Nascido em Manaus em 14/07/46, criei-me em Eirunepé e voltei para Manaus para cursar o Ginasial onde permaneci até o ano de 64, quando os militares deram o golpe chamado "revolução" e tive que sair as pressas de Manaus para escapar da perseguição, vindo trabalhar nos seringais de minha família. Ao chegar, tive o impacto de culturas passando a conviver com seringueiros que só falavam de caça, pesca, ou seus mitos folclóricos regionais. No inicio tudo foi atraente, mas logo a limitação, a mesmice dos assuntos me isolaram, e busquei refúgio nas horas de folga adentrando a floresta e passando a ser um observador atento aos seus habitantes de flora e fauna. Por falta de material para desenho, levava comigo pedaços de papel de embrulho e um lápis e então, comecei a desenvolver desenhos com os temas visualizados no dia a dia. O tempo passou, e cada vez mais procurei retratar com detalhes a selva, os animais as plantas, o mundo perdido no qual eu vivia. Sou um auto-didata, nunca estudei um só dia desenho. Deus me presenteou com esta possibilidade de retratar a região que tanto amo e que vejo ser depredada pelo avanço do mundo moderno. Na minha estada nos seringais, convivi com a tribo dos Curinas e deles colhi um aprendizado sobre a natureza. Naquela época ainda muitos costumes não tinham se perdido e os índios cultuavam seus Deuses e tradição. Hoje só vivem nas cidadezinhas bebendo cachaça e brigando. Sou assim, antes de artista, um apaixonado pelo meu mundo, e convido você que me lê, a entrar em contato para eu falar mais sobre minha região.
Ecy Monte Conrado
Caro Ecy,
ResponderExcluirUm forte abraço.
Lamento que somente hoje, 20/01/2016, encontrei esta preciosidade de trabalho. Também sou amazônida e de Eirunepé. Tanto que ao ler o seu trabalho sinto-me presente, vivendo aqueles dias maravilhosos de minha vida. Inclusive nas peladas nos dias chuvosos, em frente a sua casa ou na campina atrás dos Correios, onde havia uma grande torre tubular estendida ao chão dividindo a campina em dois campinhos. Nasci no seringal São Pedro no Rio Itucumã, afluente do Taraucá, nas proximidades da Vila Martins. Ainda garoto, em 1957, fui para Eirunepé com minha mãe e meus irmãos para estudarmos. Fizemos os primeiros anos no Colégio São Francisco que ficava por trás da casa dos padres e depois foi instalado num grande prédio lá no Alto do Bode, com freiras e tudo mais... No nosso tempo estauvam também e fomos muito amigos de Dino (Bernardino), Leland, Luis Medeiros (Boião), Graça Conceição, Helena Barroso, Zé Silva, Cachangá e muitos outros. Daí, em 1960 fui para Santa Catarina "ser" padre. Lá passei 12 anos. Para fazer meu noviciado vim para o Maranhão, numa comunidade religiosa do interior Chamada Pindaré Mirim. Nessa época deixei a batina e fui fazer engenharia elétrica. Hoje sou engenheiro aposentado e moro em São Luís do Maranhão. Continuo trabalhando em pequenos projetos para ocupar-me, afastando pra longe o tédio e a aproximação da morte.
Espero reatar nossa amizade de infância e continuarmos falando das maravilhas de nossa terra e de nossa gente. Sucesso e um Forte Abraço
José C. Costa Muniz
(98) 9 9128 9286
São Luís - Maranhão
Prezado Ecy,
ResponderExcluirEstou escrevendo uma síntese etno-histórica da minha cidade(Anamã).
Gostaria de ter autorização para usar suas imagens, irei colocar seu nome como fonte de referência.
Aguardo resposta.
Atenciosamente.
Ivany Régis.