuntos, me desculpo explicando a vocês que lembro de coisas aleatórias e então aproveito os momentos em que minha Internet está conectando e faço uma nova postagem.                                                                                                                                                Assim é que falarei de um tipo de pescaria muito usada nos lagos durante o período das secas.  Por vezes ao chegar em um lago, o mesmo tem pouca água e as árvores caídas dentro dele [sempre tem bastante], fornecem vários focos de esconderijos que eles não desperdiçam, e fica muito complicado para lançar uma Tarrafa, ou armar uma rede de espera, pois os espertos peixes não saem da área que eles sabem estar protegida pelos galhos submersos. Então o único jeito para conseguir peixes, é desloca-los de seus esconderijos. Mas se simplesmente os afugentar  de onde estão, eles com certeza se esconderão nos muitos outros existentes, assim, é necessário fazer uma cerca em torno dos galhos aonde se abrigam, Muitas redes, algumas varas para prende-las, e então, várias pessoas entram no cercado, que precisa estar bem acima do nível d'água para evitar que fujam pulando, e, dentro  da cerca, todos munidos de pedaços de paus, começam a agitar os galhos e fazer  muito barulho, agitando a água. Logo  uma centena de peixes ficam desorientados e na busca de um lugar  para sair, vão esbarrando nas redes e ficando presos nas malhas. Os peixes maiores, são fortes e muitos conseguem rasgar as redes,, porém muitos por estarem desorientados com o frenético agito dos menores, nadam sem rumo na superfície e são ,mortos a pauladas.                                                          Esta é uma pescaria que sempre tem agito e gosto  de festa. O nome Batição, é por conta das pancadas desferidas na água para espantar os peixes que estejam escondidos.

Tenho dois livros que escrevi, ambos versando sobre situações daqui, não sei como conseguir publica-los

LIVROS.
Apesar de auto didata, estou com duas histórias escritas e prontas para o prelo.  Na primeira criei a imagem de um Padre, que se tornou tal exatamente como um disfarce para fugir das perseguições dos  Israelitas no pós Guerra aos criminosos Alemães. E aqui encontrou o refúgio ideal para o anonimato, só não contava que.........                                                                                                  Levei o original para um rapaz que é muito viajado, culto, lê muito, e fiquei gratificado com sua reação:incentivou-me a direciona-lo a REDE GLOBO, na certeza [segundo ele] de que seria aproveitado para uma Mini- série.  Sei que ele realmente gostou, e isto foi bom para mim dando os primeiros passos na arte literária, e sabedor da capacidade de crítico do leitor.   Imaginem vocês, que eu não tenho sequer como publica-lo como livro, como chegar a maior Empresa de TV do País?                                                                               No segundo trato da  migração de um determinado homem cearense que fugiu de uma terrível tragédia no Sertão Cearense e veio fugitivo porém poderoso para o Amazonas na época do desbravamento dos Seringais. Aqui se tornou um heroi, ao salvar vidas de ataques dos Índios que na época praticavam crueldades absurdas. Aliadas as doenças tropicais, a falta de remédios, de mulheres, a opulência dos salões de festa de Manaus, aonde Seringalistas sem cultura, brutais, acendiam charutos Cubanos com notas de Mil Réis para impressionar as moças de famílias ricas, e muito mais sobre este tempo heroico destes homens esquecidos.  Se algum visitante do meu BLOG, se interessar e puder me ajudar, por favor entre em contato  comigo através de correspondência normal ja que SOU UMA  NULIDADE COMO USUÁRIO DE INTERNET , o que sei fazer são desenhos e textos que executo porque fluem em mim como as águas cristalinas de algumas fontes que conheço no Rio Eiru:  são assim porque DEUS permitiu.                                                                                                                                                     Nunca estudei desenho,                                                                                                                 Somente  hoje é que descobri alguns comentários sobre  meu Blog. Peço SINCERAS DESCULPAS, foi exatamente esta  ignorância sobre o  manuseio de um Computador que impossibilitou uma resposta agradecida. Estou providenciando;  pedi a ajuda de um bom usuário e espero logo estar me comunicando com as pessoas que postaram os comentários aos quais fiquei GRATO e FELIZ. Até breve amigos. 

Brinquedos das crianças dos Seringais da Amazônia.

CURIOSIDADE.-

 Sempre que eu faço uma postagem sobre Curiosidades do meu povo, é referente a fatos, costumes que eram vivenciados por mim há pelo menos vinte anos passados. Muita coisa perdura intocável, mas o avanço tecnológico trouxe novas fontes de informação comportamental, as antenas Parabólicas, que funcionam com pequenos grupos geradores, proporcionam aos caboclos das Comunidades, o direito de estar conectado com o mundo, na hora em que os fatos estejam acontecendo. Em resposta a esta realidade, mudanças acontecem, e refletem na maneira de encarar situações agora, vistas de um ângulo bem diferentes. Mas deixem-me relembrar; reconheço que, com uma ponta de Nostalgia, os brinquedos que vi tantas crianças  usarem com a pureza que somente eles possuem.
CARRAPETA.---- Usando um coco seco de TUCUM ou TUCUMAM, que tem a dimensão de uma bola de Tenis de Mesa,e a sua esfericidade,  o feitor do brinquedo fazia dois buracos exatamente em pontos opostos, um de cada lado do coco, e por ele introduzia um pequeno pedaço de madeira de quinze centímetros, que deveria ser justo ao ponto de não se deslocar  para nenhum lado, e neste pedaço de  madeira que bem lembrava um lápis,era enrolado uma cordinha feita de fibra de Tucum, que depois de enrolada, passava por um orifício em uma tabuleta que o menino segurava bem forte da mão, e então puxando a corda com toda força, fazia a carrapeta rodar por longos e aplaudidos minutos. Alguns pais mais criativos faziam pequenos orifícios nas laterais para conseguir efeitos sonoros. Estava garantido um brinque bonito  e original.   Creio que ele era criação dos índios              QUEBRA  QUEBRA CU".----  Os rios tem na época das secas barrancos de tipos diferentes de barro, que tanto podem ser de terra areiusca, quanto de Tabatinga, que é um barro liguento e branco acinzentado. Este barro é sempre usado para dar forma aos fogões de lenha, e as Donas de casa predicadas, passam sempre neles cinza branca umedecida e que lhes empresta a possibilidade de não rachar com o calor. Mas deixem eu contar sobre o novo brinquedo: quando os barrancos estão bem altos, os meninos saem em busca de locais deste barro liguento, não para fazer fogões mas sim, para limpar uma faixa de meio metro de largura que deve vir de cima até a água em declive acentuado na qual com água derramada enquanto descem sentados, criam o "quebra cu", um tabogam rústico que fica liso e ondulado, fazendo com que as crianças que descem deem  saltos e dai o nome.  É um brinquedo muito questionado pelas mães dos pequenos atletas que sempre rasgam  os fundilhos das bermudas.  Passam horas neste sobe e desce, numa verdadeira competição  divertida e melada.   BONECAS DE SABUGO DE MILHO.----  Agora que o mundo todo está industrializado, que existe uma nação como a China,super produtiva dos mais variados obejetos, é fácil ver bonecas que não são luxuosas, mas que tem a beleza e o encanto de uma BONECA. Nem sempre foi assim, e as mães com seu potencial de Amor, criavam bonecas, que iam dos sabugos de milho a, pequenas bolas de tecido que as menininhas cuidavam com carinho e orgulhosas diziam:  esta é a Mariazinha,Manuela etc.        Hoje infelizmente as crianças tem comportamentos diversos e cedo aprendem a usar e tomar atitudes bem diversas dos antigos e puros brinquedos, que eram belos pelo amor com que eram  elaborados.

"Piolhos de Boto", os campeóes da natação.


CURIOSIDADE-

Chamamos "Piolho de Boto",  a um tipo de insetos da família dos aracnídeos [presumo eu que sejam pelo seu aspecto físico.] que existem as centenas nos Rios da região, e que ficam próximo as  margens sempre nadando contra a correnteza.  São exímios nadadores, e o fazem com tanta habilidade, que lembram os patinadores do gelo que deslizam com  graça e leveza nas pistas de competição.     São rápidos, e tão leves que quase, nem se percebe que suas minúsculas  patas estão sobre a água, pois não a ferem.   Tem um odor característico e um tanto desagradável que se percebe ao pega-los.. Seu tamanho não ultrapassa os dois e meio cm. de comprimento e suas pernas tem o tamanho do corpo.  Para dormir, se amontoam uns sobre  os outros em pequenos galhos ou varas  que estejam  saindo da água em locais de pouca ou nenhuma correnteza, ao passarem por eles nesta situação os caboclos que vão remando costumam jogar água no grupo que de  imediato se desfaz, e pulam caindo na água como se fossem uma chuva de gotinhas  longas.   A Curiosidade  fica por conta das crianças que os pegam e esfregam nas pernas, para se tornarem boas nadadoras. Este é um costume Índio, mas absorvido  pelas crianças dos ribeirinhos. Costumam pular dentro  das canoas que passam pelo bando, [cardume ? ] quando então são capturadas e esfregadas nas pernas.  É uma simpatia típica da Amazônia.

domingo, 12 de janeiro de 2014

Alguns Mitos da Amazônia.


Quando se fala em Amazônia, muita coisa é dita sem ser exatamente a verdade.  O sensacionalismo, a necessidade de se fazer um expert em Amazônia, leva algumas pessoas a exagerar um conhecimento, que na verdade nunca tiveram pois a maioria nem sequer aqui esteve.  Como exemplo do que estou dizendo, vou citar dois animais, ambos peixes, que com certeza amedrontam os turistas que pensam em vir nos visitar.   PIRANHAS.-  Peixes carnívoros, vorazes no ato de se alimentar, mas, se não for por algum acidente quando se está pescando, tal como retirar um destes do anzol, ou algo semelhante, você não terá problemas com as Piranhas se elas estiverem no rio ou lago no mesmo local em que você esteja tomando banho.  Nunca ouvi falar de  um ataque  tal como as fitas  cinematográficas  mostram. No alto Rio  Eiru, aonde o rio  mesmo nas cheias tem pouca água, ja tomei banho dentro d"água, existiam piranhas e outros peixes transitando entre os banhistas e ninguém saiu ferido por nenhuma delas. Ao pescar, se alguma vier no seu anzol, aí sim , é necessário ter cuidado, pois uma mordida será possível de acontecer como uma maneira dela se defender.  aqui na minha região existem várias espécies de Piranha inclusive as grandes Pretas, mas desconheço esta qualidade de e agressividade  contra pessoas que  se diz das mesmas.                                                                                                                                              Outro peixe que amedronta pelo  que se fala dele é o CANDIRU.  Existem dois tipos, bem diferentes e estes eu sei que banhistas em praias no verão ou em banhos de Rio nas cheias, podem ser mordidos. Suas mordidas  formam um rodinha , pois seus dentes são minúsculos, na verdade são sugadores, e o ferimento é superficial, nada que cause  qualquer dano maior.  Estes ataques são  praticados pela espécie maior, que chega a medir até 15  cm, e são difíceis de acontecer. Os mais famosos que adentram o corpo das  pessoas, são bem menores, e casos de invasão em corpos humanos, são raríssimos, e mesmo mulheres que se banham no rio  durante seu período de menstruação, não são atacadas como se ´propaga.  Torno a dizer  são raros, os casos,apenas soube de dois relatos aqui na região durante  minha existência.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Cachorro de Seringueiro é proibido de perseguir CUTIA.

CURIOSIDADE.
Por tradição o caboclo da Amazônia , sobrevive de caça e pesca, esta é uma realidade secular e não vejo muito como mudar este estado de coisas, a não ser que o Governo  Federal, em junção ao Estadual, desenvolvessem uma Campanha de criação  de Porcos, de Galinhas, alguns Bois, e Piscicultura, fornecendo  os alevinos, de Peixes regionais que já se sabe, se adaptam a criação em cativeiro.   Na cidade existem criatórios de Tambaquis, e outras espécies, com desenvolvimento satisfatório para seus donos.  Fazer Tanques em Seringais, Comunidades em desenvolvimento pode parecer Utopia, mas é uma realidade que, se faz possível se houver BOA VONTADE e seriedade por parte das  autoridades.  Para quem não conhece a região, a implantação  de um projeto assim pode parecer Faraônico, mas não o é, existem várias maneiras se executar a criação dos tanques, que podem ser Rústicos e baratos.A cada dia nos Jornais das televisões se vê um novo escândalo, uma nova falcatrua, e um monte de dinheiro desviado, da população para o enriquecimento de alguns espertos, e isto em todas asa esferas Governamentais sem excluir, os pequenos municípios. Agora mesmo, as manchetes exaustivas, estampam o Escândalo das Penitenciárias do Maranhão, uma vergonha. Presos DECAPITADOS, pessoas comendo GALINHA CRUA, enquanto  o  orçamento  para alimentação da Governadora , filha do Senador Sarney [que já foi PRESIDENTE DO BRASIL] de sua família e autoridades que visitam o Palácio do Governo, consome a BAGATELA de R$1.100.000,00, sabem com que? Caviar, Lagostas, Camarão, Vinhos caros  Franceses, etc  É realmente lamentável se ver algo assim. Quanto  seria necessário para criar tanques de criação de  peixes aqui? E mais, se vier uma equipe e ficar durante a implantação dos tanques e houver nas Comunidades, Cursos de manuseio, logo, as pessoas estarão capacitadas a se susterem, desde que naturalmente contem com orientações e assistência técnicas dos órgãos Governamentais quando precisarem.  Mas este caso do Maranhão , longe de ser um caso isolado, apenas é mais um que passava despercebido ao povo da Nação. A cada hora, novas formas de burlar o povo são  praticadas. E, em cada região problemas pequenos de pequena reivindicação financeira são engavetados, esquecidos, para que não faltem as Lagostas os Carrões as Mansões e tudo o mais que faz deste maravilhoso País o Reino da impunidade que vai destes roubos, ao direito que os menores tem de Matar, fazer qualquer barbaridade e, quando capturados, [é proibido dizer que foram presos,,,são de menor idade...] vão rindo na certeza que logo em três meses estarão novamente em ação , com novas técnicas de truculência. Mas, deixem eu falar  da esperta Cutia.                                                               Roedor, parente da  Capivara o maior roedor do mundo ,parente também da Paca de tamanho entre as duas, e considerado um excelente prato, a Cutia frequenta os roçados dos seringueiros aonde faz um verdadeiro estrago.  É difícil o seringueiro que não tenha um bom cachorro para caçar, ou no mínimo para afugentar animais de suas roças.   Treinados para  perseguir animais eles se especializam em fazer os porcos, Pacas e outros se esconderem dentro de buracos e ficam em sua entrada latindo para orientar o dono de onde está.   Os seringueiros tem no entanto todo o cuidado de fazerem durante o aprendizado do pequeno cachorro, que ele NUNCA persiga  uma Cutia, apenas afugente-a.  É que as Cutias quando perseguidas  vão soltando urina que tem uma substancia que cega  os cachorros pois a  urina que fica nas folhas, e  tem a exata altura dos olhos de seus perseguidores.                                     Sou Brasileiro, Amazonense e mais de vinte anos de minha vida, foi dedicada a gerenciar Seringais, onde aprendi a amar, e respeitar  a Natureza e seu povo.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Amazônia religiosa


Amazônia de um povo religioso.
Descendentes de Nordestinos como somos, herdamos deles a Fé inabalável em Jesus Cristo e os Santos da Igreja Católica , embora hoje uma expressiva quantia de antigos Católicos tenha migrado para as Igrejas Evangélicas que estão se firmando cada dia mais no conceito das pessoas mesmo as que habitam os distantes Seringais.                                                                                                           Este comportamento, na minha concepção de observador se deve ao fato do acomodamento dos Padres, que se sentiam verdadeiros donos da Fé de seus paroquianos.  Há muitos anos, os Padres desenvolviam serviços de Catequese que mesmo mesclados com o lado Social e as vezes lucrativo financeiramente para a Igreja, era bem aceito, pois se o caboclo nem sempre podia vir a Igreja, a Igreja com a figura de  um Padre, chegava ao seu seringal, ou mesmo ao porto de sua casa.   Eram viagens conhecidas  como" Desobriga", nas quais um Padre, um Ajudante e uns dois homens que conduziam o barco, adentravam os rios e igarapés, levando os rituais Católicos, e realizando nas Comunidades encontros aonde , Missas, Batizados, Casamentos sacramentavam a continuidade da Fé.  Para aquelas pessoas mais velhas, muitas das  quais ainda Nordestinas de nascimento, estes acontecimentos eram muito importantes, e tudo faziam para agradar ao Padre,na certeza de assim conseguir um retorno.  O Padre recebia muitos presentes, muitos até antecipavam oferendas para serem leiloadas nas noites dos Arraiais, que aconteciam ao longo do ano na Cidade. Outros eram mesmo para o Sr. Padre.  Não existia nenhuma outra Religião para contestar  a Católica e assim, houve este acomodamento, um pouco de descaso com Catecismos, Reuniões paroquiais, e outras pequenas atenções que a Igreja antes dispensava a seus fiéis.                                                E surgiram os Evangélicos. Pastores Brasileiros treinados para dialogar, com temática afiada, e um poder inegável de persuasão, além do que falando ,Português nossa Língua mãe, podendo se comunicar com facilidade com os caboclos que muitas vezes nem entendiam as mensagens pregadas pelos Padres, na maioria vindo da Europa pós guerra. Os Pastores encontraram resistência: a natural por parte dos Padres, e a mais complicada:, negar  aos Nordestinos  o valor dos Ícones de sua Fé, os Santos Católicos .  Lembro que aqui em Eirunepé, os primeiros Evangélicos foram hostilizados por um Padre idoso, Alemão figura  humana de  primeira qualidade, mas que a idade avançada, havia perturbado sua mente.  Não houve  nada muito sério, e  o povo encarou aquela atitude como "caduquices" de um velho bom homem, os Evangélicos souberam ter paciência  e aos pouco foram conseguindo adeptos a nova mensagem, que, se não cultuava os Santos e a Própria Virgem Maria Mãe biológica do Menino Jesus, pregava  com veemência até a exaustão, Cristo como o único Caminho até DEUS, pois isto estava explícito  na Palavra divina da Santa Bíblia. Pregavam também que  não era correto pedir e receber donativos para Arraiais, isto fez que muitas pessoas começassem a questionar esta prática, e  usando a Bíblia como referencia direta de DEUS, liam e reliam os trechos nos quais se falam em "Dízimos" este sim, uma obrigação religiosa , dar a Igreja 10% do que ganhar, e incorrer em um pecado se negar esta dádiva. Os padres, acostumados a receber outras tipo de ofertas, não cultuavam a obrigatoriedade deste tributo de 10%.    Hoje são  várias Igrejas Evangélicas que disputam os Fiéis antigos Católicos, embora a maioria ainda permaneça na Igreja de seus Avós, até porque a Católica é muito mais liberal e tolerante. Para se ter ideia, algumas Igrejas proíbem até a prática de esportes tais  como futebol, um mero jogo de cartas em cassa, e outras pequenas coisas difíceis de entender e aceitar.      Por favor, que Padres e Pastores não se sintam agredidos pelo meu pensamento. Nasci Católico [minha Mãe era fervorosa ], meu pai um homem  que teve todos os predicados humanos para ser meu exemplo e heroi, tinha uma maneira mais amena de comportamento religioso, e é assim que sou:  CREIO em DEUS, mas me permito o direito de pensar que DEUS está dentro de cada um ser humano, não só nas Igrejas sejam elas quais forem. ELE está em todos os lugares e deve estar principalmente dentro de sua consciência, regendo sua vida. Reitero minha posição de não ter nada contra nenhuma Igreja, esta postagem apenas segue a linha de amostragem dos costumes de  meu  povo.
 Por favor me ajudem a divulgar este Blog, é uma maneira de conhecer pequenos detalhes de  um povo. Grato.