terça-feira, 24 de setembro de 2013

Fim da Semana Santa, o esperado Sábado da Aleluia.

Depois de todas as privações pelas quais passavamos nos dias da Semana Santa, o Sábado de Aleluia, chegava com toda a força da redenção, do dever cumprido.   Mesmo na surdina um boneco de palha em tamanho natural de um homem, era construido e oculto, para aparecer somente na noite de sábado, e seu nome muito segestivo era Judas, uma homenagem ao personagem Biblico a quem se atribuia o gesto de traição, que levou Cristo a morte. Este boneco era queimado à noite, na presença de quase toda a Cidade que revoltada, gritava desaforos e xingamentos ao boneco que então era enforcado e depois descido da forca para queimar sob aplausos da população presente...Este ato, simbólico bem caracteriza, o quanto era levado a sério a religiosidade do povo, mas, tudo tem sua excessão, e os rapazes mais moleques da Cidade, se juntavam dias antes e escolhiam um Sr. de idade, geralmente aqueles que eram mais ranzinzas, mais durões sobretudo no cuidado com suas filhas "moças donzelas", impedindo-as de namorar livremente, e com muitas outras regras seguidas severamente que, inibiam e desanimavam os pretendentes. Pois bem, estes Srs.  escolhidos, depois do sacrifício de judas recebiam a visita de uma verdadeira procissão que depois das onze horas da noite, já com a luz da Cidade devidamente apagada [apagava as nove horas] se tinha reunido na praçinha, e de lá em uim grande cortejo, seguiam para a frente da casa do escolhido e munidos de um caixote, e um velho serrote, liderados por tres ou mais atrevidos e engraçados rapazes começavam a "SERRAÇÂO".  Isto mesmo, a "Serração" com S pelo fato de não ser Cerração de nevoeiro, ou de pouca visibilidade ambiente,mas sim um ato de SERRAR, o caixote e aos gritos, fingirem que estavam fazendo a leitura de um testamento onde , o espolio eram as filhas do velho homem.   Aos gritos perguntavam : Sr.fulano, para quem deixas a tua filha, e citavam o nome da moça, e perguntavam se era para alguem que sabiam que o homem não gostava, isto diante de gemidos e lamentos dos companheiros do que estava falando. Ora se hoje em dia uma coisa assim careceria de valor comico, na época, era aplaudidissimo, e se formava um verdadeiro teatro que tinha mais valor em noites de lua.  A resposta era quase imediata:  o dono da casa aparecia e muitas vezes com um Urinol cheio de urina ,e lançava seu conteúdo sobre os rapazes que mesmo esperando, algo assim, muitas vezes eram atingidos e então o público presente ia a loucura de tanto rir. Muitqs vezes, a população, era surpreendida pelo homem sair da casa portando uma espingarda e com cartuchos cheios de sal de cozinha, disparar em sua direção, provocando uma debanda geral e cômica com muitos caindo e sendo pisoteados.  Esta festa puramente pagâ, vejam vocês, era o encerramento com chave de ouro da Semana Santa, e ficava sendo comentada, de várias maneiras por pessoas que nem sempre estavam no local, mas, para se fazerem importantes, muitas vezes fantasiavam o que apenas tinham ouvido e, como resultante disso tudo as historias cresciam, cresciam e o folclore se perpetuava.  Uma outra atividade era exercida nas noites deste sábado: era costume roubar galinhas. Muitas vezes dos vizinhso, de amigos, mais por uma folia mesmo. As donas de casa que criavam muitas, fechavam bem seus galinheiros e prendiam cochorros perto da porta para tentar evitar os furtos que sempre acabavam assados, e degustados com uma boa "pinga", madrugada a dentro.          Tempo poético, ingenuo, e saudoso...

Um comentário:

  1. muito bom !! ja vivi algo parecido ...e ao ler esse testo me bateu uma saudade de uma época em que fui muito feliz! q não volta nunca mais!!!! brigada por me fazer lembrar de algo que eu ja tinha esquecido.......

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