Certa feita, estávamos baixando o rio Eiru, depois de uma longa e cansativa viagem de "Quinzena", e um dos rapazes que viajava comigo vinha se sentindo mal. Quando nossa Quinzena terminava, o estoque de mercadoria que tínhamos levado acabava. O barco pequeno, por conta do Rio cheio de obstáculos, a quantidade de gente para atender, resumia nossa possibilidade. De nossos medicamentos, apenas comprimidos de analgésicos restavam alguns, e o rapaz estava com dores estomacais por ter consumido na casa de um seringueiro na noite passada, quase um [1] litro de açai azedo. Não havia necessidade pois ele tinha jantado bem e isto creio eu, foi feito por exibicionismo para umas moças que estavam nesta casa. O certo é que ele estava passando mal e ao chegar no porto da Aldeia dos Curinas, contei ao meu grande amigo RUBIO cacique deles, o que estava acontecendo e ele me vendo preocupado disse: índio sabe curar. Como eu ja havia presenciado, algumas curas "milagrosas" em incursões na selva. Pedi que fizesse o remédio.Ele disse que eu estava com sorte, pois naquele momento duas pessoas iriam usar o mesmo. Nos chamou para desembarcar, e ao chegar no imenso terreiro, ví uma roda de pessoas em torno de uma velha índia que segurava uma dentadura de Piranha, e dois rapazes que estavam sentados em rolos de pau, com os braços caídos ao longo do corpo e um índio adulto, segurava nas mãos uma espécie de Rã Verde e esguia, das pernas traseiras muito longas e finas e ele apontando para o animal disse, este é o Kampu. Fiquei atento ao que aconteceria; a velha índia pegou nos braços dos rapazes e arranhou a ambos com a dentadura da Piranha. Ao sangrar o indio que segurava o Sapo, raspou sua pele com uma espécie de faca feita de madeira, e obteve uma substancia gosmenta incolor, que passou nos arranhados. Rubio, mandou nosso amigo retirar a camisa e com ele fizeram a mesma coisa apesar da rejeição ao dente de Piranha. Isto feito eles ficarm sentados na beira do Rio e acho que com vinte minutos começaram os três a sentir náuseas e ter contrações abdominais e em seguida, veio uma forte crise de vomito. Os índios, talvez por terem sido medicados assim antes , no espaço de meia hora já estavam apenas suando muito, mas nosso funcionário...coitado estava debilitado e o vomito não parava. Já preocupado pedi a intervenção de Rubio e, levando o rapaz para dentro da água, eles esfregaram nele umas folhas esfaceladas nas mãos, e em uns cinco minutos a crise passou. Perguntei a Rubio se eu podia seguir viagem, se não havia perigo de uma recaída, e ao ouvir que estava tudo bem, partimos. Eram três horas da tarde, o rapaz ficou deitado e nossa viagem prosseguiu. Uma hora depois o moço levantou e ficou como se nada houvesse acontecido. Depois nos contou, que nunca na vida tinha se sentido tão bem quanto estava agora. Até mesmo umas antigas dores que não o deixavam, agora tinham desaparecido. Quando depois de sete dias subimos, para mais um atendimento, fiquei por horas conversando com Rubio que me disse que aquela "cola" que saía da costa da rã, limpava tudo que houvesse de errado que tivesse dentro dele. Vi e ACREDITEI !!!
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