Entre nossa gente surgiram figuras se não estranhas, pelo menos podemos rotula-las de pitorescas, por causa de sua função diante da comunidade. Hoje eu vou falar da "MÃE VELHA", este é o apelido que as velhas parteiras ganhavam das pessoas que nasciam nas suas habilidosas mãos. Nos seringais de outrora, não existiam Postos de Saúde, e as parteiras é que assistiam os partos de todo o seringal. Com pouquissimos recursos técnicos, as vezes nenhum, elas enfrentavam distancias enormes e viagens difíceis para acudir os aflitos maridos que buscavam sua ajuda e experiencia. Ouvi relato, no qual um seringueiro que morava sozinho com sua mulher em um distante "Centro," há seis horas de viagem da margem do rio, teve que fazer o parto de sua companheira usando uma tesoura velha enferrujada como único instrumento de ajuda. Por vezes tinham qua antecipar a vinda para a casas da futura mamãe, em detrimento da distancia de sua morada, e a natural dificuldade de locomoção. Em casa das pacientes, elas ao chegar assumiam o comando da casa, e rezavam com a família, curava com rezas alguma doença de alguém da família, e orientava para o "Resguardo não quebrar"[repouso forçado que a mulher tinha que manter após o parto, de vinte ou trinta dias.] e ajudava com as crianças se houvesse. Geralmente Sras. idosas, de boa índole, sábias, que conheciam como ninguem os segredos das plantas e ervas medicinais da Floresta e as usavam para chás e cozimento contra qualquer moléstia.Assim acabavam cativando em definitivo a família e ganhando sua eterna gratidão. O título e Mãe Velha, nada mais é, que uma maneira carinhosa que a criança nascida usaria pelo resto da sua vida para chama-la, com todo o respeito e carinho.
Ecy Monte Conrado
A Amazônia é um mundo isolado, com muito para ser descoberto, estudado e usado em beneficio da Humanidade
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012
COISAS DA NATUREZA
CHUVA BRANCA--- Chamamos Chuva Branca, um tipo de chuva que existe na Amazônia, e na Índia onde é conhecida como Monção. É uma chuva que alterna período de chuva forte e outros de chuva fina, mas não para. Aqui na nossa região por vezes uma destas chuvas pode ultrapassar as 24 horas do dia. No seringal sempre que alguém vai para a selva caçar, e principalmente se não conhece bem a mata onde vai andar, costuma usar o sol como seu guia: ao entrar na floresta, deixa o sol iluminar a sua costa. Ele está penetrando no mato saindo da margem de um rio ou igarapé. Quando as onze horas da manhã ele vê o sol quase a pino ele para, marca o rumo de onde veio, geralmente coloca um galho apontando, aproveita este periodo para almoçar, [comer qualquer coisa , quase sempre Jacuba.] e só após o sol estar novamente inclinando para o poente, ele tem uma definição exata de rumo pois deverá retornar com o sol novemente a sua costa, o inverso da entrada. Se neste periodo de caça, cai uma chuva branca, o caboclo para marca imediatamente o rumo de onde veio e faz um abrigo com folhas para deixar a chuva passar, caso contrario, se não for em uma área na qual ele esteja acostuma a andar , ele se perderá. Em um dia de chuva branca os animais ficam encolhidos e quase não andam na floresta. A Chuva Branca, costuma ser calma sem trovões e relâmpagos. as casa de seringal são quase na totalidade cobertas de palha, e o ruido da chuva caindo em cima estimula as pessoas a ficarem deitados pois o clima esfria e aquele barulhinho...persistente...
ECY MONTE CONRADO
Quando tiver oportunidade, viaje pelo interior do Amazonas, irá encontrar um povo acolhedor e bondoso, uma floresta imensa, cheia de vida, rios, igarapés, lagos, campinas, e uma diversidade indescritivel de insetos e animais para estudar, pesquizar, e... PROTEGER.
ECY MONTE CONRADO
Quando tiver oportunidade, viaje pelo interior do Amazonas, irá encontrar um povo acolhedor e bondoso, uma floresta imensa, cheia de vida, rios, igarapés, lagos, campinas, e uma diversidade indescritivel de insetos e animais para estudar, pesquizar, e... PROTEGER.
SAINDO DO RIO EIRU, PRÓXIMO A EIRUNEPÉ.
Muitas vezes, ao sair do Rio Eiru, cansado de uma longa viagem de atendimento aos seringueiros que durava dez dias, as vezes mais, dependendo da água do Rio, eu era agraciado pela beleza de um Por do Sol como este que registrei. Para mim que mexo com artes, esta cena parece que um pintor invisivel, colocou na imensidão do espaço uma pintura que sem dúvidas era sua Obra Prima. Cores se mesclando, sombras se antepondo, contrastes e sua assinatura: Natureza Amazônica.
Ecy Monte Conrado
PRESERVE A AMAZÔNIA
domingo, 26 de fevereiro de 2012
KUANDU,o porco espinho da Amazônia
Este é um animal de hábitos estranhos, pois apesar de ser lento, trepa em árvores com destreza, e passa de árvore para árvore com facilidade. Sua alimentação é variada; come besouros, pequenos mamíferos, pequenas aves, e já o vi lutando com uma cobra venenosa. e mesmo com várias mordidas ele venceu a luta. Não vi sinais dele ser afetado pelo veneno da víbora. De outra feita encontrei um comendo os restos de um porco já em decomposição. [podia ser um período de muita fome.] Costuma andar caçando a noite. Sendo um animal adulto, enfrenta um homem com coragem e ferocidade. sempre que os encontrei andavam sós, e não fugiram ao nos ver. Sua cor é marrom escuro quase negro. Quando está irritado, ergue os espinhos e os índios costumam dizer que se um desses penetrar na carne, deve-se corta-lo para que saia o ar contido dentro dele para facilitar sua extração, impedindo que entre cada vez mais.
Ecy Monte Conrado
Muitos animais da Amazônia, estão desaparecendo. até ospeixes dos rios e lagos, estão em número bem menor que há trinta anos. Precisa que se estude um meio de conter este infeliz avanço.
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
Papagaios, sempre atentos
Não poderia deixar de desenhar os Papagaios. Com uma família grande e diversificada estas aves são o entretimento de muitas casas no interior do Amazonas. Estes que posaram pra mim tem uma mancha amarela bem no centro da testa e são por isso chamados de Estrelas. Tem facilidade de imitar a voz humana e aprendem um variado repertório de palavras que costumam ficar repetindo o dia todo. Se afeiçoa a pessoa que cuida dele, e se receber carinho, fica tão ligado, que se por algum motivo houver um afastamento súbito, o pobre animal morre de tristeza. Os caboclos da região bem como os índios, consomem sua carne e costumam dizer que, preparado cozido, com pouca água e macacheira,não existe um caldo mais saboroso. Dentre os vários tipos de papagaio existe um que chamam Papagaio Urubu, que é quase do tamanho de uma Arara, naturalmente que sem o longo rabo. Ele tem uma auréola rodeando o olho, na cor Branca. Entre Papagaios, Araras, Maracanãs, Curicas, Jandáias e Periquitos, existe um que considero o menor do mundo, é chamado Papacu, e cabe perfeitamente dentro de uma mão humana. Bandos imensos de Periquitos e Jandaias, [Periquitos da cauda longa, perecendo mini Araras] se formam em campos de criação de gado. Eles vem em busca dos resíduos de sal que ficam na terra onde o gado é alimentado. Voam em revoada de centenas e passam o dia em võos curtos e em tremenda algazarra barulhenta.
Ecy Monte Conrado
Preservar a Natureza na Amazônia, é um dever de Cidadão do Mundo!
Curiosidade na Culinária do seringueiro
Na floresta amazônica existem muitos tipos de palmeira, a maioria delas produz côco médios, e algumas cachos de frutos pequenos. Dentre os médios, tem uma Palmeira de nome Jacy, cujo Côco depois de velho, cria uma larva dentro dele, que o seringueiro retira com cuidado, e coloca em uma tala de palmeira e leva para assar na brasa. São inúmeros bichinhos assados de cada vez,deles se desprende um cheiro de Côco comum, e eles os comem acompanhados com farinha seca ou, feito uma farofa de óleo do proóprio bicho, se levado ao fogo em uma frigideira, pois vai sair gordura ao frita-lo. Adiciona um pouco de sal, cebolinha, tem os que colocam Alho, e então, BOM APETITE. Todos os Côcos criam GONGOS, como são chamados, mais os mais consumidos são os de Jacy. Se um dia estiver visitando alguma casa de ribeirinho aqui em nossa região, e lhe oferecerem GONGO, vale a pena experimentar. Arrisque.
Ecy Monte Conrado
Conheça a Amazônia. Ela é ampla e tem muitas coisas diferentes, de rios para rios. Venha conhecer. assim poderá lutar com mais fervor pela defesa deste rico Eco-Sistema.
PERSONAGENS ESPECIAIS DOS SERINGAIS>
Hoje, vou falar de um personagem que foi muito importante, durante o desbravamento dos rios, em busca de seringueiras, quando o homem branco ainda não era conhecido por aqui, e os índios, eram selvagens e agressivos. O MATADOR DE ÍNDIOS, hoje uma denominação que causa repulsa e revolta, para os padrões da sociedade moderna. Mas este personagem, foi de fundamental importancia no exito das missões de ampliação das terras ocupadas pelos primeiros seringueiros, que enfrentavam, além de ataques de índios selvagens e impiedosos, doenças desconhecidas, o calor sufocante da Amazônia, os mosquitos sanguinários que aparecem durante o dia e a noite, a humidade que torna o corpo suado pegajoso, as feras que adentravam as casas e levavam crianças se ficassem desprotegidas, foram muitas as causas que provocaram o surgimento deste terrivel personagem. Sempre, um homem destemido,brutal, sem cultura e muito agressivo, ele era contratado para afugentar os índios qua faziam pequenas incurssões de ataques aos novos habitantes de seu mundo. Provido de Rifle de repetição [geralmente os famosos Winchester Cavalaria 44] que foi muito usado pelos pioneiros da colonização Norte Americana, esta arma, para a época,era muito avançada e moderna, quando ainda se usava espingarda que era carregada com pólvora pelo cano,um pouco de bucha para segurar a munição, depois chumbo, bucha novamente, e finalmente colocando uma "espoleta" em um pequeno tubo em cima do cano, se armava um detonador, disparado com o gatilho,para causar faisca e provocar o disparo, [o que nem sempre acontecia. Por vezes, se a espoleta estivesse resfriada, ficava apenas fazendo um "chiado" e não explodia] O Rifle dava a seu portador, a facilidade de executar até doze disparos [Alguns com dezesseis tiros] em um tempo reduzido, dependendo da habilidade de seu usuário. Esta arma logo se tornou o terror dos selvagens que não sabiam explicar o "fenômeno", mas eram testemunhas e vítimas,do grande estrago que fazia entre seu povo, e surgiu o pavor associado a figura do homem que a portava. Acobertado por esta vantagem,lutando contra adversários armados com flechas, tacapes ou bordunas, ainda estimulados pelo premio que era aumentado proporcional ao número de mortes que cometia, estes endiabrados homens ganharam fama de Feiticeiros, Mágicos Encantados, pois se acreditava que eles podiam entrar nas aldeias e se esconderem atrás de uma simples folha, pois os índios que ele matava eram muitos, até crianças. Era realmente uma canificina, e não ofereciam resistencia.. Esta situação, gerou a lenda do Bruxo Indestrutível. Geralmente quando saiam em missão de guerra contra uma tribo, era em revide a algum ataque que tinha acontecido, muitas vezes com atos de crueldade por parte dos selvagens que na realidade estavam tentando proteger suas terras. Os homens que saiam nas missões iam em um número expressivo,e liderados pelo matador, que aliava a sua brutalidade, habilidades em rastrear e exercer total liderança no grupo. Ao sentirem a aproximação da aldeia buscada, eles esperavam, anoitecer [os índios acreditavam, que o escuro da noite era povoado pelos maus espíritos da floresta, que perseguiam qualquer pessoa que não estivesse recolhida em repouso, e com mais esta vantagem, eles tinham todas as condições de extermínio da tribo inteira só se apróximavam quando estava tudo escuro, e vinham nús depois de passarem nos corpos folhas esmagadas para desfazer ou camuflar seus cheiros. Todos portavam lamparinas que a um sinal convencionado, eram acessa rodeando a aldeia e confundindo ainda mais os temerosos índios, que supunham serem espíritos do mal. Por conta desta figura, de sua fama sinistra, divulgada entre indios e não índios, de sua empolgação em manter esta situação com brutalidade e arrogância, muitos males maiores foram evitados, pois muitos ataques que se tornavam verdadeiros massacres por parte dos índios, foram evitados, graças ao medo que sentiam do homem que os Curinas antigos chamavam: TUCURIMÉ BUQUÉ, o mau espírito, o espírito das trevas. Na historia do Oeste Americano, surgiram personagens similares tais como BUFALO BILL que tinha como profissão, exterminar os Bufalos das pradarias [para acabar com a fonte de alimentação dos índios das inúmeras tribos existentes lá] e tambem ganhava por índio morto. Ele teve sua figura transformada em heroi graças as fitas de filmes de Bang Bang que lhe emprestaram a imagem de JUSTICEIRO e bom cidadão. Hoje condenamos estas atitudes, mas por certo, os pioneiros, Americanos ou Brasileiros da época, abençoavam, e endeusavam estes homens que lhes trazia segurança e paz. Este relato que fiz aqui, ouvi de antigos seringueiros [alguns ainda remanescentes desta época da desbravação], nos anos de 1965, 66 ,67, quando cheguei para morar, e procurava os antigos, de setenta, oitenta anos, para deles colher estas histórias que não foram registradas em livros, ou documentadas de algum outro modo como realmente aconteceram. Ao longo destas postagens, narrarei fatos, casos acontecidos e vividos por pessoas que encontrei ainda lúcidas e que me contaram a seu modo; alguns com pitadas de humor, outros relatos, mesclados pela melancolia, ou quem sabe...saudades de um tempo que a sobrevivencia custava muito caro nestas bandas. Meu intuito ao narrar estes fatos OUVIDOS, não é de pretenção em ser historiador, apenas são parte do que vivi no meu tempo de Eiru, e quero que vocês meus leitores do BLOG, tenham conhecimento dos relatos, quem sabe para um dia contar a seus filhos ou amigos um pouco desta historia passada nas selvas do Amazonas.
ECY MONTE CONRADO
ECY MONTE CONRADO
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
Mais palavras do dialeto CURINA
Nas lembranças que eu tenho do tempo que vivi no Eiru, uma parte significativa está guardada para os meus amigos da Tribo Curina, Azaildo, finado Rubio, Zapazu e outros. Vez por outra nas viagens que faço no retrocesso da memória, surgem situações passadas, doces lembranças e tambem surgem nomes, palavras, que tanto usei no convívio com eles. Como da vez anterior que postei nomes de peixes, quero aqui, mostrar nomes de animais diversos. Se você que me lê neste momento morar aqui, pratique. Brinque quando encontra-los nas ruas. são pessoas boas e vão ficar surpressos com o seu conhecimento. Besouro--RISABU// Borbuleta--MACUCU// PeixeBoi --SUPENÃ// Tartaruga --CIBURÉ PATARRARU// Tracajá --CIBURÉ BACUNIN UECENIM// Zé Prego --CIBURÉ BACUNIM MAKI// //// //// //// //// //// //// //Mata-Matá--KIPI//Jabuti --ZANICUA// Formiga --MAPU . Por hoje é só, espero que usem.
ECY MONTE CONRADO
Não deixe de aprender sobre o Meio Ambiente, assim você terá muitos argumentos para defender a Natureza.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
Estrada feita para retirar a madeira ilegal
Esta estrada larga, foi feita pela quadrilha que furta madeira entre o Rio Eiru e o Igarapé do Soldado. Pode-se imaginar a quantia tirada ilegalmente, e o acervo de fotos dos restos eu tenho. É uma total falta de respeito pelo alheio, e sobretudo pela Natureza. Na construção da estrada muitas árvores pequenas de Massaranduba foram sacrificadas, para encurtar o caminho. Bandas inteiras de árvores imensas largadas, mas nelas deram cortes de moto serra para impedir o aproveitamento do que não quiseram. Só vendo para acreditar.
Ecy Monte Conrado A falta de uma politica de esclarecimento e educação ambiental, causa muitos prejuízos a todos nós.
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
Uma visão melhor do grande caçador aéreo
Este desenho já foi postado aqui em um detalhe ampliado, agora deste novo ângulo vocês podem ter uma ideia melhor, da dinãmica de caça deste terrivel predador. Eu reconheço que falta tecnica na fotografia para postagem. Modestia á parte, os desenhos são bem bonitos ao natural.
Ecy Monte Conrado
Vamos preservar para poder por muito tempo ainda, admirar coisas assim.
SOS AMAZÔNIA
Amigos internautas, que estão nos E. U . A., na Alemanha, na Russia e na França, vocês me enchem de orgulho ao ver suas participações. Sou um homem simples dos seringais, do Amazonas, no rio Eiru um afluente do grande rio Jurua. Ajudem-me a divulgar este Blog, tenho a esperança de sensibilizar as pessoas para me ajudarem na preservação de nossas florestas. Amigos brasileiros, este apelo tambem é direcionado a cada um de vocês. ainda temos tempo de, criar uma campanha de conscientização do nosso povo. Não somos ruins, precisamos apenas de conhecimento da real situação de nossa floresta e seus habitantes. Para escrever, meu endereço é: Ecy Monte Conrado -- Rua: José Camilo nº 550- bairro São José. Eirunepé Am. CEP.69.880.000 BRASIL
A cada minuto que passa, uma espécie é colocada em risco de extinção. Não fique alheio a isto, a Natureza NOS PERTENCE.
Ecy Monte Conrado
A cada minuto que passa, uma espécie é colocada em risco de extinção. Não fique alheio a isto, a Natureza NOS PERTENCE.
Ecy Monte Conrado
Coelhos II
Estes Coelhos, como todos de sua espécie, constroi ninhos bem feitos de palha migada. as vezes nem usam tocas, fazem o ninho entre monturos de palhas caídas. O uso das tocas, [onde tambem constroem ninhos], é causada por locais com muitos predadores frequentando a área. São animais de pequeno porte, e sua pelagem é tendente ao cinza mais ou menos escuro. com a parte da barriga esbranquiçada. seus ninhos são tão perfeitos que se tornam impremeaveis.
Ecy Monte Conrado
Visite nossa região. Temos um povo hospitaleiro, cheio de calor humano e a maior Bio-diversidade do planeta.
Você sabia que aqui existem coelhos?
Na realidade, eu creio que um estudioso vai cataloga-lo como Lebre. Tem suas pernas traseiras mais compridas que os Coelhos, e vive em tocas, que escava ou aproveita alguma abandonada pelo antigo dono. É um animal raro e arisco. no alto rio Eiru e tambem no rio Itucumam é onde o encontramos, geralmente nos roçados comendo "olhos" de cana de açucar, ou de mandioca.É um animal muito arredio e nunca ví nenhum domesticado, diferente dos coelhos que se adaptam muito bem ao convívio com humanos.
Ecy Monte Conrado
Para mim a Amazõmia, ainda é um mundo desconhecido, que merece ser estudado com respeito!
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
Galinha d'água, sempre durante as cheias.
Esta ave que aqui chamamos de galinha d'água, tem uma grande familia de espécimes similares, mas com deferença em cores. Vivem nas moitas de capim que flutuam durante o período das cheias. São em grande quantidade e mesmo na periferia da cidade de Eirunepé, na orla do lago dos Portugueses, ainda podemos encontra-las. Tem dificuldade de voar em longas distancias, como é caracteristico de sua espécie, e isto a torna alvo fácil para meninos que armados com baladeiras [estilingue], conseguem mata-las. Neste desenho eu retrato, o momento em que começa uma corrida sobre a água para conseguir alçar vôo, já que é pesadona. Seus dedos, são longos e isto facilita sua caminhada sobre as folhas da vegetação que existe na água.
Ecy Monte Conrado
Aprenda a admirar a natureza que o cerca, descobrirá um tesouro a ser preservado !
domingo, 19 de fevereiro de 2012
CRENDICES DE CAÇADORES NO SERINGAL
Quando alguem matava uma caça grande, Anta, Veado, Queixada ou um Caitetu, ao chegar em casa e retirasse o couro do animal, jamais poderia arrasta-lo para jogar fora; o certo seria enrolar a pele e leva-la para a orla do mato e lá, colocar em um galho de árvore amarrando para que Urubus e outros animais possam derrubar e arrastar, pois isto seria uma afronta para o Pai da Mata, que cobraria do caçador a ofensa cometida e , ainda faria com que o homem não conseguisse matar mais nada. Quando as peles de animais silvestres eram vendidas, elas eram esticadas em varas finas para secar ao sol. Com a proibição surgiu a lenda que contei.
ECY MONTE CONRADO
PRESERVE OS ANIMAIS, A FLORESTA, USE-OS PARA ATRAIR TURISTAS.
ECY MONTE CONRADO
PRESERVE OS ANIMAIS, A FLORESTA, USE-OS PARA ATRAIR TURISTAS.
Retorno da Cidade. Família e compras.
Esta canoa repleta de gente, leva um amigo meu e sua família, que mora no alto Rio Eiru, que estavam voltando para casa depois de passar tres dias em Eirunepé fazendo compras, visitando médicos, e matando sudades de parentes que moram na Cidade. Vocês podem observar, que a canoa, é feita de um tronco de árvore, cavado, e impulsionada por um motor, tipo estacionário no qual se adptou uma longa "rabeta", para facilitar o tráfego em igarpés onde tem muitas árvores caídas dentro dágua. Nesta canoa vão as compras da família toda, incluindo um colção de espuma que pode se ver logo na frente. Geralmente tambem viajam animais, como cachorros que compram na cidade. Esta foto foi tirada de um trecho no baixo Eiru, e podem notar a cor escura da água por causa da represa que o Grande Rio Jurua, cria por seu volume maior de água em uma boa parte do Eiru. Notem ainda que não se vê sinais de correnteza nesta parte do Rio nesta época do ano.Até a casa deles, eles vão viajar ainda um dia e meio. Ao anoitecer, deverão parar na casa de um conhecido e dormir, recomeçando a viagem no outro dia bem cedo. A comida consumida nestas viagens geralmente é um pouco de carne ou peixe frito com Jacuba, {farinha de mandioca molhada com água e sal, ou Gramichó, açucar mascavo.}
Ecy Monte Conrado
Ao viajar pelos rios e igarapés, não jogue latas ou garrafas secas, nem sacolas de plástico.Se fizer isto está causando um dano a Natureza que lhe dá tantas coisas, e não cobra nada.PRESERVE! ! !
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
Mais Ciganas.
Eu lembro, quando ainda era menino, e meu Pai me levava com ele em uma quinzena até o primeiro seringal dos quatro que existiam no nosso Rio Eiru. Era sempre que eu vinha de férias, e quando passavamos no igarapé "sangradouro" do Lago Grande, que fica em frente a cidade, mas tem sua ligação com o rio Eiru, sempre encontravamos um grande bando destas belas aves. Neste tempo elas não eram perseguidas e seu bando chegava a mais de Cem animais.Seu canto soa como um grasnar, não é muito alto, mas com a quantidade de individuos, era fácil ouvi-las de longe. Animais dóceis, não fugiam a aproximação do homem, e isto lhes causou quase a exterminação, se é que não está acontecendo agora. Tornou-se uma ave rara de se ver, e muito arisca quando enxerga algum humano. Tem o tamanho de uma galinha pequena, e como eu disse em outra postagem, sua carne é muito apreciada pelos indios e caboclos. De suas penas se despreende um forte e desagradável cheiro, o que não serve no entanto, para desistimular a caça. Sua coloração é predominante marrom, com pequenos traços negros e brancos, o que a torna um belo animal.
Ecy Monte Conrado
Cada animal que sua raça se extingue, mutilamos a obra suprema de Deus o Criador.
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Mais uma prova das agressões á Natureza
Nesta outra foto das muitas que tenho, e que inclusive enviei as autoridades junto com a denuncia escrita, pode-se ver a maldade deste serrador, que deixou esta árvore mutilada, "apenas" para ver se seu motoserra estava realmente pronto para derrubar outras árvores. A serra atravessou a árvore, e ela morre aos poucos. É um total descaso com a floresta, com a propriedade alheia, com tudo.
Ecy Monte Conrado
Preservar, não é só uma questão de Cultura. É tambem de sentimentos, de amor ao Planeta que vivemos.
Denuncia de depredação da Floresta
Quero usar este espaço para denunciar um bando de pessoas que adentram nas terras alheias, ou do Governo, e praticam barbaridades derrubando árvores, muitas sequer com o diametro requerido pelos estudos desenvolvidos pelos orgãos da área. Estas terras da foto, pertencem a minha família desde tempos remotos e foram tituladas, em 1903. Tenho documentos ainda escritos a mão, que contam a historia desta aquisição. Estou em luta permanente contra os ladrões de madeira que invadem e tiram madeira para vender, sem se preocupar em limpar a árvore antes do abate, e muitas vezes, desta árvore, saem vários cipós que estão entrelaçados em outras, e quando caem, arrastam na sua queda, muitas outras criando lareiras. Ato criminoso. Eles tambem, cometem o crime de deixar restos de madeira estragando,[veja a foto] pois se a encomenda que, tem for por exemplo de tábuas de dois metros, eles serrarão aquela encomenda e o restante, deixam largadas na selva muitas vezes ainda dando varios cortes para não permitir o aproveitamento do que fica. Tenho em meu poder, cópias de várias denuncias que fiz a polícia e ao Ibama, nunca ninguem foi punido. Agora algumas destas pessoas ainda dizem que eu não tenho o direito de de me meter, porque as terras, o Governo Federal confiscou...Os anos que minha família lutou para ter seringais organizados e produtivos, os sacrifícios que foram os tempos do desbravamento...tudo agora jogado fora, sem que o proprietário tenha direito a nada? nem a brigar pela preservação do meio ambiente? E quem vai zelar a Floresta? Quem vai denunciar os abusos tão frequentes e repetitivos? É assim que nosso pais trata a Amazônia? Eu confesso que não tenho dinheiro para estar todos os dias andando e fiscalizando, e, não encontro apoio de ninguem. É lamentavel. Não é só nas nossas terras que ocorrem roubos, outros tambem são vítimas destes bando.
Ecy Monte Conrado
Cada vez que agridimos a Natureza, ferimos um pouco do futuro das novas gerações. É justo?
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
CURIOSIDADES SOBRE OS ÍNDIOS CURINAS
SOBRE OS ÍNDIOS CURINAS
Durante o tempo em que vivi no rio Eiru, tive oportunidade de conhecer uma tribo de Curinas de quem me tornei amigo, e cheguei a morar na aldeia por uns seis meses. Nesta época eles ainda mantinham vivos costumes tradicionais, hoje perdidos nas garrafas de cachaça. Aprendi muito com eles, sobre Flora, Fauna, e sobre sua Cultura. Guardo comigo dentro de meu computador cerebral, muitas lendas, cerimonias que assisti, rituais, que por não terem sido continuados, cairam no esquecimento e na quase total ignorancia de seus jovens. Terei tempo de falar muito sobre eles. Agora, como aperitivo deste conhecimento, vou colocar aqui nomes de peixes regionais na nossa língua e na deles tambem: PACU- Pamam/ PIAU-Zumui /MATRICHÃ-Mamoré /CURIMATÃ-Cuuza /TAMBAQUI-Amasiri / PIRARUCU-Ué,é /TUCUNARÉ-Urucu,nenem. Espero que aprendam, e os visitantes do Blog que sejam daqui, podem preticar falando com eles quando os encontrarem pelas ruas. Cada postagem referente a eles colocarei mais palavras.
ECY MONTE CONRADO
Se procurarmos aprender sobre a Natureza, começaremos a valorizar o que está a nossa volta.
Durante o tempo em que vivi no rio Eiru, tive oportunidade de conhecer uma tribo de Curinas de quem me tornei amigo, e cheguei a morar na aldeia por uns seis meses. Nesta época eles ainda mantinham vivos costumes tradicionais, hoje perdidos nas garrafas de cachaça. Aprendi muito com eles, sobre Flora, Fauna, e sobre sua Cultura. Guardo comigo dentro de meu computador cerebral, muitas lendas, cerimonias que assisti, rituais, que por não terem sido continuados, cairam no esquecimento e na quase total ignorancia de seus jovens. Terei tempo de falar muito sobre eles. Agora, como aperitivo deste conhecimento, vou colocar aqui nomes de peixes regionais na nossa língua e na deles tambem: PACU- Pamam/ PIAU-Zumui /MATRICHÃ-Mamoré /CURIMATÃ-Cuuza /TAMBAQUI-Amasiri / PIRARUCU-Ué,é /TUCUNARÉ-Urucu,nenem. Espero que aprendam, e os visitantes do Blog que sejam daqui, podem preticar falando com eles quando os encontrarem pelas ruas. Cada postagem referente a eles colocarei mais palavras.
ECY MONTE CONRADO
Se procurarmos aprender sobre a Natureza, começaremos a valorizar o que está a nossa volta.
segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012
O GRANDE GAVIÂO REAL
Nosso GAVIÃO REAL, ou Harpia, como é conhecido fora de nossa região, é um belo animal que reina absoluto nos céus da Amazõnia. Feroz, nunca se domestica, guarda sempre seus instintos selvagem de predador que fazem dele um dos melhores e mais bem sucedidos caçadores da selva. Não é territorialista, podemos encontra-lo nos mais diversos locais, geralmente rondando bandos de macacos, sua caça predileta. Durante o dia, fica sempre pousado em árvores não muito altas, quieto e só observando até encontrar o alvo, quando então faz vôos curtos dentre as árvores forçando os macacos a subirem para o topo das árvores e aí sim, é seu campo de ataque. Investe com violencia contra algum animal que esteja mais vulnerável e seu ataque, geralmente quebra ossos da vítima impossibilitando uma fuga. Então ele volta e com suas poderosas garras, arranca do galho, o animal ferido e sobe com ele descrevendo círculos. Se o animal etiver oferecendo muita resistencia, ele o larga bem do alto e o apanha no solo depois da queda, para então leva-lo; ou para seu ninho, ou para devora-lo sozinho. É um animal solitário e corajoso, não foje a aproximação do homem e por isso, é vítima de caçadores indios e caboclos.Os índios usam suas penas como adorno e tambem como guia das flechas. Os caboclos ainda usam suas penas para fazerem espanadores para limpeza das casas. Consomem sua carne, e dizem ser saborosa. Da ponta de uma asa, a ponta da outra, ele mede até dois metros e quarenta, Sua coloraçãoe é cinza, branco e preto, e tem no alto da cabeça um bonito penacho que se mostra quando o animal está agitado. Seu vôo entre as árvores não faz muito barulho, mas quando larga um animal abatido bem no alto que o acompanha descendo com as asas recolhidas, o barulho é parecido com o de um avião a jato. É capaz de matar e carregar em curtas distancias um animal como um Veado médio. Em tempos passados, os índios Curinas acreditavam ser o Gaviâo Real um Deus com poderes mágicos.
Ecy Monte Conrado
Torne-se um admirador, da fauna. Fotografe, divulgue, desperte o artista que tem em você.
domingo, 12 de fevereiro de 2012
"Ket" uma amiga inseparável.
Estas fotos contam um pouco de uma surpreendente historia de amizade desenvolvida entre humanos e animais selvagens. Nesta foto bem em baixo, vcs. tem em destaque uma Curica [tipo de papagaio da região] bom, ela apareceu no alto de uma mangueira que temos aqui em casa, presa por uma corda de Nylon, enganchada nos mais altos galhos. Estava fraca, se percebia por nem conseguir se manter no galho, e ficou pendurada de cabeça para baixo. Pedi a um rapaz que trabalha comigo que subisse na árvore e levando uma vara, na qual colocamos uma faca amarrada, solta-se o animalzinho. Ela caiu, sua perna estava ferida, pois a corda estava muito apertada e estava sangrando. Retiramos a corda, demos comida,e passamos uma pomada de Antibiótico no ferimanto, ela não esboçou reação nem emitia sons e a soltamos. Ninguém informou quem era o dono, e logo ela ficou em uma árvore próxima. Vimos meninos com baladeiras tentando mata-la, mandei busca-la, tratamos a asa que um menino acertou e colocamos comida e um lugar para ela repousar. Resumo da história: minha mulher se afeiçoou a ela, deu carinho e bons tratos, ela se recuperou , pode voar, vive conosco em plena liberdade, aprendeu a falar [imitar palavras humanas, inclusive o meu nome que repete sempre], quando minha mulher está varrendo uma varanda da casa, ela apanha com o bico uma folha de mangueira do chão e sai imitando uma varredura tambem.As fotos acima mostram, ela recebendo VISITAS de um bando que sempre passa por cima de nossa casa. É gozado quando as suas parentas chegam perto, emitem seu som caracteristico, e a nossa Ket, fala como humano...a outra olha sem entender e fica, se afastando, com certeza pensando: será que esta ficou doida??? Ket vive em liberdade não se afasta porque não quer, pois bem poderia acompanhar o bando. Nos acompanha pelo grande quintal que temos, come Goiabas, Biribás,Ingás e outras, frutas. Costuma dormir sempre em uma árvore de Cacau, de onde sempre derruba muitas folhas por pura diversão, tambem roi os cacaus verdes, mas nós procuramos entende-la e aceita-la com suas manias, pois afinal, quem AMA, perdoa.
Ecy Monte Conrado
Interagir com a natureza, seus habitantes, requer o cuidado de deixa-los sempre em liberdade.
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
ARARA VERMELHA em visão moderna
Para diversificar o estilo dos meus desenhos, resolvi me arriscar, trazendo uma arara em traços modernos e colorida. Arara, um dos símbolos da Amazônia, é o maior dos papagaios, que aqui na minha região tem uma grande diversificação. Araras propriamente ditas, temos a Vermelha,e a de cor amarela que é conhecida como Canidé,ainda uma de cor verde, não muito comum. Por seleção de tamanhos, logo depois vem um papagaio que chamamos Papagaio Urubu, que tem ao redor dos olhos uma auréola branca. Não me perguntem a origem do nome Urubu, pois este espécime, bem como todos os "Louros" tem sua plumagem verde. Temos ainda o papagaio Estrela, que tem na testa uma mancha amarela, tem o papagaio comum, que tem por especialidade aprender a pronunciar palavras humanas, Temos as Maracanas grandes que lembram Araras um pouco menor, temos as Curicas que são papagaios menores, e as Curiquinhas e Periquitos de seis tipos, incluindo entre eles o menor dos papagaios, um periquito que chamamos Papacu, que é menor que um passarinho pequeno. Visite nossa região, muitos animais que vemos catalogados como de outras regiões [como exemplo os macacos Acari, que aqui tem nas cores marrom e branco.] ,certos livros mostram eles incidindo em outros estados, e assim por diante.Nossa Fauna e Flora merece ser conhecida. Se um especialista visitar um lago nosso nesta época das cheias, verá mais de mil espécies de gafanhotos grilos aranhas nas mais variads formas e cores.
Ecy Monte Conrado
Sempre que for para a selva, leve uma camera fotográfica. Melhor que uma espingarda!!!!
CURIOSIDADES DOS SERINGUEIROS
Alguns costumes me surpreenderam, quer pelo fato de serem realmente estranhos, ou pela sua inegavel eficiencia ao qual se propõe. Certa feita estavamos pescando Jaús no alto rio Eiru, é uma pesca que só fazíamos á noite, pois estavamos pesquisando novas estradas de seringueira e de dia era impossivel fazê-lo. O Jaú é um peixe de couro que cresce muito, habita todos os rios e grandes igarapés da região, tem uma força descomunal, e tem uma particularidade: sua cabeça, ocupa um terço de seu tamanho total, e sua boca de tão grande, as pessoas acreditam que ele pode engolir pessoas. Quando visgado por um anzol, não costuma lutar muito, simplesmente ele fica imóvel no leito do rio, e quem não conhece a manha do peixe, pensa que ele escapou e que o anzol ficou preso em algum obstáculo no fundo. Ledo engano, o peixão está lá, mas seu peso e sua força tornam difícil removê-lo para a superfície. Aí então entra a Curiosidade:o caboclo [que geralmente fuma ou masca tabaco] retira da boca, a brejeira [porção do tabaco com saliva] e colocando na palma da mão, esfrega por várias vezes, na corda que sai dágua, parece mentira de pescador, mas logo o enorme peixe fica atordoado, sai adando, chega a superfície e então, é arpoado e recolhido para a canoa.
Valorize a riqueza na qual vive. Não polua a floresta nem os rios.
Ecy Monte Conrado
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012
"Colocação de centro"
Sempre que um seringueiro chegava em um novo seringal, o patrão destinava a ele um lugar determinado onde existiam estradas de Seringa e que todos conheciam como: Colocação. Se esta fosse situada longe da margem do rio ou igarapé principal, com duas ou mais horas de viagem, então era conhecida por, colocação de centro, pois estava dentro do centro da floresta. Como a nossa selva é cruzada por vários igarapés de todos os tamanhos, sempre para se instalarb, o novo seringueiro tinha que fazer uma nova casa, coisa que acontece com a maior naturalidade e rapidez. A casa, dependendo do tamanho da família , é construida com espaços reduzidos e muito rápido. A madeira usada para o assoalho, e paredes, é a Paxiuba, uma palmeira que o seringueiro rola o tamanho necessário, e este tronco ele bate com o machado, fazendo sucos ao longo do pedaço cortado. Depois este é aberto, e seu centro, tipo uma bucha é retirado e raspado deixando a crosta da madeira com uns tres ou quatro centimetros de espessura. Dependendo do diametro da palmeira, este rolo depois de aberto se transforma em uma tábua de vinte ou mais cm. de largura. Os esteios da casa são feitos de várias espécies resistentes a cupins e para a madeira do teto geralmente é usada a Envireira Preta, que depois que seca fica leve e resistente. Como cobertura, pode usar palhas diretas de uma palmeira chamada Palheira mesmo, que o construtor corta da árvore, depois que está no chão ele corta os filetes da palha sem no entanto decepa-los e erguendo cada palha, bate com a mão, fazendo com que uma camada fique sobre a outra. então é só colocar e amarrar com envira.[Entre casca de algumas árvores]. Este tipo de cobertura porém não é muito duradoura e quando tiver tempo o seringueiro deve trocar a coberta por palhas de Caranaí. Umas palheiras anãs, das quais se retiram as folhas com um talo longo que é trançado em ripas de pachiuba e formado "panos"de até tres metros de comprimento.Este tipo de cobertura, se colocado com um espaçamento de até quinze centimetros, pode durar até vinte anos sem problemas. O local onde fica a casa é desmatado, mas somente os homens trabalhadores criam áreas maiores de limpeza e aproveitam como roçados de mandioca no início. Geralmente os "centros" são fartos de caça,e os igarapes sempre tem peixes de tamanho médio ou pequenos muito gostosos. As espécies maiores comuns nos igarapés são: Surubins, Jaús, Capararis, os médios, Matrinchãs, Mamurís, alguns tipos de Piau, Pacus Beleza e o Pacú Mafurá, e ainda a Curimatã as vezes, aparecem tambem as Uruanãs apelidadas de Macaco dágua por seu estilo de pular fora da água. Os peixes pequenos são de inúmeras espécies e os mais gostosos são: Sardinhas, Matapiris, Mandis e Piabas. As estradas de seringa existem perto do local da casa, e nem sempre existe uma quantidade de seringueira próximas umas das outras, então a jornada se torna longa pois sempre tem a forma de um círculo, que o seringueiro passa cortando [Sangrando], e depois volta recolhendo o Latex que se depositou nas tigelinhas.Com o passar dos anos, o seringueiro começa a colocar pedaços de madeira roliça encostados nas seringueiras, chamados Pés de Bode, para poder sangrar a árvore mais no alto,em busca de uma produtividade maior, pois a parte baixa que ele chama de Jacaré, está exaurida, e produz pouco. Quando o seringueiro saí do seu centro, para fazer compras ou entregar as "pelas" de borracha, varios animais se aproximam para comer restos de alimento ou roer a parte da terra onde tenha caído sal.
Ecy Monte Conrado
A nossa Floresta, esconde inúmeros tesouros em forma de plantas medicinais que depois de estudadas, poderão levar a cura a várias doenças, nossa Bio Diversidade, merece nosso respeito e apreciação, vamos PRESERVAR .! A humanidade AGRADECE.
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Mucura d'água
Este animal, é um marsupial, pois tem a bolsa na qual transporta seus filhotes. É chamado pelos caboclos de Mucura d'água, porque tem uma bolsa de transporte dos filhos no ventre, como o Gambá que é comum aqui, que ataca os galinheiros e chamamos: Mucura.. Hoje em dia é um animal raro.Se esconde ao menor sinal do ser humano. Foi uma sorte para mim que estava pescando de linha em um igarapé chamado São José no alto rio Eiru, quando descobri o animal em plena atividade alimentar. O nome é sugerido porque ele se adaptou a água e mergulha bem, onde caça peixes como o Piau que estão vendo. Não posso descrever o processo como fecha sua bolsa para não permitir que entre água. Não cheguei tão perto dele e nem seria justo matar um animal tão bonito, para ter esta informação. Sua pele, que o embeleza, teve tambem a missão cruel de dizimar a espécie, pois era muito caçado e sua pele vendida para a confecção de casacos na Europa e America do Norte quando da desbravação dos primeiros seringais.
Ecy Monte Conrado
Preserve os rios. é onde pegamos o peixe que alimenta nossos filhos,e mata nossa sede
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
MAPINGUARI UM MONSTRO MITOLÓGICO
No vasto mundo da imaginação cabocla, povoam muitos monstros que até lembram os lendários seres da Mitologia Grega. Este do desenho, lembra os Ciclopes, seres que tinham apenas um olho localizado no meio da testa. Aqui, este ser tem várias versões para seu surgimento, e o que tem maior divulgação nos seringais, é a do menino que nasceu de uma família humilde porém de bons sentimentos, e ainda criança passou a ter comportamentos estranhos e aterrorizantes, pegava as galinhas de sua mãe, e as degolava arrancando a cabeça com as mãos, que depois lambia enquanto ria. Arrancava olhos de passarinhos e os soltava par ver as formigas o atacarem, e outras barbaridades fazia. Seus pais de início o surravam mas, a proporção que crescia, criava pelos e um tamanho exagerado para a sua idade, além de uma força sobre humana. Começou a adentrar a selva. e passava dias sem que se tivesse dele notícias. Quase não vinha mais em casa. Seu corpo ficou todo peludo, sua face sofreu tremenda mutação e perdeu um olho, para que apenas um, bem grande se instalasse em sua testa.Sua face agora era apenas o olho e dois orifícios por onde respirava , sem no entanto ter a forma de nariz. Sua boca se deslocou para seu torax, e seus pés criaram cascos redondos. Ficou alto,alguns que o viram dizem que tem mais de tres metros de altura. Para agravar a situação passou a se alimentar de carne humana, e um tio seu que não acreditou no que contavam, foi uma das vítimas. Sua família, teve que fugir para Manaus, e ele se tornou o terror das florestas. Todos fogem dele, até a onça pintada, e os que tem a desventura de encontra-lo geralmente são mortos e esquartejados; ele arranca seus membros e sai comendo um de cada vez. Dizem que despreende um terrivel e nauseabundo cheiro, e lança urros que param o coração dos mais valorosos guerreiros. Amigo internauta, se um dia andando nas terras firmes altas dos rios da região, ouvir urros sinistros e apavorantes, fuja! Pode ser ele o terrivel MAPINGUARI !!!!!!
Ecy Monte Conrado
A Natureza foi um presente de DEUS. Vamos HONRA-LO preservando o que nos deu!
domingo, 5 de fevereiro de 2012
Cheia nos rios da Amazônia.
Neste desenho, eu retrato uma comunidade do baixo Jurua, bem distante de nós. Era junho dia treze, dia de fogueira, e não tinha terra firme, sem água para fazê-la, então me surpreendeu a maneira improvisada como conseguiram: cortaram algumas bananeiras, fizeram uma espécie de balsa, e em cima da mesma com galhos secos e finos, fizeram a fogueira. Ao redor pessoas em canoas, soltavam rojões e uma parte ficava nos trapiches entre as casas, participando de lá, da festa do acendimento da fogueira de Stº Antonio o bom casamenteiro. As bananeiras é porque são enxarcadas de água e não queimam, e a algação para nós estranha,[aqui nesta época está secando, e já não tem algação.] é que, quando o nosso trecho de rio está começando a descer as águas, lá ainda está no auge da cheia. Achei tão curiosa a cena que fiz este desenho.Cedi depois o direito de publicar a um amigo escritor que fez um romance versando sobre Amazônia,em Manaus.
Ecy Monte Conrado
Amigo que usa nossos rios, não jogue lixo dentro dele, é para seu proprio bem PRESERVAR.
Cutia, um roedor esperto.
Em algumas casas dos seringais, encontramos Cutias sendo criadas como bicho de estimação. É um animal docil, e se afeiçoa as pessoas que cuidam dele. Como roedor que é, tem o hábito de roer sempre tudo que pode e sua comida natural[cocos], ou objetos de uma casa, se estiver sendo criada por humanos. Poucas pessoas consomem sua carne. É um predador das plantações dos seringueiros, ataca seus roçados de macacheira, e causa muito estrago. Os seringueirso a combatem colocando armadilhas em suas trilhas, com espingardas, pois mesmo que tenham cachorros que poderiam mata-las, eles evitam de coloca-los na perseguição,e quando isto acontece, ela vai destilando um líquido nas folhas pela trilha onde vai passando que se cair nos olhos de seu perseguidor poderá leva-lo a cegueira. Fiz o desenho com ela tranquilamente roendo cocos de uma palmeira, seu prato predileto.
Ecy Monte Conrado
Preserve a Natureza, o futuro de nossa terra lhe agradece
sábado, 4 de fevereiro de 2012
"Quinzenas"as viagens de trabalho.
Logo que eu cheguei a Eirunepé, meu pai disse que eu ficaria viajando com um irmão meu, que estava tambem vindo por causa da persegução política aos estudantes, e já tinha chegado bem antes. A ele caberia a missão de me ensinar como gerenciar um seringal. Cheguei em Eirunepé as dez de uma noite bonita de verão,e as onze da manhã seguinte eu já embarcava para conhecer o seringal, ver o trabalho de meu imão e ajudar em tudo. O nosso barco era bem pequeno, não oferecia nenhum conforto, transportava mercadorias que não tinham nos depósitos do alto rio Eiru, e apenas cabia duas toneladas de carga. Era muito apertado, tinha-mos que viajar sentados ou andando dentro do barco com dificuldade. Nossa querida Mãe, nos deu uma vasilha com comida feita por ela {cozinhava divinamente bem!}, carne assada com farofa arroz e macarrão. Esta comida alimentou a meu irmão um velho empregado da família que estava conosco há muitos anos, e a mim que nesta idade comia muito e ainda estava matando a saudade da comidinha de casa por um dia.Vindo da Capital, cheio de ideias socialistas, ainda sob a influencia dos livros revolucionários e revoltado com o golpe militar, eu até esqueci tudo qundo nosso barquinho que tinha descido um pouco o rio juruá para entrar no rio Eiru, começou a sangrar suas águas. O rio é estreito, cheio de árvores caídas, e naquele anos centenas de jacarés de todos os tamanhos nos olhavam passar, enquanto se esquentavam ao sol nos barrancos. Araras, Papagaios Garças variadas, e outros animais cortavam os ceus, e ajudavam a amenizar a mesmice da paisagem, e o barulho constante e "chato" do nosso motor de rabeta. Vou dividir este relato em tres etapas, pois preciso me alongar para que entendam. Para deixar você mais divertido, deixe-me contar que este volume que vê em cima do toldo do barco, era um pequeno fogão feito em uma lata vazia com barro, usava lenha, e muitas vezes depois de esperarmos horas por uma comida, o barco trombava com um tronco submerso e,lá ia nossa comida, fogão tudo para dentro dágua. Era um trabalho de aventura que desenvolví por muito tempo. O desenho mostra, o que era uma rotina: desencalhar o barco dentre os obstáculos.
Ecy Monte Conrado
sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012
Ninhal, lugar de postura de ovos.
Não poderia deixar de mostrar um "Ninhal",como chamamos aqui o local escolhido por aves pernaltas para a nidificação e postura de ovos. Geralmente fica em um lugar distante das margens de rios e lagos. e dentro de uma mata cerrada de preferencia com muitos cipós cheios de terriveis espinhos. A postura acontece na época das cheias, e pescadores, ou caçadores que estejam na área, ouvem de longe seu barulho caracteristico, o que serve de guia para chegarem ao local. Em certas espécies, como neste desenho, são os Maguaris e grandes Socós que estão na colonia. Sua preferencia é pelas árvores altas e com a copa rala, talvez por causa do tamanho de seus ninhos, mas tem espécies que constroem os ninhos bem baixos e isto facilita aos caçadores humanos um verdadeiro assalto aos ninhos e roubam centenas de ovos que trazem para consumir. Na natureza existem também os ladrões naturais, mas é insignificante o estrago que causam pois são detidos pelos próprios paisque os atacam ferozmente. Quando os filhotes estão começando a querer voar e andando desajeitadamente nos galhos, na água abaixo dos ninhos ficam dezenas de Jacarés [Com predominancia para os Tinga] que ficam a espreita dos filhotes que caem para devora-los. Depois de nascidos ainda ficam no ninhos por um mes, quando então conseguem voar, cada dia melhor.
Ecy Monte Conrado
quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012
Arautos das enchentes
Estas aves aqui chamamos Corocão, creio eu serem elas parentes próximas das Ibis européias, por causa de sua semelhnça física. Devo resaltar que minhas declarações aqui nas postagens, carecem de dados científico que analizem, os animais e possa cataloga-los por família, espécie etc.,, me permito o direito de expor as espécies na maneira mais simples possivel, aquela pela qual os conhecemos aqui, citando-as mais pelo lado do conhecimento caboclo. Posso falar de seus costumes e caracteristicas, pelo tempo que tive de observação e convívio. Ao raiar dos dias, muitas vezes uma forte neblina cai e torna difícil a visão do próprio rio, e então se ouve um canto forte que lembra um som assim;Coró-Coró Coró... é um casal de Corocões que bem cedo estão nas árvores da margem e com seus võos curtos e pesadão, vão de galho em galho, anunciando uma enchente, acredita nosso caboclo. É tão desajeitado para voar que nem recolhe suas pernas, que vão penduradas. Logo que o sol se impõe, ele se retira para dentro da floresta nos igapós e lá passa o dia pescando, o que faz com desenvoltura. É um animal tímido e ao menor barulho, se recolhe dentro de moitas fechadas onde é dificil vê-lo. No periodo das secas, adentra a selva e se instala em lagos e charcos centrais, onde passa o tempo, e aproveita a fartura de peixes que ficam nas poças que vão secando para procriar. Geralmente nascem dois filhotes.
Ecy Monte Conrado
Assinar:
Postagens (Atom)