quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Minha infancia e adolescencia na cidade de Eirunepé.

Acho que estou com uma crise aguda de saudades da minha antiga Eirunepé.  Não sei se me joga de encontro as lembranças, as mudanças tão drásticas que hoje presencio com pesar.  Antes a Cidade era pequena, a população se conhecia, se gostava e respeitava. Era um tempo de muita tranquilidade, sem carros nas ruas, apenas umas poucas bicicletas, sem TV, sem Celular, sem AIDS, sem DROGAS [a única que se usava era a velha e boa pinga, ou o tabaco natural] tabaco que era, usado artesanalmente sem o agravante das quimicas para torna-lo perfumado e atrativo.  Até os aviões eram poucos os que aqui chegavam, a Companhia Aérea era  a Pannair, que usava os aviões anfíbios Catalina remanescentes da Segunda Guerra Mundial. O percurso entre Manaus e Eirunepé era feito em cinco longas horas, em face do baixo desempenho da aeronave e tambem da demora em todos os aeroportos que chegava, ou os flutuantes que os recebiam na época das cheias. O mercado, vendia peixes, grandes saudáveis e muitos, no entanto carne de bovinos ou mesmo suinos, era raro ter disponivel acontecendo tambem com carne de frangos, ja que só os consumiam pessoas que criassem em seus quintais. A alimentação era natural e sadia. Verduras sem agrotóxico, Galinhas sem anabolizantes, cresciam normalmente saudaveis e muito gostosas. As canoas eram impulsionadas por remos, e cheguei a ver uns dois documentos datados dos anos de 1889, nos quais as distancias eram registradas nestes documentos pelo tanto de remadas que uma pessoa tinha que fazer em certos trechos.  Não existiam motores, adaptaveis com rabetas e rarissimos eram alguns que chegaram aqui, movidos a querosene tipo motores de popa, só que suas rabetas mediam mais de um e meio metro de comprimento, e seu tamanho apesar de terem no máximo oito Hp, correspondiam aos de hoje com 150Hp.    Varias vezes vi pessoas chegarem com Pirarucus de tamanhos descomunais, alguns com mais de tres metro e pesando quase duzentos quilos, Tambaquis de trinta Klos eram comuns, e os maiores chegavam aos trinta e sete ou trinta e oito, e sempre eram pescados. A pesca destas espécies citadas eram feitas as vezes em frente a Cidade no Rio e nos lagos da periferia ,abundavam. Minha mãe criava muitas Galinhas e eu lembro que aguardava ancioso os dias de semana quando ela preparava este prato. Registro aqui a arte sem igual de minha genitora na arte culinária. Tinha um livro editado em Portugal que tinha sido de sua mãe que a recebera de minha avó, que tinha todas as boas receitas de doces e bolos.  Nem preciso falar que ninguém conhecia Gás, e os fogões, consumiam lenha. Minha mãe muito criativa e inteligente, projetou um forno pratico para assar pequenos bolos feitos em uma lata vazia de querosene. As latas, tinham capacidade de vinte litros, Minha mãe retirou a tampa de uma delas, e mandou que um funileiro [o único da cidade]  soldasse dentro da lata uma chapa tambem de flandre, dividindo um terço do espaço util do interior da mesma. Na parte baixa, colocava carvões acessos, acima da chapa, a forma com o bolo e, em cima da lata mandou fazer uma grade tambem de fflandre de dez centimetros de altura que rodeava a lata,que tambem recebia carvões, assim o bolo era aquecido rapidamente com calor por todos os lados.  O fundo da  lata tinha pequeninos furos, e na frente uma tampa confeccionada pelo funileiro fechava o "forno" depois de receber os carvões e o bolo. Coisas assim aconteciam estimulando a criatividade adquadas  a situação do momento. Lembro que meu Pai trouxe um fogão de ferro esmaltado a lenha, que tinha além de tres bocas para fogo, com tampas que regulavam as chamas, um grande forno, e ainda a novidade de ter um deposito para água que aquecia com o uso de qualquer atividade do fogã o e ainda contava com uma torneira para retirar água.  Vou fracionar este tema em várias postagens pois tenho muito que contar desta época.                                                 

Nenhum comentário:

Postar um comentário