sábado, 7 de abril de 2012

Como era o Sábado de Aleluia até os anos 70, e 80.

Misturar a religião, com costumes pagãos, foi sempre uma constante entre os povos antigos.  Na década de 60, quando cheguei em Eirunepé, persistia o costume de enforcar um boneco de palha e com roupas comuns, que lavava o nome de Judas, em alusão ao discípulo de Cristo que o traiu.  As pessoas se reuniam cedo da noite, e em passeata saiam pelas ruas da cidade para o local onde seria feito o sacrifício. Após esta cerimonia, onde o judas era apedrejado e enforcado sob gritos de acusações, as famílias, retornavam a suas casas e os rapazes. ficavam na praça até as doze horas quando então iriam "SERRAR" alguém.Era uma crítica a algo que fosse caracteristico de algum habitante antigo, ou mesmo só para zoar com aqueles que ficavam com muita raiva.   Ao chegar próximo a casa da vítima, um dos rapazes, com a voz tremula, pedia a mão de uma das filhas solteiras em casamento, outros respondiam pedindo dinheiro para atender ao pedido, e para enfurecer de vez o homem ficavam dizendo que ele tinha muito dinheiro escondido. A cada nova acusação eles serravam uma caixa velha entre os gritos de aprovação da platéia. As vezes falavam acusando, que sabiam de suas"puladas de cerca", e geralmente o dono da casa saia com uma velha espingarda nas mãos e com cartuchos carregados com sal no lugar de chumbo,e atiravam rumo a multidão que se espalhava quando o viam com a arma  na maior algazarra. Dificilmente alguém se feria, era um divertimento tradicional, bem provinciano e prestigiado por todos que se divertiam a valer.  Em 70, 80 o Judas foi mudando, já existia luz eletrica, e estas incursões nas casas perdeu o sentido.   O próprio Judas passou a ter uma conotação política e sua figura era sempre associada a alguma autoridade que não tivesse sendo aprovada pelo povo. Sempre era uma crítica, que ficava sendo comentada por semanas a fio. Hoje em dia a própria Religião perdeu forças de misticismo, e dificilmente se vê em algum Poste de iluminação um Judas pendurado.  Era costume tambem usar o Sábado para roubar galinhas que logo eram depenadas e assadas pelos festeiros farristas em companhia de uma boa "pinga", para o bem de todos... Hoje em dia, os larápios da cidade usam o sábado como desculpa para justificar o crime de ROUBAR galinhas alheias.


                                                           Ecy  Monte  Conrado

                   Tradições, casos, festas, costumes enfim, guardam na saudade, a historia de um povo.

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