sexta-feira, 6 de abril de 2012

A Semana Santa antiga nos seringais.

Quando cheguei na década de Sescenta, muitos costumes presos a religião ainda eram mantidos com muita rigidez pelos caboclos que tinham um respeito muito especial pelas coisas Divinas.                                          Ninguém, por nenhuma razão do mundo, comeria carne vermelha, durante a semana toda.                            Nos dias"maiores", quinta e sexta feira Santa, não se comia nada, salvo se a pessoa tivesse menos de sete anos. Não podia brincar, gritar, falar palavrões, namorar,tomar banho, pentear os cabelos, e os mais devotos chegavam ao exagero de nem sair debaixo dos mosqueteiros.  Ainda eram pouquissimos os evangélicos, e a Igreja Católica era quem estabelecia as normas de conduta de seus fiéis. Eirunepé naquela época tinha uns quatro mil habitantes na cidade, e a Igreja Matriz, tocava seus sinos para tudo: anunciar a missa matinal, anunciar as doze horas do meio dia, as seis da tarde,casamentos, e até quando morria alguém tinha um badalar diferente e sombrio, para anunciar o falecimento. Era tradição, mas na Semana Santa, esta tradição calava, e, os padres tinham uma caixa de madeira tamanho médio, na qual instalaram um dispositivo  que, acionado por uma manivela fazia um barulho semelhante ao de metralhadoras modernas.  A molecada toda queria carregar a caixa pelo centro da cidade e em cada esquina, fazer anunciar o horário das misas, novenas, procissão etc. Chamavamos de MATRACA, a engenhoca.                                                                                                       Pode ser que,agora seja considerada, ultrapassada, careta, ou algo assim, mas sem saudosismos afirmo que havia mais FÉ, mais AMOR, mais FRATERNIDADE eoutros valores que ruiram com a chegada do progresso.  Tempos idos, e agora, rastreados apenas pela saudade de poucos que ainda recordam com nostalgia, o matraquear, caipira daquela caixa, que anunciava uma ligação com o CÉU.

                                                            Ecy  Monte  Conrado  

   A verdadeira Fé está dentro de cada um de nós. Podemos fingir para os humanos, mas jamais enganaremos  a DEUS.

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